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Q&A aborda o tema Upcycling Food, movimento que reaproveita 'subprodutos'

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FiSA promove uma discussão necessária e emergente no setor, sobre o impacto do upcycling na indústria de alimentos. Confira a abordagem de especialistas sobre o tema.

Upcycling Food: você já ouviu falar neste termo? Este é um movimento (e tudo que ele envolve) bastante emergente no atual cenário, principalmente no ambiente da sustentabilidade na indústria alimentícia.

O principal objetivo do Upycling Food é ressignificar o alimento, promovendo sua utilização como um todo, com foco total na sustentabilidade e conscientização da sociedade.

Com base na importância deste movimento que vem ocorrendo em todo o mundo, a Food Ingredients South America promoveu um Q&A com especialistas na área para iniciar esta necessária discussão, que também estará no congresso Summit Future of Nutrition FiSA 22, durante o evento híbrido, de 9 a 11 de agosto.

Participaram deste Q&A:

- Omar de Faria: Sócio-Proprietário da Clínica Omar de Faria;

- Rafael Baches: Fundador e CEO da Legurmê, empresa que se dedica à produção de molhos e condimentos orgânicos e saudáveis.

- Roberto Matsuda: Fundador da Fruta Imperfeita, um movimento para combater o desperdício de alimentos por meio da conscientização dos consumidores e da valorização do pequeno produtor.

Confira a seguir as principais questões feitas pela audiência da FiSA e as respostas e abordagens dos especialistas.

Qual o papel do Upcycled Food na nova era mundial?

Não há dúvidas de que a reutilização dos alimentos é uma necessidade para um futuro mais sustentável. E é com este propósito que o movimento Upcycling Food ganha força e cada vez mais adeptos em todo o mundo.

Mas uma das principais dúvidas da audiência da FiSA sobre o tema é como deve ser o comportamento da indústria de alimentos e bebidas. Ou seja, qual é o grande objetivo a ser alcançado pelo setor com o Upcycling Food?

Para Rafael Baches, este tema deve ser olhado de uma forma mais estratégica dentro de um negócio e não como um modismo ou para apenas responder às exigências do consumidor.

“Precisamos analisar o tema com um viés mais profundo dentro do negócio, entender como irá nos ajudar a reduzir custos, melhorar o aproveitamento e trazer soluções inovadoras e diferentes ao nosso consumidor”, cita.

Baches explica que a Legurmê trabalha com muitos produtores orgânicos, que antes tinham uma grande quantidade de seus legumes e frutas imperfeitos jogados no lixo por não terem apelo de mercado.

“Nós entendemos essa dor e criamos um plano de negócio que permite aproveitar estes legumes gerando um novo produto. Isso representa uma renda extra ao produtor que evita desperdício em excesso. Para nós, como indústria, o ganho também é interessante em todos os aspectos”, completou.

Na visão de Roberto Matsuda, o surgimento da Fruta Imperfeita tem relação direta com uma busca de conscientização do papel da indústria dentro deste movimento. “O cenário atual nos fez enxergar que, por muito tempo, apenas a demanda da indústria e do varejo é que dita as regras. A matéria-prima perdeu em importância, ficando refém dos outros processos. Cabe aos grandes players agir para mudar isso.”

Matsuda pretende mostrar que mesmo com as muitas tecnologias e inovações, a conscientização da indústria, do varejo e da sociedade é o ponto central dentro do movimento.

Essa abordagem também foi compartilhada pelo especialista em nutrição Omar de Faria. “Aquela fruta ou legume com uma pequena avaria (na concepção do varejo) apresenta todas as condições nutricionais para consumo que qualquer outra e não deve ser descartada só porque não está esteticamente bonita”, defende.

O aproveitamento de subprodutos é essencial na busca por proteína

Em uma segunda abordagem, foi perguntado aos especialistas a relação entre as proteínas alternativas e o movimento do Upcycling Food, principalmente no uso de cascas secas e desidratadas.

No seu comentário, Omar de Faria explicou que o uso de proteínas alternativas será emergente num futuro próximo. “Precisaremos de fontes de proteína que não dependam apenas do animal e caberá ao vegetal atender essa demanda. Como exemplo, usaremos muito mais cacau, semente de abóbora, ervilha, batata e feijão como fonte de proteína”.

Além disso, o uso de sementes, cascas e demais materiais que “seriam jogados fora” tem relação direta com a sustentabilidade e nutrição da crescente população mundial, sendo esse um dos carros chefes do movimento upcycling.

Na Legurmê, por exemplo, Rafael Baches explicou que o tema sustentabilidade sempre foi inerente ao perfil da empresa. “Buscamos oferecer um alimento saboroso, saudável e sustentável. Para isso, usamos o alimento de forma integral para reduzir o desperdício ao máximo. Isso é sustentabilidade para nós”.

E essa redução do desperdício já surte efeitos significativos. A Fruta Imperfeita, fundada por Roberto Matsuda, já trabalha com 80 toneladas de frutas e legumes “fora do padrão” por mês. “Em 6 anos de história, nosso negócio já reaproveitou cerca de 4 mil toneladas de alimentos ditos imperfeitos”.

Matsuda explica que a Fruta Imperfeita começou vendendo produtos do campo com cerca de 30% de desconto em comparação com o varejo. Mas, ao refletir, ele entendeu que isso não era necessário nem justo. “O produtor precisa receber bem para produzir o que produz. O que fazemos é conscientizar o consumidor, mostrando que a qualidade é exatamente a mesma”.

Conscientização é o maior desafio

Como vimos, o Upcycling Food é mais do que um avanço da tecnologia ou de modelos de negócios sustentáveis. O movimento busca a conscientização da sociedade como um todo.

Porém, vender essa ideia ainda é um grande desafio, como explicou Rafael Baches. “Ainda temos uma barreira muito grande para vender a ideia de comercializar um produto feito com outros produtos fora do padrão. Uma comunicação mais assertiva ainda é um grande desafio”.

Quebrar as regras do mercado é outra barreira ressaltada por Baches e que precisa ser superada pelo movimento. “É preciso quebrar o estigma de que o molho de tomate tem que ser sem pele ou semente, simplesmente porque o consumidor busca isso. O movimento chega para mudar isso, ressignificando o alimento”.

Para saber mais, acesse o vídeo do Q&A completo e o White Paper sobre Upcycling Food disponíveis no FiSA BrainBOX, um espaço exclusivo para profissionais que atuam em P&DMarketing e Regulatório. Acesse aqui e conheça todas as vantagens de fazer parte desta comunidade.

Este e outros temas relevantes para a indústria alimentícia estarão no congresso Summit Future of Nutrition FiSA 22. Inscreva-se na Jornada Fi South America.

 

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