A operação comandada pela Polícia Federal, que ganhou o nome de “Carne Fraca”, abriu um amplo debate sobre a segurança alimentar no Brasil. Embora os cuidados com a higiene, a conservação e a manipulação dos alimentos não seja algo novo, a venda de carne adulterada por frigoríficos chamou a atenção da população, que anda mais atenta aos rótulos e a procedência dos alimentos.
Para a professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Federal de Santa Catarina, Suzy Cavalli, “boa parte da população desconhece a composição, os ingredientes e a procedência de diversos alimentos industrializados. Inúmeras indústrias acrescentam aditivos, açúcares e gorduras em percentuais não recomendados pelas organizações internacionais de saúde”, explica. A especialista ainda lembra que, embora uma produção de alimentos ambientalmente sustentável e saudável seja um direito, a realidade mostra que é preciso investir em um novo modelo de orientação para a produção, comercialização e industrialização dos alimentos.
Com o debate aberto, a população tende a questionar mais a indústria e os órgãos de fiscalização, por isso, é preciso estar atento aos cuidados da produção de alimentos para não perder a confiança do consumidor e, principalmente, o mercado.
Para saber mais sobre a segurança alimentar e sua importância no setor industrial, confira!
O que é a segurança alimentar?
Para que os alimentos cheguem ao mercado e possam ser consumidos de forma saudável, é preciso afastar uma série de riscos, que podem ter origem biológica, química ou física.
Fungos, bactérias, vírus, pedaços de metal, plástico ou cacos de vidro, presença de componentes como metais pesados, agrotóxicos, antibióticos e hormônios podem colocar em risco a saúde humana. Por esse motivo, a segurança alimentar estabelece uma série de normas específicas, voltadas à produção, transporte e armazenamento de alimentos visando mantê-los adequados ao consumo. De certa forma, a maior parte dessas regras é internacionalizada para que atenda não somente às condições sanitárias, mais também as comerciais que envolvem a alimentação.
Normas
Para garantir a implementação da segurança alimentar no mundo, uma série de normas são aplicadas pela indústria. Algumas das principais são:
HACCP
O sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), que vem da sigla original em inglês HACCP (Harzad Analisys and Critical Control Points), teve sua origem na década de 1950 na Grã Bretanha. Trata-se de uma das principais normas de segurança alimentar que dispõe sobre todas as etapas do processo de produção industrial.
BRC para a segurança de alimentos
A Norma Global BRC para Segurança de Alimentos – publicada originalmente em 1998 – está, agora, em sua sétima versão. A norma é voltada aos fabricantes de alimentos e contém requisitos para um sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle de acordo com o Codex Alimentarius, um sistema de gestão de qualidade e controle documentado de normas, produtos, processos e pessoas do ambiente fabril.
FSMA- Food Safety Modernization Act
O Food Safety Modernization Act – FSMA (Lei de Modernização da Segurança de Alimentos, em tradução livre) do FDA é uma lei assinada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 04 de janeiro de 2011, que também vem sendo utilizada com referência pela indústria mundial.
ISO 22000
Trata-se da norma que embasa a certificação ISO 22000 e é aplicável a todas as organizações, atravessando a cadeia de fornecedores, do campo à mesa.
SMETA 4 pilares
A metodologia SMETA-4 pilares foi desenvolvida pela AIM (Association des Industries Marque) com o objetivo de atender às necessidades das organizações de bens de consumo. Essa norma vai além das exigências padrão da auditoria SMETA, e dá destaque às questões ambientais e à integridade dos negócios.
Segurança alimentar: uma questão dinâmica na indústria
Mesmo que a indústria e os órgãos reguladores trabalhem para que a produção e o processamento garantam alimentos saudáveis e seguros, a inexistência de riscos é praticamente uma utopia. Por isso, é preciso encarar a implementação da segurança alimentar como um processo dinâmico, que envolve não apenas toda a cadeia de produção, como, também, fornecedores, agricultores e até consumidores.
A crescente preocupação com a segurança alimentar vem gerando novas metodologias de fiscalização, visando sempre à prevenção. Por isso, é preciso estar atento e implementando constantes mudanças para atender as normas de regulação e promover uma relação de confiança com o consumidor.
Quais as medidas de segurança alimentar que você considera imprescindível para a indústria? Compartilhe a informação nas redes sociais!