A gestão da qualidade do ar em lugares fechados tem se mostrado cada vez mais necessária para os gestores das indústrias brasileiras. Afinal, estudos recentes realizados fora do país apontam que o ar que respiramos dentro de ambientes fechados tende a ser até cinco vezes mais poluído do que aquele que respiramos do lado de fora.
Não à toa, o Ministério da Saúde criou a portaria 3523/98 que regulamenta a qualidade do ar em ambientes fechados e com grande circulação de pessoas, como bancos, escolas, shoppings, supermercados e lojas. O documento cita a “Síndrome dos Edifícios Doentes”, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados”.
O problema acontece porque lugares com pouca circulação de ar já possibilitam, por si só, uma propagação maior de vírus e bactérias, que acaba sendo potencializada quando o ar condicionado central ou as tubulações utilizadas em uma indústria, por exemplo, acumulam sujeira. Para se ter uma ideia, um sistema de ar condicionado com capacidade de 10.000 m³/h pode levar, em média, 15.000.000 bactérias/hora.
“Nos locais de trabalho, essas condições também tornam-se maléficas à saúde do trabalhador, principalmente se considerarmos os agentes biológicos gerados pelas próprias pessoas, provenientes de espirro, tosse e outras secreções oriundas de doenças como gripe e resfriado”, ressalta Marcelo dos Santos Paula, Prof. Msc. do Departamento de Engenharia de Produção, do Centro Universitário FEI.
Os purificadores de ar
Diante desse cenário, muitas indústrias acabam por adotar a AHUs (Air Handling Unit ou “Unidade de Tratamento de Ar”) como parte dos HVACs (Heating, Ventilating and Air Conditioning – tecnologias adotadas em prol do conforto ambiental, principalmente, de edifícios e veículos) para permitir que o ar de seus ambientes seja tratado.
“O tratamento adequado do ar ambiente tem de ser uma prática comum nas empresas, independentemente de seus segmentos e setores. Mas quando falamos da indústria de alimentos, bebidas, cosméticos e farmacêutica, não podemos esquecer que existe, ainda, a condição da contaminação cruzada, que interfere na qualidade dos produtos que estão sendo manufaturados”, lembra o professor.
Plano de inspeção e manutenção
A implementação de uma Unidade de Tratamento de Ar nas indústrias deve vir acompanhada de um Plano de Inspeção e Manutenção, que é de responsabilidade irrestrita das empresas e, em especial, do gestor de manutenção e do responsável pelo processo operacional das indústrias. O primeiro deve assegurar que todos os itens críticos dos sistemas de ventilação e exaustão sejam mapeados e inseridos em um sistema de gerenciamento de manutenção, além de comandar o seu planejamento e execução. Já o outro, deve garantir que os procedimentos de limpeza sejam realizados.
Além disso, variáveis como área e volume, tipo de telhado, ventilação natural existente, processo a ser desenvolvido, tipologia de agentes químicos e/ou biológicos potencialmente dispersos, densidade de partículas potencialmente suspensas, diâmetro de partículas potencialmente suspensas, dentre outros paradigmas, devem ser considerados para garantir os resultados desse processo de tratamento.
“Instalar sistemas de purificação de ar é um grande investimento para as indústrias, porém, a não implantação integral desses mecanismos pode ser revertida em custos relacionados ao tratamento de trabalhadores enfermos e ao comprometimento dos produtos fabricados”, conclui.