Segundo relatório da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) os preços dos insumos da ração animal, principalmente farelo de soja e milho, caíram de forma significativa, no segundo trimestre de 2017. Este cenário foi reflexo direto das safras recordes no ano, que tiveram crescimento de 15,4% para a soja e de 37,5% no milho.

Essa queda nos preços dos principais insumos da ração animal, agregada a tendência de elevação e recuperação da economia interna, são fatores que podem incentivar produtores de proteína animal a investir em seus negócios, já que começam a surgir novas oportunidades de negócios para a cadeia de proteína animal brasileira.

Quais são essas oportunidades? Como aproveita-las? Como melhorar suas vendas? Enfim, como o produtor pode se preparar para não deixar essas oportunidades passarem?

Como melhorar suas vendas com essa oportunidade?

No geral, o ano de 2017 vem sendo bem complicado para o produtor rural brasileiro, com a cadeia sofrendo diversos “choques”, diga-se “operação carne fraca” e delação de um dos maiores frigoríficos do país.

Porém, a partir do segundo semestre, estamos observando uma recuperação tímida em toda essa conjuntura. A pesquisadora da área de pecuária do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Mariane Crespolini dá como exemplo o PIB do país:

O PIB sempre seguiu um padrão: Há um momento que está crescendo, até atingir um pico. Ao atingir esse pico, devido a ajustes econômicos naturais, desacelera e começa a cair. Da mesma forma, quando a economia está lenta, vai se preparar para subir, como uma montanha-russa”, explica.

Segundo a pesquisadora da área de pecuária do CEPEA, o momento atual da conjuntura econômica representa uma lenta recuperação. Porém, a maior parte dos produtores de proteína animal tinha desanimado com o contexto anterior de baixa atividade econômica, fazendo-os investir menos.

Mas então, porque essa é uma oportunidade?

Mariane é enfática: “O atual contexto de recuperação é uma oportunidade, pois a maioria ainda não a viu!”. Para ela, a economia tende sim a se recuperar e o que for “plantado hoje, dará os frutos no futuro”.

Tomamos como exemplo a pecuária de corte. Em 2015, o preço do bezerro atingiu seu recorde histórico, mas gradativamente foi caindo em 2016 e agora em 2017. Com isso os pecuaristas começaram a abater mais fêmeas, mostrando total desânimo com a atividade.

Porém, suponhamos que a fêmea ao invés de ser abatida, emprenhe hoje. Até ela parir e desmamar bezerros se passarão, em média, 18 a 24 meses e até lá possivelmente haverá recuperação do preço do bezerro. Portanto, para Mariane, “a oportunidade para produtores de proteína animal é agora, mas ainda poucos conseguem ver isso”.

Tecnologia e boa gestão: cuidado fundamental para alcançar essa oportunidade

Para aproveitar a oportunidade e entender como melhorar suas vendas, o investimento em tecnologia visando o aumento da produtividade é sem dúvidas a primeira ação que o pecuarista deve se preocupar (e se preparar!).

Isso porque, na pecuária de corte essencialmente, é fundamental o investimento em produtividade. Já para avicultores e suinocultores, além de produtores menores, o ganho de escala são fundamentais na concepção da pesquisadora do CEPEA.

Já a segunda ação é gestão! “Sem gestão não chegamos a lugar algum!”, garante Mariane. Para ela, ainda é comum vermos produtores que não conhecem seus números de produtividade e econômicos.

O produtor é um tomador de preço e é o mercado que dita o preço de seus produtos”, explica. Portanto, para a pesquisadora, conhecer o mercado global (dentro e fora da porteira) é fundamental, tanto na venda (planejando a melhor venda ao longo do ano) como na compra (mercado de insumos).

Com isso consegue-se fazer boas compras de matéria-prima. “Além do preço, o produtor precisa olhar para o seu custo”, explica Mariane.

Antes de decidir quanto comprar, decida aonde se quer chegar!

Com a queda dos insumos indicada pela Conab, o pecuarista pode comprar mais do que necessita movido pelo entusiasmo do preço baixo. Porém, antes disso, é importante que o pecuarista pergunte a si mesmo: Onde quero chegar? Qual a minha estratégia?

A definição da estratégia é muito importante neste contexto, pois, segundo Mariane, nada adianta dar um passo a frente, se nosso alicerce não está bem estruturado. Portanto, a dica neste sentido é fazer um planejamento muito bem definido.

Para isso, fazer o “feijão com arroz” é fundamental. O ato de anotar todos os indicadores econômicos e produtivos da propriedade é o primeiro passo neste sentido, com isso será possível identificar as ineficiências da atividade, corrigindo-as.

É importante que o produtor tenha um horizonte definido. Aonde ele quer chegar com a atividade?”, sugere a pesquisadora. Para ela, pensar em como se quer estar daqui 5, 10,15 anos é essencial.

Por fim, para aproveitar toda essa oportunidade que volta a se apresentar para a pecuária brasileira e conseguir enxergar como melhorar suas vendas, Mariane indica que o produtor precisa se tornar um verdadeiro empresário rural. “Empresários medem e planejam e por isso conseguem ver nos desafios as oportunidades”, finaliza.