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Produção de carne no Brasil: panorama, tendências e como crescer no setor

Produção de carne no Brasil: profissão da indústria frigorífica preparando cortes carnes em embalagens

A expectativa de produção de carne no Brasil é de mais de 10 milhões de toneladas para o ano de 2023; entenda qual o cenário atual do setor e o que esperar de uma das maiores indústrias de proteína animal do mundo.

No começo de cada ano, as principais instituições e órgãos de agricultura e pecuária lançam estimativas sobre os números do mercado: quanto será consumido, produzido, exportado ou importado.

No relatório mais recente publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa de produção de carne no Brasil se destacou. O documento aponta que o país deve produzir 10,570 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, um aumento de 4% em comparação a produção de 2022.

O USDA prevê que o crescimento da exportação e do consumo da carne bovina acompanharão o índice de expansão da produção.

O setor está com horizontes promissores e as tendências são positivas para toda a cadeia de produção. Acompanhe qual o cenário para os segmentos suínos, bovinos e de aves e quais as melhores práticas para desenvolver esse mercado em franca expansão.

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Cadeia de produção de carne no Brasil

O Brasil é detentor do 2º maior rebanho pecuário do mundo, segundo análises do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Isso faz do país um protagonista no mercado de produção de carnes, alcançando mais de 150 países.

O desenvolvimento do mercado não é apenas quantitativo, bem como vem acompanhado de instalações tecnológicas e sustentáveis que garantem mais qualidade, redução do desperdício e manutenção do bem-estar animal.

Propriedade Rural

É a primeira fase da cadeia produtiva de carne, o lugar em que há a alimentação dos animais, a criação dos rebanhos e aves.

É uma fase super importante da cadeia para determinar a qualidade da carne, momento em que há intervenções para melhorias genéticas e melhores propostas para nutrição dos animais.

Agroindústria

Em seguida, observamos a fase em que os animais serão transportados para o abate, a carne será processada, distribuída e comercializada.

Essa etapa, conhecida também como o momento “fora da porteira”, está bastante relacionada com a qualidade da carne em 4 dimensões: aspecto visual, gustativo, nutritivo e a dimensão higiênico-sanitária, especialmente conectada ao processamento da carne.

Comercialização

Após a etapa da agroindústria, inicia-se a fase de comercialização da carne, que desempenha um papel crucial na cadeia produtiva. Em linhas gerais, ela é responsável por conectar os produtores aos consumidores finais, garantindo o acesso aos produtos.

Nessa fase, os agentes envolvidos, como frigoríficos, distribuidores, atacadistas e varejistas, realizam o processo de adquisição, armazenamento, transporte e disponibilização da carne para o mercado. A comercialização também inclui atividades como a negociação de preços, definição de canais de distribuição, gestão de estoques e promoção dos produtos.

Além disso, é importante ressaltar que essa etapa envolve tanto o mercado interno quanto o externo, visto que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo. Portanto, essa fase desempenha um papel estratégico para impulsionar a economia do país e atender à demanda dos consumidores domésticos e dos mercados internacionais.

Consumidor Final

A última etapa da cadeia de produção da carne não tem mais a ver com a produção em si, mas com a relação de consumo com o produto final, como os consumidores acessam as carnes e quanto consomem dela, por exemplo.

É nesse momento que todas as avaliações prévias sobre a qualidade do produto podem ser atestadas ou questionadas. A perspectiva do consumidor é muito importante para que o ciclo da cadeia seja bem sucedido.

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Panorama da cadeia produtiva de carne no Brasil

 cortes de carne sendo medidos por um profissional

Carne bovina

Evolução, desenvolvimento e aumento da produtividade são palavras que sintetizam um balanço a respeito da cadeia de produção de carne brasileira. 

Em pelo menos 40 anos, o setor passou por uma transformação completa: o número de cabeças dos rebanhos dobrou, as pastagens, antes degradadas, passaram por significativa recuperação e expansão da criação animal.

A região Centro-Oeste concentra mais de 30% da produção bovina do país, enquanto a mesma região detém 10% das propriedades criadoras de bovinos no Brasil, de acordo com dados Embrapa. Ou seja, há uma relação de aumento de produtividade do uso do espaço para a produção carnista.

Em 2020 apenas o setor representou 11% do Produto Interno Bruto nacional que, em totalidade, ultrapassou a marca de 7 trilhões de reais, segundo a Embrapa.

Outras etapas da cadeia de produção, como o setor frigorífico, também aparecem com números notáveis. Do total faturado, aproximadamente 144 bilhões de reais são diretamente da indústria frigorífica.

Carne suína

No que diz respeito aos suínos, em 2020, o Brasil alcançou o 3º lugar mundial em produção, com 41 milhões de cabeças, ou seja, 4,4% do total. O 1º lugar é ocupado pela China, com 41,1% da deriva mundial, seguida pelos Estados Unidos (8,4%), ainda de acordo com dados da Embrapa.

Em 2022, o setor registrou um crescimento de 6,5% se comparado a 2021, quando chegou 4,7 milhões de toneladas, conforme mostra o Relatório Anual da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). No ano passado, a produção ficou entre 4,9 milhões e 5 milhões de toneladas.

As expectativas para 2023 se mantêm positivas, com projeções de aumento de 4% em relação a 2022, podendo chegar a 5,150 milhões de toneladas. 

Carne de frango

A produção da carne de frango no Brasil não fica atrás. Segundo a ABPA, em 2022, o segmento registrou um total de 14,5 milhões de toneladas fabricadas, o que demonstra uma variação positiva de 1,5% em relação a 2021, quando atingiu 14,3 milhões.

Para 2023, é esperado que a produção gire em torno de 14,6 milhões a 14,7 milhões de toneladas, um crescimento de 2% em comparação a 2022, ano em que o setor ficou entre 4,800 e 4,850 milhões.

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Desafios da produção de carne no Brasil

Logística de transporte e exportação

Em território nacional, o transporte de carnes é realizado via rodovias e portos e, posteriormente, via marítima no momento da exportação. 

Os principais corredores de escoamento da produção estão entre a região Sul, Centro-Oeste e Sudeste, com concentração do modal rodoviário para o processo de distribuição e transporte.

O desafio aqui é aumentar a intermodalidade entre os transportes rodoviário e ferroviário, de modo que cada tipo de transporte fique mais conectado com a necessidade da etapa, aumentando a velocidade da entrega e criando a capacidade de lidar de modo mais flexível com alterações necessárias.

Segundo documento 291 elaborado pela Embrapa em julho de 2021, a melhor orientação para superar esse desafio é concentrar o transporte rodoviário como modal para distribuição entre pátios e frigoríficos, enquanto que as ferrovias devem ser desenvolvidas para os transportes de longa distância, aqueles que levam as carnes até os portos no litoral.

Concorrências com outras fontes de proteína

Embora o mercado de carnes bovinas, suínas e de aves seja muito forte e cresça com números bastante expressivos, o cenário do futuro envolve novas exigências dos consumidores.

O mercado de proteína animal precisa considerar o aumento pela busca de proteínas alternativas às tradicionais, produzidas com outras fontes que não sejam provenientes dos animais, como proteínas vegetais de soja e ervilha, por exemplo.

O setor deve considerar a competitividade como uma maneira de assentar ainda mais o desenvolvimento tecnológico, garantindo que será capaz de atender as demandas de qualidade e sofisticação do público consumidor, pela garantia de qualidade dos cortes das carnes, mas também pela consideração do bem-estar animal até o momento do abate.

Tendências para os próximos 20 anos

 cortes de frango sendo preparados em embalagens

O Centro de Inteligência da Carne Bovina (CICARNE) realizou um mapeamento amplo a respeito do futuro da produção de carne no Brasil. O estudo foi produzido em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O material é repleto de informações sobre as principais estratégias do setor e quais os grandes vetores de transformação que trarão fortes impactos para a cadeia produtiva.

Produtos biológicos

A indústria pode esperar um avanço no desenvolvimento de fármacos biológicos para combater resíduos na carne e melhor controle de doenças e parasitas nos animais. Será um cenário com maior ajuste sanitário e diminuição dos riscos de contaminação ambiental.

É um horizonte positivo para evitar embargos comerciais de órgãos sanitários internacionais, o que impacta em mais números para a exportação de carnes.

Biotecnologia

Os avanços em biotecnologia trarão melhorias genéticas nos animais e até nos alimentos que nutrem os rebanhos. As ferramentas de controle genético são as protagonistas dessa tendência. Esperam-se números significativos em produção e valor para os gados de corte, principalmente.

Prioridade do bem-estar animal

A preocupação com o bem-estar animal não está mais restrita aos ativistas veganos e/ou vegetarianos. Há o desenvolvimento de um público que ainda consome proteína animal, mas que se mostra cada vez mais consciente e interessado pelo processo de produção.

Isso significa que o bem estar-animal será cada vez mais mandatório para que a indústria seja reconhecida, qualificada e mais aceita no mercado. Grupos que não se adequarem a essa tendência perderão espaço no mercado.

Exigência tecnológica

O mercado ficará mais exigente em relação ao estabelecimento de parâmetros tecnológicos em todas as fases da cadeia produtiva de carne no Brasil.

Esse movimento indica aumento da profissionalização do setor, além do avanço das demandas em quantidade, qualidade e produtividade, com uso inteligente do espaço e da mão de obra disponível.

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Frigoríficos mais naturais

As demandas por consumo mais consciente e sustentável afetam o formato de produção dos frigoríficos. Estes terão de ser mais exigentes com o uso de matérias primas, considerando uso de produtos biológicos, manejo sustentável do produto e prioridade do bem-estar animal em todas as etapas.

Diferenciação dos cortes de carne

Essa tendência simboliza a sofisticação e elevação da exigência do consumidor final do produto, que está cada vez mais interessado em ter acesso às origens do produto que está comprando.

O processo seguirá o exemplo do que acontece em níveis mais acentuados com os queijos e os vinhos. Os frigoríficos devem trabalhar na distinção dos cortes, porções e tipos de carne, atendendo ao público que deseja viver experiências gastronômicas marcantes.

Exportação de animais vivos

Em 20 anos, o Brasil será cada vez mais relevante no mercado genético internacional, por meio da exportação de animais vivos para abate, cortes de origem e outros subprodutos que alcançarão mercados emergentes e desenvolvidos. Devemos esperar relações comerciais mais consolidadas entre o Brasil e os grupos internacionais.

Distribuição tecnológica e mais digital

Toda a cadeia produtiva do setor de carnes vai sentir os efeitos do desenvolvimento tecnológico. O destaque vai para a etapa de distribuição que ficará com menos intermediários e mais conectada entre as partes cruciais do processo, economizando tempo e dinheiro.

Profissionais mais qualificados no campo

Hoje, 84% da população brasileira já é urbana e em 20 anos esse número será ampliado. 

A tendência a ser observada é a da inserção mais robusta de robôs na produção de carne e tecnologia de ponta que possa dar conta dessa falta de mão de obra humana, ao mesmo tempo que vai exigir profissionais mais qualificados presentes na indústria frigorífica e de carnes como um todo.

 

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