O crescimento sustentável da Marfrig ao longo dos anos levou, não só ao sucesso financeiro, mas também a um lugar de destaque nos indicadores de governança, sociais e ambientais (ESG). A companhia é destaque no ranking EXAME Melhores e Maiores 2023, com o 2º lugar na categoria alimentos e bebidas, e a 14ª posição no ranking geral das 1.000 maiores empresas nacionais.
Líder global em produção de hambúrgueres e uma das maiores empresas de carne bovina do mundo, a Marfrig possui operações na América do Sul e América do Norte e é também controladora da BRF, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com mais de 30 marcas em seu portfólio, entre elas, Sadia, Perdigão e Qualy.
Paulo Pianez Jr., diretor de comunicação e sustentabilidade da Marfrig, falou com exclusividade ao Food Connection sobre a ascensão da companhia e seus projetos de sucesso, como o Programa Marfrig Verde+, que a coloca como a empresa do setor de carne bovina mais bem posicionada nos rankings globais de ESG.
Confira a seguir a entrevista completa.
1. O desempenho financeiro de 2022 foi um dos critérios considerados no ranking. Quais estratégias financeiras a Marfrig implementou para garantir esse bom desempenho e como isso contribuiu para o reconhecimento?
Paulo Pianez Jr.: A solidez e crescimento da companhia foram os responsáveis pelo reconhecimento entre as maiores do setor de alimentos e bebidas. Por isso, nos orgulhamos muito dos resultados.
Vale ressaltar que ano de 2022 foi um marco na história da Marfrig. A diversificação geográfica das operações e a ampliação de portfólio de produtos – sobretudo após a compra da participação na BRF – garantiram o recorde em receita líquida: 131 bilhões de reais, aumento de 53% em relação ao ano anterior. Já o lucro líquido atingiu 4,2 bilhões de reais.
2. O ranking levou em conta indicadores ESG. Qual o papel da indústria de alimentos na promoção de práticas sustentáveis, ambientais, sociais e de governança (ESG)? Como a Marfrig está liderando esse caminho na sua categoria?
Paulo Pianez Jr.: A indústria de alimentos desempenha um papel fundamental nas práticas sustentáveis, uma vez que a população mundial segue crescendo e a necessidade de alimentar mais pessoas também aumenta. É preciso aumentar a produção de alimentos, mas de maneira mais eficiente e conservando os recursos naturais do planeta.
Na Marfrig, entendemos esse desafio e buscamos liderar pelo exemplo - por isso, nos orgulhamos em figurar nos mais importantes índices e rankings de sustentabilidade.
No Coller FAIRR Protein Producer Index 2023/2024, da FAIRR Initiative (rede colaborativa sediada em Londres e composta por mais de 400 investidores institucionais e 70 trilhões de dólares em ativos sob gestão), a Marfrig foi a empresa de proteína bovina com melhor colocação entre as 60 companhias avaliadas, de diversas regiões do mundo.
Na lista mais recente, publicada em dezembro de 2023, a Marfrig ficou em quarto lugar na classificação geral e primeiro entre as empresas de proteína bovina avaliadas. Entre as empresas de proteína bovina avaliadas, a Marfrig também foi a única classificada como de baixo risco, e seu score geral avançou 7 pontos percentuais em relação à 2022, apesar da revisão da metodologia do índice, o que o tornou mais desafiador.
No maior e mais importante ranking global de gestão do bem-estar de animais para alimentação, o BBFAW - Business Benchmark on Farm Animal Welfare, a Marfrig foi a única companhia de seu segmento a alcançar o Tier 2 (processos integrados à estratégia de negócios).
A Marfrig também é a empresa com melhor avaliação na gestão de recursos naturais entre as indústrias de alimentos de origem animal presentes na lista de 2022, comunicada em 2023, da organização internacional sem fins lucrativos CDP (Disclosure Insight Action), que incentiva empresas e governos a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, preservar os recursos hídricos e proteger as florestas.
No Global Child Forum Benchmark (GCFB) a Marfrig está entre as empresas que mais protegem os direitos da criança em âmbito mundial. Em 2023, a companhia passou a integrar o seleto grupo de empresas na categoria “Leader” (Líder) e esteve entre as 6 companhias, globalmente, que mais evoluíram sua pontuação no período 2021-2023.
No Forest 500, a Marfrig alcançou o primeiro lugar entre as empresas brasileiras avaliadas na commodity proteína bovina, melhorando sua pontuação em todas as quatro commodities avaliadas. O FOREST 500 é uma iniciativa da Global Canopy, e acompanha anualmente 350 das mais influentes empresas do mundo e 150 instituições financeiras internacionais, avaliando políticas, compromissos e práticas efetivas de todas essas organizações no que diz respeito à gestão de risco de desmatamento em suas cadeias de valor e investimentos.
E, pelo quarto ano consecutivo, a Marfrig integra o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da B3 (Bolsa de Valores do Brasil), que chega à sua 19ª edição em 2024. A nova carteira passou a vigorar a partir de 2 de janeiro de 2024 e é composta por 78 ações de companhias de diferentes segmentos. A Marfrig obteve 100% de aproveitamento na avaliação qualitativa das evidências solicitadas pela B3.
A empresa integra também a carteira de 2024 do Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da B3. A nova carteira é composta por 80 ações de diferentes companhias. A adesão das companhias ao ICO2 demonstra o comprometimento com a transparência de suas emissões e antecipa a visão de como se preparam para uma economia de baixo carbono.
3. Quais os desafios que a indústria de alimentos enfrenta ao tentar equilibrar a produção em grande escala com a necessidade de práticas sustentáveis?
Paulo Pianez Jr.: O principal desafio hoje é fazer com que essas práticas sejam mais disseminadas e fiscalizadas. A Marfrig está entre as maiores empresas de carne do mundo e possui um compromisso com a sustentabilidade em toda sua cadeia de valor. Mas é preciso que haja uma política pública robusta de rastreabilidade e identificação individual dos animais para toda a pecuária garantindo que os animais não são oriundos de áreas com desmatamento, trabalho infantil e/ou análogo à escravidão, terras indígenas e unidades de conservação, e com embargos ambientais.
4. Poderia falar sobre os projetos pioneiros da Marfrig para a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, e como isso está alinhado com a imagem de sustentabilidade e qualidade da empresa?
Paulo Pianez Jr.: A Marfrig possui mais de uma década de ações e investimentos consistentes em sustentabilidade. Em 2009, fomos a primeira empresa de alimentos do mundo a assumir um compromisso público com o Greenpeace sobre a compra de gado proveniente da Amazônia legal. No ano seguinte, em 2010, implementamos um sistema de geomonitoramento via satélite e em tempo real que monitora toda a sua cadeia de fornecimento. Em 2020, de maneira pioneira, lançamos o Programa Marfrig Verde+, baseado no princípio de produção-conservação-inclusão e que se apoia em tecnologia, desenvolvimento de mecanismos financeiros e fornecimento de assistência técnica para a sua cadeia de valor.
Hoje a Marfrig acompanha, além de 100% de seus fornecedores diretos, mais de 85% dos fornecedores indiretos na Amazônia e de 71% dos fornecedores indiretos no Cerrado. Por meio do Programa também foram reincluídas mais de 3.500 fazendas que hoje estão aderentes às nossas políticas socioambientais.
Também fomos a primeira empresa do setor de proteína animal do Brasil a ingressar no Science Based Targets (SBTi) e pioneira em ter suas metas em redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) aprovadas. Dessa forma, com base na Ciência, a empresa estabeleceu metas de redução de emissões de GEE – tanto as dos Escopos 1 e 2, provenientes de suas operações, como as que resultam da cadeia de suprimentos (Escopo 3) –, que irão contribuir para que o aquecimento global retroceda em até 1,5°C.
5. Quais conselhos você daria para outras empresas da indústria de alimentos que desejam adotar práticas ESG genuínas sem cair no greenwashing? Quais são os sinais de um verdadeiro compromisso com ESG?
Paulo Pianez Jr.: Um compromisso de longo prazo com as práticas em ESG se manifesta por meio de implementação de políticas e ações concretas, não apenas de marketing. Mais do que divulgar iniciativas, é essencial que as empresas criem planos robustos que possam ser executados e acompanhados.
Para evitar o greenwashing, é importante que as empresas estabeleçam metas mensuráveis e acompanhem o progresso alcançado, dando transparência a todos os seus stakeholders. Isso inclui relatórios anuais detalhados sobre essas iniciativas e resultados.
ONGs e comunidades locais também precisam ser envolvidas para uma escuta ativa em busca da resolução de interesses e preocupações. É fundamental ainda que as companhias persigam constantemente a inovação e o desenvolvimento de novas práticas e soluções, investindo em pesquisa e tecnologia para reduzir o impacto ambiental e social de suas atividades.
LEIA MAIS
