Os hábitos alimentares da população brasileira estão em constante transformação, e a principal mudança notada nas pesquisas mais recentes é o interesse consciente por produtos mais saudáveis.
Segundo dados da Euromonitor, o Brasil está entre os maiores mercados de venda de produtos naturais, junto da América do Norte, Europa Ocidental e algumas regiões da Ásia e do Pacífico. O mercado brasileiro de ingredientes naturais movimenta mais de 35 bilhões de reais por ano.
Essa posição é reflexo da mudança de comportamento dos consumidores. A população está mais atenta aos rótulos dos produtos e à origem de cada ingrediente presente nos alimentos.
As empresas entendem que precisam responder às mudanças de comportamento de modo estratégico para conquistar esse espaço no mercado. Continue a leitura e veja de que maneira essa adaptação está sendo feita pelas organizações do setor alimentício.
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Ingredientes naturais: demanda de consumo por produtos saudáveis
O Instituto Akatu, em parceria com a consulturia global GlobeScan, realizou uma pesquisa que revela que 64% dos brasileiros estariam dispostos a pagar um preço acima da média por alimentos saudáveis e produzidos de forma sustentável.
O estudo, que é feito anualmente, na edição de 2022 contou com a participação de mil brasileiros. Desse total, 98% optam pelo consumo de produtos saudáveis e sustentáveis, apesar do custo elevado por esses itens nos supermercados.
Outra pesquisa, agora realizada pela consultoria Mintel, apontou um crescimento na venda de produtos sem conservantes e aditivos e no lançamento de alimentos 100% naturais.
Mudança no estilo de vida
Desde 2020, a relação da população com assuntos relacionados à saúde e bem-estar mudou, e essa preocupação foi central para a adaptação das pessoas durante e após a pandemia.
Pesquisa liderada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), indicou que 67% das pessoas passaram a optar por alimentos orgânicos durante a pandemia.
As principais motivações para essa escolha estão associadas à preocupação com a saúde, maior conscientização ambiental, social e política sobre os impactos dos agrotóxicos, apoio e valorização da agroecologia e de práticas sustentáveis, e o fato de conseguir encontrar mais estabelecimentos comercializando produtos orgânicos.
De olho nos rótulos
Além do interesse pelo cuidado com a saúde por meio da alimentação, é interessante destacar o aumento da conscientização a partir da leitura dos rótulos dos produtos.
As empresas também passaram a atuar com um posicionamento mais transparente, apostando em embalagens com comunicação mais clara e que destacam a presença de orgânicos ou a diminuição de açúcares e gorduras.
Semelhante a isso, em outubro de 2022, entrou em vigor as novas regras para a rotulagem nutricional dos alimentos, o que contribuiu para a formulação dos produtos. Agora, o rótulo deve informar aos consumidores a respeito de alimentos e bebidas com alto teor de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Essas informações devem estar presentes na parte frontal da etiqueta.
Outra mudança foi com relação à cor das letras da Tabela de Informação Nutricional, que deverão ser escritas apenas na coloração preta e fundo branco. Além disso, a tabela deverá estar localizada, em geral, próxima à lista de ingredientes e em superfície contínua, não sendo aceita divisão.
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Menor impacto ambiental
Como apontado pela pesquisa Embrapa, para 24% dos respondentes, a principal motivação para mudança dos hábitos alimentares está relacionada à preocupação ambiental e em como os agrotóxicos impactam as plantações e os nutrientes dos alimentos.
Ingredientes naturais são alternativas que apresentam menor impacto ambiental e ainda podem agregar para as dinâmicas de agricultura familiar brasileira, modalidade que corresponde a 77% de todos os estabelecimentos rurais do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os ingredientes naturais na indústria alimentícia
Para ser definido como um ingrediente natural, o alimento deve ser um composto com origem no reino vegetal, animal ou microbiano. Produtos naturais também são obtidos a partir de métodos próprios de extração, sem que sua constituição essencial seja afetada.
Os principais tipos de ingredientes naturais são os extratos vegetais, especiarias, óleos naturais e adoçantes naturais.
Para a indústria alimentícia, os extratos secos, polpas de frutas desidratadas e os granulados de fruta também são muito presentes para produção de geleias, pães, suplementos alimentares, sucos e chás.
A extração à seco é uma técnica privilegiada pela capacidade de manter os sabores, nutrientes e propriedades originais do ingrediente, além de preservar o produto por mais tempo, o que é estratégico para os estoques comerciais das indústrias.
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O que esperar das tendências e inovações no mercado de ingredientes naturais?
Dietas restritivas
A busca por ingredientes naturais e produtos mais saudáveis parte de diferentes públicos e interesses. As empresas do setor precisam ficar atentas às diferentes motivações para o consumo de alimentos naturais.
Há uma forte tendência da indústria em atender públicos com dietas restritas, como vegetarianos, veganos e quem apresenta intolerância a glúten e lactose.
Esse público é um dos mais atentos na hora de ler o rótulo e identificar cada componente disponível no produto.
Dietas fit
As instituições do segmento também devem ficar atentas ao público “fitness” - pessoas dedicadas à musculação e outras práticas físicas, e que buscam resultados estéticos para o corpo.
Essas dietas são ricas em proteínas e o público desse nicho está mais preocupado em manter uma alimentação mais limpa, plant-based e com ingredientes naturais funcionais, ricos em nutrientes.
O Sebrae Paraná mapeou que a busca por como aumentar a imunidade cresceu 136% no último ano, o que também está em linha com a preocupação pela continuidade do bem estar e de uma performance constante para o trabalho, treinos e atividades da vida pessoal.
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Desafios da indústria de ingredientes naturais
Mesmo que esteja em um momento bastante positivo e promissor, as empresas do segmento de produtos saudáveis enfrentam alguns desafios para utilização de ingredientes naturais. Alguns desses obstáculos envolvem a consistência e padronização das safras, a complexidade do processo de extração de alguns ingredientes, além de outras questões que você vê abaixo.
Disponibilidade
Os processos de extração de ingredientes naturais são mais exigentes e podem gerar um desafio de disponibilidade para quantidades maiores de produto em menos tempo.
Esse obstáculo pode ser superado com investimento em tecnologia e na qualificação da mão de obra que vai cuidar da produção dos ingredientes, de modo que os processos sejam otimizados continuamente.
Custo
Em um mercado em que os ingredientes artificiais ainda são majoritários, o custo para produção e distribuição de ingredientes naturais ainda é mais alto.
Mas isso é uma questão de tempo até o mercado se estabilizar e os produtos naturais conquistarem mais espaço de modo orgânico, o que influencia na Lei da Oferta e Demanda e diminui os custos de produção.
Selos de segurança
Um desafio contundente para a indústria de naturais é conquistar a confiança dos consumidores sobre o que está dentro da embalagem.
Os fabricantes têm o dever de trabalhar na transparência do marketing e da comunicação nas embalagens, para que o consumidor saiba exatamente o que está colocando na cesta.
Nesse sentido, o Ministério da Agricultura é um aliado para ambos lados pois os selos de autenticidade da origem e extração dos produtos fornece a segurança que o consumidor precisa e as métricas de avaliação que orientam as indústrias de produção.
Summit Future of Nutrition
O Summit Future of Nutrition, tradicional congresso de inovação para o segmento de ingredientes alimentícios, que acontece na Food ingredientes South America (FiSA) de 8 a 10 de agosto, no São Paulo Expo. O segundo dia de palestras terá como tema “Natural Ingredients: Orgânicos, Naturais e Veganos”.
Abrindo os trabalhos, o painel “Como o Setor de Alimentos Pode Acelerar o Desenvolvimento da Bioeconomia”, com mediação de Max Petrucci, CEO da Mahta, foodtech que tem como objetivo produzir alimentos funcionais em pó e contribuir com a preservação das florestas brasileiras. A empresa recorre a ingredientes fornecidos por comunidades tradicionais da Amazônia e por pequenos agricultores que operam segundo os preceitos dos chamados sistemas agroflorestais.
Hugo Salgado, CEO da Liovitta, conhecido como o criador da primeira bebida energética de açaí, participará de um painel que discutirá "O Potencial dos Alimentos Regionais no Mercado Nacional". Hugo falará sobre como agregar mais valor às frutas amazônicas como açaí, cupuaçu, buriti, uxi, e outras de alto valor exótico e nutricional, por meio de tecnologia que conserva e mantém todo o potencial alimentar desses vegetais. “Há um mercado enorme para os ingredientes naturais oriundos da Amazônia e de outros biomas brasileiros, que podem ser usados como bebidas prontas em pó, de preparo rápido, sem adição de químicos conservantes”, comenta Salgado.
Estratégias para viabilizar o uso de extratos vegetais na indústria alimentícia brasileira, a exploração das práticas sustentáveis na produção de chocolate e seu impacto ambiental, e como o conceito de upcycling pode ser aplicado para aproveitar integralmente as plantas nativas em produtos alimentícios também serão abordados.
Ainda em 9 de agosto, no painel “Oportunidades do Mercado Plant-Based: Percepções do Consumidor e Oportunidades para as Proteínas Alternativas", o especialista de Políticas Públicas, Alysson Soares, do The Good Food Institute Brasil (GFI), mostrará os resultados da pesquisa do consumidor realizada pelo GFI Brasil, além das potencialidades do feijão brasileiro como ingrediente para a indústria plant-based.
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Serviço Summit Future of Nutrition - FiSA
Data: 8 a 10 de agosto de 2023
Summit Future of Nutrition: terça à quinta-feira das 9h às 14h
Feira: terça à quinta-feira das 13h às 20h
Local: São Paulo Expo - Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km - Vila Água Funda, São Paulo - SP
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