Com o aumento da produção e das exportações, o mercado de carne suína precisa equilibrar eficiência, biossegurança, bem-estar animal e sustentabilidade. 

A seguir, confira o panorama sobre os desafios da indústria de carne suína, destacando gargalos, oportunidades e boas práticas para fortalecer a competitividade do setor no Brasil e no exterior.

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Como está o mercado de carne suína no Brasil?

A produção de carne suína brasileira atravessa um ciclo de expansão, sustentado por recordes de abate, ganho de produtividade e crescimento das exportações.

Segundo a Conab, a produção das três principais proteínas (bovina, suína e de frango) deve alcançar 32,3 milhões de toneladas em 2026, o que representa um novo marco histórico para o agronegócio nacional.

No caso da carne suína, a projeção indica produção de cerca de 5,8 milhões de toneladas, com disponibilidade interna de 4,3 milhões de toneladas e exportações acima de 1,5 milhão de toneladas em 2026. 

O bom desempenho é impulsionado pela competitividade do produto brasileiro e pela abertura de novos mercados asiáticos, como Filipinas, Japão, Coreia do Sul e Cingapura, em meio à redução da demanda chinesa.

Produção por estado

Os estados do sul seguem como principais polos da suinocultura nacional.

  • O Paraná registrou recorde histórico no 1.º trimestre de 2025, com o abate de 3,13 milhões de animais, representando 21,9% da produção nacional.
  • No primeiro semestre de 2025, os embarques de carne suína in natura alcançaram 374,3 mil toneladas (+11%) em Santa Catarina; 158,9 mil mil toneladas (+21,3%) no Rio Grande do Sul e 111,3 mil mil toneladas (+38,8%) no Paraná.

Principais desafios da indústria de carne suína atualmente

Biossegurança

A biossegurança em granjas de suínos figura entre os principais pilares da cadeia produtiva. Protocolos rigorosos de controle sanitário são indispensáveis para evitar surtos e proteger a rastreabilidade e controle de qualidade dos produtos destinados ao mercado interno e à exportação.

No Brasil, temos a Lei da Biossegurança Alimentar n.º 11.105 de 2005. Nela estão contidas normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades relacionadas à produção de alimentos. 

Conforme a lei, cada etapa do processo produtivo deve ser realizada de modo a preservar a saúde humana e proteger o meio ambiente, desde o cultivo até a mesa do consumidor.

A imagem apresenta uma vista interna de um frigorífico ou matadouro, mostrando uma grande quantidade de carcaças de animais penduradas em ganchos e dispostas em trilhos aéreos, o que é típico da linha de processamento de carne.

Boas práticas de biossegurança alimentar

Adoção de sistemas de monitoramento de doenças, controle de acesso, higienização e desinfecção adequadas, além de rastreabilidade, compõem o conjunto de medidas essenciais à cadeia de valor da carne suína. 

Por meio da Resolução n.º 215, de 15 de setembro de 2004, a ANVISA estabelece o regulamento técnico das boas práticas para os serviços de alimentação. São diretrizes que garantem as condições básicas, sanitárias e de higiene.

Essas ações reforçam a reputação da carne suína brasileira e garantem segurança alimentar nas exportações.

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Instalações e condições dos equipamentos

Instalações modernas, com ventilação eficiente, pisos adequados, fluxo segregado de animais e pessoal, e uso de equipamentos automatizados elevam a eficiência produtiva e reduzem as contaminações

O investimento nessa infraestrutura ajuda a superar parte dos desafios da indústria de carne suína, favorecendo a gestão de frigoríficos e a estabilidade operacional.

Higiene ambiental

O manejo adequado de dejetos, o tratamento de efluentes e o controle de vetores integram práticas de gestão ambiental na suinocultura. 

A aplicação dos princípios da economia circular no agronegócio reduz impactos ambientais e custos operacionais, fortalecendo a sustentabilidade na produção de carne suína.

A imagem é um close-up (plano detalhe) de uma operação de corte industrial de carne, focando na precisão e nas medidas de higiene.
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Escassez de mão de obra especializada

A falta de profissionais qualificados para operar sistemas automatizados, interpretar dados e gerir processos de inovação ainda limita o avanço tecnológico da cadeia. 

Essa lacuna impacta diretamente a eficiência produtiva, reduzindo a competitividade do agronegócio brasileiro.

Baixa adoção de tecnologia e inovação na indústria de alimentos

Em muitas plantas frigoríficas, a automação na cadeia produtiva de suínos e o uso de tecnologias de rastreabilidade e controle de qualidade ainda são incipientes.

A ausência de inovação na indústria frigorífica compromete a produção sustentável de proteína animal e restringe o acesso a mercados internacionais.

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One Health e a importância do bem-estar animal

O bem-estar animal na suinocultura se tornou requisito estratégico para eficiência produtiva e aceitação de mercado. Práticas adequadas reduzem mortalidade, aumentam produtividade e fortalecem a imagem da carne suína brasileira.

O conceito de One Health, que integra saúde humana, animal e ambiental, reforça a necessidade de equilíbrio entre produção e sustentabilidade. A compreensão dessa interdependência é essencial para garantir segurança alimentar e minimizar riscos sanitários. 

A aplicação desses princípios na produção de carne suína promove eficiência, reduz perdas e contribui para superar diversos enfrentamentos do mercado da carne suína.

Competição no mercado interno

A carne suína disputa espaço com outras proteínas, como frango e bovinos, e enfrenta variações de custo e preferência do consumidor. 

Apesar disso, o aumento da produção e das exportações indica um setor fortalecido, desde que sejam mantidos o controle de custos de produção na suinocultura, a sustentabilidade na produção de carne suína e a eficiência produtiva.

A manutenção de padrões de qualidade, rastreabilidade e inovação assegura competitividade e contribui para o fortalecimento da carne suína brasileira no mercado interno.

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A superação dos desafios da indústria de carne suína depende de avanços contínuos em biossegurança, automação, bem-estar animal e sustentabilidade. O fortalecimento da cadeia produtiva, aliado à rastreabilidade e à inovação tecnológica, consolida a suinocultura brasileira como referência global em qualidade e segurança.

Com atenção à produção sustentável de proteína animal, à economia circular e à eficiência produtiva, o setor tende a transformar desafios em oportunidades, ampliando a competitividade do agronegócio brasileiro e a confiança do consumidor.