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Quase 70% do food service opera como MEI; negros e mulheres são maioria

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Pesquisa inédita da Abrasel revela o perfil dos donos de bares, restaurantes e outros estabelecimento de food service pelo Brasil; confira

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) fez um levantamento inédito que traz dados sobre o atual cenário dos trabalhadores do setor de alimentação fora do lar, fazendo um retrato da inclusão social, diversidade e força do empreendedorismo na alimentação fora do lar.

Hoje as mulheres são a maioria de quem trabalha em bares e restaurantes, com 52% de presença. Além disso, 61% são pretos ou pardos. O estudo é baseado em dados da Receita Federal, IBGE, Ministério do Trabalho e outras fontes oficiais. 

“Bares e restaurantes são um ambiente propício para a inovação, a criatividade e o relacionamento humano. E essa força está diretamente relacionada à diversidade, que traz novas ideias, novas perspectivas e novas formas de fazer negócios”, diz o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.

Negros e negras

Empreendedores negros e negras formam o grupo de donos de negócio mais atingidos pela pandemia, quando 1,4 milhão de bares e restaurantes fecharam no país. Mesmo com a melhoria dos indicadores econômicos e a volta das atividades à normalidade, esses empresários ainda apresentam um rendimento médio significativamente menor que o de empreendedores brancos em diferentes atividades, segundo o Sebrae. 

“Precisamos apoiar o desenvolvimento de políticas públicas que beneficiem esse perfil de empreendedores e reduza as disparidades. A solução passa, principalmente, pela melhoria do acesso à escolaridade, mas também pela ampliação do crédito e de instrumentos que permitam uma maior qualificação de homens e mulheres negros à frente de negócios”, diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles. 

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Um dos destaques do food service de São Paulo entre chefes jovens, o baiano Rodrigo Freire é dono do restaurante Preto Cozinha, especializado em comida nordestina. Freire aposta não só na potência dos pratos nordestinos, mas também na cultura que ele carrega no jeito tranquilo de falar, no sotaque e no apreço pelos detalhes e pessoas. 

Em entrevista ao portal Rap Dab, ele contou como elaborou um dos carros-chefe da casa, o arroz de xinxim, de tom dourado e com rosas, para destacar alguns pontos específicos do prazo, que atrai tanto pelo paladar quanto pela aparência. E tudo isso está conectado com sua cultura

"Em uma pesquisa, quando eu estava tentando entender o que eu estava fazendo, eu descobri que a comida que eu ofereço é para 'oyá'", disse o empreendedor com a entonação e a pronúncia típicas da cultura baiana. "E eu lembrava da minha avó. E eu decidi nesse empratamento celebrar essa ‘oyá’ sob a perspectiva de minha avó um dia, e por isso eu cheguei até aqui". 

negros e mulheres são maioria dos operadores do food service.png

Mentoria para empreendedores negros

Especialista em desenvolvimento de negócios voltado para empreendedores negros, Bárbara Lopes é CEO da BENSÀ, startup de Educação Empreendedora Afrocentrada e mentora de negócios. Ela construiu seu negócio em 2020 para atender as necessidades de empreendedores que foram atingidos pela crise do coronavírus, e outros que sentiam necessidade de empreender ou de aprimorar seus conhecimentos sobre negócios. 

“A Bensà nasceu da necessidade de ganhar capilaridade no meu trabalho como mentora de negócios e produtividade cíclica. Usando post it e canetinha eu desenhei nosso primeiro negócio lá em 2020, em meio à pandemia. Hoje, tenho a honra de atuar em parceria de grandes aceleradoras brasileiras de fomento do afroempreendedorismo e da região nordeste”, conta a empreendedora.

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Ela diz que um dos segredos para escalar negócios é não perder o contato humano. Isso serve especialmente para um segmento como o de food service. “Acredito que crescemos nos relacionamentos que criamos, fato que nos possibilita aprender observando, testando e com pessoas que já viveram o caminho que queremos percorrer. Por isso buscamos sempre integrar presencialmente as empresárias”, afirma.

Ela completa dizendo que a tecnologia pode e deve ser usada em toda sua potencialidade, mas como ferramenta que complemente o trabalho humano, e não como substituta. “Podemos usar a tecnologia como uma ferramenta de automatizar alguns processos, dar celeridade nas transações rotineiras, mas não em sua totalidade dentro de um programa que lida com o indivíduo como um todo”, destaca. 

Jovem dono de estabelecimento de food service sorri usando avental e segurando um tablet.

Jovens 

Os jovens também têm forte presença no food service. Segundo o estudo da Abrasel, 1 em cada 5 trabalhadores do setor tem entre 20 e 29 anos. Apesar da juventude, a maioria apresenta boa qualificação. Entre os informais, quase metade (49%) tem ao menos o ensino médio completo, número que chega a 75% entre os trabalhadores formais.

“O nosso setor é formador de oportunidades. Ele dá o primeiro emprego, permite que o jovem trabalhe e possa financiar os estudos, forma empreendedores que irão gerar novos empregos”, afirma Solmucci, presidente da Abrasel.

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MEIs são maioria 

Em março de 2020, antes da pandemia, 50% dos CNPJs do setor eram de microempreendedores individuais (os chamados MEIs), cujo faturamento máximo anual é de R$ 81 mil. Em 2023, depois da crise gerada pela pandemia do coronavírus, essa participação saltou para 68%, muito maior do que em outros setores, como o comércio (47%), indústria (63%) e agropecuária (apenas 6%).

“O setor é muito resiliente, e representa o sonho e a sobrevivência de milhões de famílias no país. São pais e mães que tocam seus negócios com a ajuda dos filhos, nas favelas e periferias do país, enfrentando dificuldades como inflação, endividamento, impostos”, afirma Solmucci. 

Além disso, hoje, 95% dos bares e restaurantes do país se enquadram como microempresas, pelos critérios da Receita Federal, com faturamento de até R$ 360 mil anuais.

Estabelecimentos com sócios

Maioria dos estabelecimentos com sócios são de mulheres. Duas jovens asiáticas sorriem abraçadas, atrás do balcão de uma cafeteria, usando avental.

O estudo da Abrasel também se debruçou sobre cerca de 250 mil empreendimentos de alimentação fora do lar que têm sócios. E a análise mostra também um perfil mais jovem e feminino de quem empreende no setor em sociedade com outras pessoas. 

Quase metade (45%) de quem tem uma sociedade num bar ou restaurante está na faixa entre 21 e 40 anos, número maior que no comércio (37%), indústria (32%), construção (35%) e agropecuária (23%).

As mulheres também têm participação maior nas sociedades do setor do que em todos os outros segmentos. Representam 38% de quem tem sociedade num bar e restaurante, contra 36% na agropecuária, 35% no comércio, 31% na indústria e 24% na construção civil.

 

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