Os alimentos integrais estão ganhando cada vez mais importância na indústria alimentícia. Na busca por saúde através da alimentação, os ingredientes integrais se destacam por serem extremamente nutritivos e apresentarem diversos benefícios e melhorar a qualidade de vida.

Para falar um pouco mais sobre as novidades em alimentos integrais e as oportunidades do setor, o Food Connection entrevistou a nutricionista da Natus, Juliana Gianotti Berteli Arrelaro.

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O que são alimentos integrais?

Os alimentos integrais são aqueles produzidos a partir de grãos e cereais que não passaram pelo processo de refinamento. Por isso, eles preservam todos os seus nutrientes, como minerais, fibras e vitaminas, que estão presentes nas 3 partes do grão: farélo, gérmen e endosperma.

Voltando alguns passos, vamos relembrar quais são as 3 partes do grão:

  • Farélo: é aquela casca externa que encobre o grão, mas que também possui muitos nutrientes importantes, como vitamina B, zinco, magnésio, fibras, antioxidantes e ferro;
  • Gérmen: é o embrião do grão, sendo muito rico em gorduras insaturadas, vitamina b, antioxidantes e fitonutrientes;
  • Endosperma: corresponde a maior parte da semente do grão, sendo responsável por cerca de 80% do seu peso. É muito rica em carboidratos e proteínas.

O que acontece é que o refinamento consiste, justamente, em um processo de retirada da casca e demais películas protetoras do grão, com o intuito de deixar sua coloração mais homogênea e agradável. A grande questão, como vimos a pouco, é que as camadas mais externas do grão possuem uma ampla variedade de nutrientes muito importantes para o nosso corpo.

Sendo assim, ao passar pelo processo de refinamento, os grãos e cereais utilizados na produção do alimento em questão, deixam de possuir todos esses nutrientes. Já os alimentos integrais, por sua vez, com são feitos apenas de grãos e cereais que não passam pelo processo de refinamento, se tornam muito mais saudáveis, apesar da coloração menos agradável.

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Benefícios dos alimentos integrais para a saúde

A especialista apresentou os principais benefícios do consumo destes alimentos: são altamente nutritivos, concentrados em vitaminas, minerais e fibras; não passam por processo de refinamento, por isso mantêm seus componentes originais, como películas e cascas; trazem diversas vantagens para a saúde, como controle da glicose, triglicérides e colesterol sanguíneo; e garantem a saúde intestinal; entre outros.

Quais as regulamentações do mercado de alimentos integrais?

Sobre as novidades que têm surgido neste cenário, Arrelaro explica que, a partir de 2022, para serem identificados como alimentos integrais, os produtos alimentícios à base de cereais precisarão obedecer a dois critérios impostos pela Anvisa:

  1. A quantidade de ingredientes integrais tem de ser superior à de ingredientes refinados.
  2. Pelo menos 30% de todos os ingredientes devem ser integrais.

 As novas regras fazem parte da Resolução 493, publicada em 15 de abril de 2021. Entre os alimentos considerados na resolução da Anvisa estão: farinhas, massas, pães, biscoitos e cereais matinais.

“Essa resolução tem como objetivo promover o maior consumo de cereais integrais pela população brasileira, bem como promover a melhoria da qualidade da composição dos produtos”, explica a nutricionista da Natus.

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Oportunidades na área de alimentos integrais

Juliana Arrelaro conta que, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, divulgada em 2020, os brasileiros estão comendo menos fibras.

“Esse consumo passou de 20,5 gramas em 2008/2009 para 15,6 gramas em 2017/2018, enquanto o consumo diário recomendado para um adulto saudável é de 25 a 30 gramas”, explica a nutricionista. 

Portanto, essa necessidade do investimento em mais saúde é uma oportunidade que pode ser explorada pelas empresas.

“Entendendo a necessidade de saúde da população brasileira e somando com a nova resolução da Anvisa, a grande oportunidade é investir no desenvolvimento de produtos 100% integrais como massas, pães, biscoitos e cereais matinais”, reforça Arrelaro.

Segundo a especialista da Natus, além da oportunidade de desenvolvimento de produtos 100% integrais, o mercado apresenta uma demanda crescente de produtos sem glúten. 

“Muitas pessoas têm doenças intestinais que restringem/excluem o consumo do glúten, como a doença celíaca. Então, é uma oportunidade, visto que as opções no mercado ainda são escassas para esse nicho de produtos: integrais e sem glúten”, afirma Juliana.

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Principais ingredientes dos alimentos integrais

De acordo com a resolução 493, da Anvisa (15/04/2021), são denominados ingredientes integrais: 

  • cariopses intactas de alpiste;
  • amaranto;
  • arroz;
  • arroz selvagem;
  • aveia;
  • centeio;
  • cevada;
  • fonio;
  • lágrimas-de-Jó;
  • milheto;
  • milho;
  • painço;
  • quinoa;
  • sorgo;
  • teff;
  • trigo;
  • trigo sarraceno e triticale.

“Além disso, todo e qualquer derivado quebrado, trincado, flocado, moído, triturado ou submetido a outros processos tecnológicos considerados seguros para produção de alimentos, cujos componentes anatômicos — endosperma amiláceo, farelo e gérmen — estão presentes na proporção típica que ocorre na cariopse intacta”, complementa Arrelaro.

A nutricionista também reforça que, com a nova resolução da Anvisa que entra em vigor em abril de 2022, foi autorizado que grãos de milheto poderão ser consumidos pelos brasileiros.

“Sendo classificado como um novo ingrediente integral, tem como tendência a valorização desse grão no mercado e aumento da rentabilidade da cadeia produtiva”, finaliza.

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