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A sua carne não precisa vir do desmatamento

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Saiba quais frigoríficos e supermercados demonstram melhor transparência e controle para evitar o desmatamento da Amazônia

Por Alexandre Mansur*

Há tempos o desmatamento na Amazônia é uma tragédia que vem se agravando a cada dia, com seus impactos tornando-se mais evidentes, tanto por meio das descobertas científicas quanto pela experiência cotidiana.

Esse fenômeno ameaça não apenas o equilíbrio climático global, mas também a economia, enquanto está intrinsecamente relacionado a uma série de atividades criminosas que prejudicam a vida da população local, como a apropriação indevida de terras públicas e a grilagem.

O que mais choca nesta história é o fato de que o desmatamento é uma tragédia completamente evitável, uma vez que existe terra disponível, já desmatada e subutilizada, capaz de atender às atuais e futuras demandas agrícolas.

Para conter esse desastre em curso, uma ação essencial é controlar melhor o setor da pecuária brasileira. Atualmente, a pecuária representa a principal causa de desmatamento na Amazônia Legal, sendo responsável por cerca de 90% das áreas desmatadas, das quais mais de 90% são fruto de atividades ilegais.

Muitas dessas áreas acabam sendo abandonadas quando a fertilidade do solo é exaurida. Além disso, evidências apontam que o gado criado nessas áreas frequentemente é incorporado à cadeia de fornecimento de carne.

Apesar dos inúmeros desafios, alguns frigoríficos já estão implementando programas para rastrear suas cadeias de fornecimento, visando identificar atividades ilegais. É preciso reconhecer a magnitude desse desafio, avaliar o progresso alcançado até o momento e identificar quais empresas estão avançando no debate.

Estudo revela frigoríficos e supermercados comprometidos com o combate ao desmatamento da Amazônia

Recentemente, o projeto Radar Verde divulgou um relatório inédito que lança luz sobre esse processo. O estudo avaliou 132 empresas frigoríficas atuantes na Amazônia, bem como os 69 maiores supermercados do Brasil.

Os pesquisadores analisaram as informações públicas disponibilizadas por essas empresas para determinar o grau de implementação de políticas e ações voltadas para a eliminação de atividades ilegais em suas cadeias de fornecimento.

O frigorífico Marfrig obteve o melhor desempenho, demonstrando um nível intermediário de controle em sua cadeia de fornecimento.

Em seguida, um grupo de empresas, incluindo Frigorífico Rio Maria, JBS SA, Masterboi, Minerva, Frigol, Mafrinorte, Fribev, Mercurio, Fortefrigo e Frigorífico Altamira, empataram nesse critério.

Todas essas empresas demonstraram ter algum grau de controle sobre seus fornecedores diretos, ou seja, as fazendas que fornecem gado diretamente para abate.

Pesquisa Radar Verde_Imagem1.jpg

No âmbito dos varejistas, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) obteve o melhor desempenho, empatado com Assaí, Carrefour e Cencosud Brasil. Essas empresas também demonstraram controle sobre a última fazenda da cadeia, que fornece o gado para abate.

Os resultados destacam tanto os avanços de algumas empresas em direção a práticas mais sustentáveis quanto o fato de que a maioria ainda não fez progressos significativos. Lamentavelmente, nenhuma empresa respondeu voluntariamente ao questionário de avaliação, evidenciando uma carência de transparência.

Pesquisa Radar Verde_Imagem2.jpg

A relevância do relatório do Radar Verde reside na capacidade que ele confere ao público para distinguir entre as empresas. Agora, os consumidores têm a capacidade de tomar decisões informadas ao escolher de quais empresas comprar.

Os bancos podem avaliar a quem conceder crédito e sob quais condições. Os investidores podem analisar as promessas de cada empresa antes de investir. Grandes clientes corporativos, como redes de restaurantes e fast-food, podem selecionar seus fornecedores de carne com base nesses critérios.

Essa ferramenta representa um passo importante para a sociedade exercer seu poder de escolha e contribuir para uma pecuária mais sustentável na Amazônia, o que, por sua vez, desempenha um papel fundamental na conservação de nossa floresta e do planeta como um todo.

*Alexandre Mansur é coordenador do Radar Verde, jornalista especializado em sustentabilidade com mais de 30 anos de experiência em grandes veículos de imprensa. É membro do conselho do Greenpeace, da Fundação Grupo Boticário e da Iniciativa Verde. Hoje é sócio e diretor de estratégia da Agência O Mundo Que Queremos.

 

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