A Tecnocarne 2024 se tornou palco para soluções inovadoras para a indústria de proteína animal. Durante a Arena de Conteúdo, Fábio Mestriner, especialista em design e inteligência de embalagem, apresentou o World Burger, um projeto que visa superar barreiras fitossanitárias e religiosas e facilitar a exportação de carne processada, com alto valor agregado. A iniciativa está aberta sem custos para os frigoríficos interessados em colocar esse produto no mercado.
Criado pelo Núcleo de Estudos da Embalagem da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o projeto permite o fácil acondicionamento do hamburger em latas de alumínio, permitindo seu consumo imediato. A embalagem garante um shelf life de quatro anos, sem a necessidade de refrigeração.
A ideia do World Burger surgiu em 2011, quando o projeto se iniciou com uma embalagem em sachê em filme barreira. Após a pandemia, época em que a onda de insegurança alimentar incentivou a produção de alimentos com um shelf life expandido sem necessidade de refrigeração, foram iniciados testes para a mudança da embalagem para a lata.
Além da resistência das latas de alumínio, a solução conta com tampa easy open. “Trata-se de um produto inicial na versão popular de baixo custo, mas com boa margem, pois ao eliminar a refrigeração o custo de comercialização cai cerca de 30%”, afirma o especialista.
O projeto tem como público-alvo as Forças Armadas, sistemas prisionais, países de importação de carne bovina, bem como redes de supermercado, atacado e atacarejo. O World Burger tem embalagem em alumínio e não requer refrigeração, sem comprometer sabor e textura do alimento.
Desta forma, o hamburguer pode ser acondicionado de forma segura e com capacidade de ser armazenada fora de refrigeração por até quatro anos. Além da oportunidade da produção com marca própria, os frigoríficos ainda podem produzir de forma terceirizada para marcas nacionais.
Custo e valor agregado
Ao produzir carnes que não dependam de refrigeração ou eletricidade e isentas de barreiras fitossanitárias, é possível aumentar o valor agregado.
Por ser um investimento importante para a indústria, Fábio Mestriner defende que a embalagem não pode ser vista apenas como um custo. Afinal, ela é um importante agente influenciador das decisões de compra. “Ela é um item de avaliação e referência cada vez mais relevante no novo cenário competitivo”, diz.
“Para o consumidor, a embalagem e o conteúdo são uma coisa só. Se a embalagem é ruim, o produto não é bom. A GFK fez um estudo global que mostrou que o consumidor ele não compra preço, ele compra valor, e valor para o consumidor é aquilo que ele percebe como tal – e aceita pagar por isso. A embalagem é importante porque ela diferencia os produtos. Coisas iguais, não tem valores diferentes”, conclui.