A logística na indústria de alimentos e bebidas enfrenta desafios complexos diariamente. Afinal, esta área engloba muito mais do que o transporte de produtos.

Para que seja eficaz, a logística na indústria de alimentos e bebidas deve entregar a mercadoria certa, no local indicado e no menor tempo possível – tudo isso mantendo a segurança e a qualidade dos alimentos, ao mesmo tempo em que reduz os custos.

É exatamente por isso que o processo vai além do transporte e compreende áreas como o controle de estoque e armazenagem adequada.

Continue com a leitura e entenda os desafios e as melhores práticas da logística na indústria de alimentos e bebidas!

Características da logística na indústria de alimentos e bebidas

Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que a atenção deve ser dobrada quando falamos de logística para alimentos. Isso acontece porque existem regulamentações específicas para armazenar e transportar alimentos. Além disso, o manuseio desse tipo de mercadoria é muito mais delicado.

Dessa forma, é preciso conhecimento técnico e atenção no recebimento, armazenagem, separação e distribuição dos itens.

A logística, então, precisa entender a respeito da deterioração dos alimentos, considerando suas características para criar um ambiente favorável e que preserve as mercadorias.

Transporte

O transporte está presente em todas as etapas do processo da logística na indústria de alimentos e bebidas, e, muitas vezes, está fora do controle da empresa, o que pode ser a fase mais vulnerável. 

Para preservar e transportar as mercadorias com eficiência, é preciso estar atenção às contaminações externas no momento de levar a carga para os veículos. Estes, por sua vez, devem estar adequados às normas da ANVISA, com paletes plásticos e contêineres que isolem o produto de contaminações.

Os equipamentos de carga e descarga também devem ser próprios para alimentos. Assim, é possível preservar ainda mais as suas características.

Armazenagem

Além de usar o espaço da melhor forma possível, a logística na indústria de alimentos e bebidas também deve considerar a preservação das mercadorias.

No recebimento e expedição, por exemplo, é preciso manusear os produtos com cuidado e atenção. Além disso, as instalações físicas devem seguir, também, as normas da ANVISA.

Por fim, os alimentos devem ficar o menor tempo possível estocados, evitando danos à embalagem ou aos produtos.

Principais desafios logísticos

“A logística vem, pouco a pouco, evoluindo no que tange a adaptabilidade nos segmentos de consumo do Brasil. É notório que a maneira que se consome logística hoje não é a mesma de alguns anos atrás, e quanto maior o consumo e a complexidade de distribuição, mais cedo essas mudanças chegam”, explica Marcelo Zeferino, especialista em logística da Prestex.

De acordo com o profissional, o grande desafio na logística na indústria de alimentos e bebidas é levar a agressividade e um planejamento enxuto do B2C para o mercado.

“Hoje, há transferências morosas, falta de inovação e baixa tecnologia empregada com alto impacto de lead time e sem flexibilidade, o que acarreta em custos industriais e pouca velocidade de manobra de mercado”, destaca o especialista.

Para Zeferino, todos esses pontos fazem com que a indústria perca em competitividade: “atrelar custo competitivo a esse modelo é o grande desafio logístico para os próximos anos”.

Décio Tarallo, sócio da Properity, acredita que os grandes desafios estão na gestão de estoque e velocidade de distribuição: “os mercados de varejo estão com seus espaços em prateleiras cada vez mais disputados. Mais empresas e a diversidade de produtos, somadas a opções de diversificação dos clientes (orgânicos, veganos, gourmet e outros), “espremem” os estoques nas lojas, tanto dos expositores quanto da reposição. Portanto, se estes fornecedores querem estar no ponto de venda, devem oferecer uma logística rápida de reposição e um estoque disponível em sua unidade cada vez mais próxima dos pontos de venda”.

Para Tarallo, este cenário pode gerar uma barreira para quem está mais distante do PDV. Ainda assim, é possível pensar em modelos diferentes de atendimento “de forma direta aos seus mercados, com opções de composição de produtos, utilização de 3PL (operadores logísticos especializados), foco em alguns mercados específicos com uma logística eficiente, combinada com a logística de seus distribuidores”.

Como superar os desafios logísticos

“Atualmente, não vejo as indústrias de Alimentos e Bebidas debruçadas sobre estes desafios logísticos. Ainda é mais do mesmo, uma cadeia produtiva extensa e acostumada com as problemáticas da logística convencional”, aponta Zeferino, que afirma que as áreas de planejamento se relacionam com a logística apenas para cumprir com obrigações: “e o pessoal da logística, atolado em planilhas de controle, remendando falhas operacionais da logística convencional e correndo atrás de KPI’s impossíveis de se atingir, que nem ao certo sabem como foram parar ali. Falta diálogo, tecnologia e muito planejamento”. 

Merece a atenção o fato de que a maioria dos distribuidores não se profissionalizou e ainda atua com estruturas antiquadas.

“Este gerenciamento mais eficiente da logística não se introduz da noite para o dia, exige educação, treinamento, seleção de equipamentos, pensar o modelo logístico, otimizar a localização dos estoques, maximizar as rotas dos veículos, controlar o ciclo logístico para não faltar o atendimento. Seu distribuidor faz isto? Ele pode matar a sua marca, se você pensar que apenas será seu vendedor na ponta, mas não concretizar a venda corretamente e de forma mais eficiente com a logística de entrega”, alerta Tarallo.

Os desafios da logística na indústria de alimentos e bebidas ainda são muitos. Por isso, estar atento às novidades do mercado e às exigências do consumidor faz toda a diferença. Será que o seu negócio está prestando atenção aos pontos certos?