Responsáveis por produzir efeitos saudáveis mais específicos ao corpo humano, os ingredientes funcionais geram impactos positivos na saúde e na indústria alimentícia. O mercado global de ingredientes funcionais já foi avaliado em mais de 60 bilhões de dólares. Saiba mais.
Os ingredientes funcionais são produtos alimentares que oferecem benefícios fisiológicos para a saúde humana. Todo ingrediente dispõe, naturalmente, de substâncias como minerais e vitaminas que são benéficos para o funcionamento bioquímico do corpo humano.
Entretanto, no caso dos alimentos funcionais, há componentes ativos capazes de desempenhar um papel específico para reduzir o risco de doenças, facilitar a ação hormonal, estimular o sistema imunológico ou atuar de modo anti-inflamatório e antioxidante.
De acordo com a Grand View Research, em relatório publicado em 2020, o mercado global de ingredientes funcionais foi avaliado em 68,04 bilhões de dólares e a expectativa é que o segmento cresça a uma taxa composta de 6,4%. Isso significa que até 2027, o setor deve atingir a marca de 105,6 bilhões de dólares.
A expectativa é que alcance 285,3 bilhões de dólares até 2030, segundo um levantamento feito pela Spherical Insights. Dentre os principais produtos que impulsionam esse mercado, estão: vitaminas, produtos lácteos e para nutrição esportiva.
Conheça mais a fundo a categoria de ingredientes que beneficia os dois extremos da cadeia produtiva: desenvolve o mercado alimentício e proporciona bem-estar nutritivo aos consumidores finais.
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O que são ingredientes funcionais?
Os ingredientes funcionais são produtos que além da oferta básica de nutrientes de sua composição básica, são responsáveis por produzir efeitos saudáveis mais específicos ao corpo humano.
Ou seja, além do valor nutritivo convencional, eles são capazes de atuar como potenciais inibidores do desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, como câncer, diabetes, evitar degeneração macular e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Os produtos alimentícios dessa modalidade não funcionam sozinhos e nem atuam como medicamentos naturais. Para que seus benefícios sejam efetivos, eles devem fazer parte de uma dieta equilibrada contínua, dentro de um estilo de vida saudável e ativo de seus consumidores.
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Probióticos e prebióticos
Os probióticos correspondem a 52,2% de toda a receita global do nicho de ingredientes funcionais de 2019, segundo o mesmo levantamento realizado pela Grand View Research.
Os probióticos são microorganismos vivos que podem ser encontrados em suplementos ou alimentos fermentados, como iogurte e kefir. O seu consumo pode contribuir para a reposição e equilíbrio da flora intestinal, melhorando a saúde digestiva e imunológica.
Já os prebióticos são fibras não digeríveis que servem como alimento para as bactérias probióticas presentes no intestino.
Eles são encontrados em alimentos como alho, cebola, banana, chicória e alcachofra. Ao ingeri-los, eles estimulam o crescimento e a atividade das bactérias benéficas, promovendo a colonização e o desenvolvimento de uma microbiota intestinal saudável.
Assim, em resumo, os probióticos são os próprios microorganismos, enquanto os prebióticos são as substâncias que alimentam essas bactérias para que elas exerçam seus efeitos positivos no intestino.
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Fibra alimentar
Em revisão sistemática da literatura científica sobre ingredientes funcionais, publicada na revista de pesquisa Conexão Ciência, pesquisadoras da Universidade de Franca apontaram que a fibra alimentar é um dos produtos funcionais mais utilizados nas formulações alimentares.
Elas podem ser encontradas em cereais integrais como aveias, centeio, cevada, farelo de trigo, leguminosas e hortaliças com talos e frutas com casca e auxiliam no controle da glicemia, tratamento da obesidade e reduzem o risco de câncer de cólon.
Óleos vegetais
Os óleos vegetais, se utilizados na quantidade adequada, são excelentes fontes de gorduras benéficas para o corpo humano, além de atuar com benefícios anti-inflamatórios, antioxidantes e como estimuladores naturais do sistema imunológico.
Eles são extraídos de sementes, frutos ou grãos de plantas, e sua composição nutricional é rica em ácidos graxos essenciais, como ômega-3 e ômega-6, além de vitaminas e antioxidantes. Esses óleos são amplamente utilizados na culinária e na indústria alimentícia, agregando sabor e textura aos alimentos.
Alguns exemplos populares de óleos vegetais incluem o azeite de oliva, óleo de linhaça, óleo de coco e óleo de abacate.
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Antioxidantes
Os antioxidantes são substâncias essenciais para proteger as células do organismo e o material genético da oxidação, processo que acontece naturalmente no corpo devido à produção de radicais livres, uso de medicamentos e má alimentação.
Porém, além de atuarem no corpo humano, os antioxidantes também são utilizados diretamente em alimentos mais suscetíveis a serem oxidados.
Alimentos que possuem lipídios em sua composição podem passar pelo processo de oxidação, por isso a indústria tem utilizado antioxidantes nesses alimentos para retardar sua deterioração, com o propósito de aumentar o tempo dos produtos e melhorar a saúde dos consumidores.
No caso da saúde e bem-estar dos consumidores, as principais fontes de antioxidantes são frutas, legumes, verduras, grãos e sementes, que devem ser consumidos para liberar a oxidação de alguns alimentos e manter o organismo saudável.
Ervas e extratos de plantas
As ervas também contém antioxidantes e podem ser utilizadas como ingredientes funcionais, promovendo saúde e bem-estar. Podem ser utilizadas frescas ou secas, sendo que as frescas possuem maior concentração de vitaminas e minerais.
Alguns exemplos de ervas são: manjericão, alecrim, sálvia, salsa, erva-cidreira e orégano.
Já os extratos de plantas ou extratos vegetais são ricos em antioxidantes, além de possuírem ação diurética, melhorando a circulação sanguínea.
Os extratos são preparações concentradas com diversas plantas e preparadas a partir de um processo com solvente. Primeiro é realizada a separação dos compostos das plantas utilizando solvente. Esses compostos podem ser a raiz, caule, folha, entre outros. Em seguida, realiza-se a concentração do extrato.
Proteínas funcionais
As proteínas funcionais atuam nas células do organismo, desempenhando diversas funções, desde defesa contra agentes externos, reparação de danos, controle e regulação de funções celulares etc. Tudo isso acontece a partir da união seletiva entre moléculas.
Nos alimentos, estão presentes em laticínios, carnes magras (peixes, aves e carne vermelha), ovos, cereais, oleaginosas e leguminosas.
Aminoácidos
Os aminoácidos funcionais atuam para melhorar a saúde e bem-estar a partir da regulação das principais vias metabólicas.
Alimentos como salmão, sardinha, frango e peru são ricos em aminoácidos e melhoram a saúde. Além deles, leites e derivados, possuem praticamente todos os aminoácidos essenciais, como a arginina, cisteína, glutamina, leucina, prolina e triptofano.
O que dizem os especialistas em nutrição funcional
Para especialistas em nutrição e do próprio mercado de ingredientes, a nutrição funcional é um segmento do mercado em franca expansão e que ganhará cada vez mais adeptos.
Em 2020, em entrevista à revista Aditivos & Ingredientes, o então diretor do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Luis Madi afirmou que a indústria brasileira de ingredientes foi se tornando mais estratégica ao longo dos últimos dez anos e se transformou em agente decisiva para a área de alimentos funcionais.
Madi acrescentou que o setor de ingredientes funcionais é “um setor relativamente novo, com uma grande diversidade de empresas e diferentes níveis de complexidade tecnológica da produção de uma ampla variedade de ingredientes.”
O engenheiro de alimentos e pesquisador científico enfatizou que “a ideia de prevenir doenças e viver com um estado ótimo de saúde a partir da dieta” são os principais motivadores para os consumidores acrescentarem ingredientes funcionais na sua alimentação.
Legislação para ingredientes funcionais
No Brasil, a legislação para ingredientes funcionais é regulamentada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância em Saúde) e possui duas resoluções importantes.
Resolução n.º 18, de 30 de abril de 1999
A Resolução n.º 18, de 30 de abril de 1999 aprova o Regulamento Técnico que define as diretrizes básicas para análise e comprovação das alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde. Esta resolução detalha os critérios que devem ser seguidos pelos fabricantes, como a realização de estudos clínicos e a utilização de métodos de avaliação padronizados.
O objetivo é assegurar que qualquer alegação de benefício à saúde seja substanciada por evidências científicas sólidas, protegendo assim a saúde do consumidor e promovendo a confiança nos produtos alimentares.
Resolução n.º 19 de 30 de abril de 1999
A Resolução n.º 19 de 30 de abril de 1999 estabelece os procedimentos para o registro de alimentos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde em sua rotulagem. Isso inclui a exigência de que fabricantes comprovem cientificamente tais alegações antes de comercializar seus produtos.
O processo de registro envolve a apresentação de dados científicos que comprovem a eficácia e a segurança do ingrediente funcional, garantindo que as informações fornecidas ao consumidor sejam verdadeiras e confiáveis.
As regulamentações são fundamentais para promover o desenvolvimento de produtos alimentares que realmente contribuam para a saúde e bem-estar da população.
Exigir comprovação científica rigorosa garante que os consumidores possam confiar nas alegações de saúde feitas pelos produtos, incentivando assim a inovação e a qualidade no setor de alimentos funcionais.
Aliados na rotina de suplementação
O Estudo Brasil Ingredients Trends de 2020, do ITAL, mapeou uma convergência entre a indústria funcional e farmacêutica, em especial pelo consumo conjunto dos alimentos funcionais e de suplementos.
O consumo das duas categorias potencializa os efeitos fisiológicos de ambos grupos e os dois se tornam aliados potentes na dieta e na rotina dos consumidores.
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Horizontes para o mercado de ingredientes naturais, funcionais e sustentáveis
Se a previsão de crescimento para o mercado mundial de ingredientes funcionais é quase dobrar de tamanho (crescer 1,5 vez até 2027), o cenário não é diferente para o setor brasileiro.
O segmento apresenta potencial de crescimento tão notável que cresce de 4 a 5 vezes mais rápido que a própria indústria de alimentos, de acordo com Luis Madi, em entrevista
Para o especialista, a indústria nacional irá se fortalecer cada vez mais à medida que são produzidas novas pesquisas científicas, mecanismos regulatórios e o aumento do interesse do consumidor final pelo segmento.
A expectativa é de que soluções mais inteligentes sejam desenvolvidas, com maior capacidade de absorção nutricional e maior valor nutritivo.
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