Adquirir um equipamento para um estabelecimento de alimentação fora do lar pode gerar dúvidas na cabeça de qualquer empresário, seja em relação ao custo ou à capacidade produtiva. Uma questão, contudo, que deve ser incluída do momento de compra é a escolha pelo produto certificado, que deve ser item mandatório. Isso porque certificação contribui para manter a operação em ordem, além de agregar diversos benefícios à gestão.

Quando existe a dificuldade de montar uma equipe completa, a aquisição de equipamento certificado representa uma saída, pois tem a possibilidade de ser manipulado por qualquer pessoa. “Na Itália, uma máquina de café é operada por um barista, no Brasil por um balconista. A mão de obra não é especializada”, compara o diretor de produtos da ABRAC (Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade), Marco Antonio B. Roque. “Em algumas situações, o equipamento certificado corrige essas deficiências, é um passaporte para os estabelecimentos conseguirem trabalhar mesmo precisando de qualificação.”

Além disso, riscos graves são postos no caminho do empresário que não lança mão desse cuidado. Pense: não é preciso uma situação complexa para um cortador de frios causar um acidente grave nas mãos do operador, basta faltar energia elétrica e depois voltar enquanto o trabalhador estiver mexendo na máquina. Se for certificado, isso não acontece porque deverá existir um botão de emergência que impede a volta do funcionamento em caso de queda de energia. “É vantajoso para o dono do estabelecimento, para o empregado e, muitas vezes, para um usuário próximo ao equipamento.” Nesse sentido, até mesmo o balcão de corte de frios deve ser certificado, para evitar problemas caso clientes estejam próximos.

Tamanho importância, a certificação tornou-se mandatória e se não for cumprida implica em multas ao estabelecimento, de acordo com a portaria 371 do Inmetro. Toda a família de eletrodomésticos tem parâmetros claros de utilização, tanto os de uso residencial quanto os de uso comercial. Além das questões de segurança, as máquinas são um cartão de visitas do estabelecimento. “Hoje, em uma pizzaria, a máquina para fazer massas está à mostra ao público”, lembra Roque.

Indo além

O Brasil ainda não tem a figura da certificação voluntária, que seria um próximo passo em um contexto de evolução nos últimos 25 anos, contextualiza o especialista. Os empresários precisam procurar entidades certificadoras, como ocorre no mundo inteiro. Essas empresas são as operadoras primárias desse processo. No País, avaliam se a conformidade vale para um produto ou para uma família de produtos como refrigeradores, batedeiras, liquidificadores. Em comum acordo com o certificador, é criado um plano de avaliação. A segunda etapa é analisar o sistema fabril, para checar se há condições de repetir ensaios feitos detalhadamente em laboratórios.

É importante também checar o selo do Inmetro, assim como o de eficiência energética (Procel). Alguns produtos, conectado à internet das coisas (IoT), devem ter selo da Anatel. Roque aponta ainda um dos maiores problemas, que são as diferentes qualidades de produtos no mercado. Equipamentos de uso comercial devem ter capacidade muito maior e níveis de ruído menores do que os domésticos. “Diferentemente da torradeira da sua casa, uma tostadeira em lojas é projetada e avaliada como um produto para ser usado 7 dias por semana, 24 horas por dia.”