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Foi publicado em agosto o 9º relatório do Índex Global de Inovação (GII, da siga em inglês Global Innovation Index), colocando o Brasil em 69º lugar entre 128 economias medidas. No ano passado, estávamos em 70º lugar.  Subimos um degrau na ladeira. Motivos para comemoração? Alguns. Entre os países com rendimentos médio-altos (como o Brasil), a China se destaca no ranking, aparecendo pela primeira vez entre as 25 economias mais inovadoras. É a primeira economia de rendimentos médio-altos a ocupar tal posição, desde que o índice foi criado.

O Brasil se destacou nos indicadores relacionados à qualidade da inovação (ocupando o 27º lugar nesta categoria), como o impacto dos artigos científicos publicados e as saídas de alta e média tecnologia. Temos também uma boa presença nos indicadores de Pesquisa e Desenvolvimento, fortemente puxado pelos gastos em P&D das 3 maiores empresas brasileiras globais. Contudo, ainda resta uma bela caminhada pela frente, para chegar pelo menos ao lado do nosso parceiro de BRIC. Quer saber o caminho para melhorar a nossa presença?

Entre os indicadores, o ranking aponta quais são as fraquezas das economias – ou seja, em que esferas as economias têm uma performance inferior à média das demais.  No nosso caso, estamos falando de:

• Ambiente de negócios

• Facilidade de abrir um negócio

• Facilidade de pagar impostos

• Avaliação em leitura, matemática e ciências (aos 15 anos)

• Educação de terceiro grau

• Graduados em Ciências e Engenharia

• Mobilidade de entrada estrangeira terciária (razão de alunos estrangeiros cursando o terceiro grau no país, em relação ao total de alunos)

• Formação bruta de capital

• Taxa de impostos aplicado, média ponderada

• Tratados de joint venture/alianças estratégicas

• Taxa de crescimento do PIB por pessoa engajada

• Saídas de impressão e publicação (como percentual das saídas gerais da manufatura)

Podemos reclamar do governo – muitas das nossas fraquezas estão relacionadas a aspectos macroeconômicos normalmente manejados nesta esfera. Contudo, gostaria de chamar a atenção para um ponto específico: os tratados de joint venture ou aliança estratégicas.

O Brasil ocupa a posição 66º, com score de apenas 2,1 (de um total possível de 100). Podemos cruzar este dado com a informação de que 72% dos executivos sênior brasileiros esperam que a inovação venha unicamente de esforços internos em suas empresas – frente a apenas 30% dos seus pares na Itália ou 55% na Rússia.  Estamos vivendo em uma era que valoriza a inovação colaborativa – porém, muito mais do que isso. Precisamos de inovação colaborativa: é o caminho mais sustentável para aplicação de recursos de P&D. Contudo, aqui no Brasil, temos uma barreira muito grande a ser transposta.

A nossa cultura

Não esperamos relações íntegras com nossos pares. Somos o país da desconfiança – de fato, 82% dos brasileiros pensa que os outros apenas querem levar vantagem sobre si (dados de pesquisa do sistema CNI, em 2014). É o chamado dilema do prisioneiro: ninguém colabora para melhorar, pois todos desconfiam uns dos outros – e o sistema permanece fazendo o mesmo.

Enquanto não vencermos esta barreira cultural, não estaremos aptos, como nação, como empresas, como profissionais ou como pessoas, a mergulhar no mundo da inovação aberta e colaborativa.  Que já faz a diferença para indústrias de alimentos mundo afora, mas que por aqui, ainda precisa ganhar fôlego, visibilidade e sair do âmbito dos negócios “diferentes” e “disruptivos”. E você? Quando faz uma parceria na sua vida profissional: confia ou desconfia?

O Índex Global de Inovação é publicado anualmente pela Universidade de Cornell, INSEAD e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual, desde 2007. Ele é computado usando informações de 82 indicadores de inovação, distribuídos nos seguintes pilares: Instituições, Capital Humano e Pesquisa, Infraestrutura, Sofisticação do Mercado, Sofisticação dos Negócios, Saídas de Conhecimento e Tecnologia, Saídas Criativas.

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