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FiSA 2022 discute o futuro dos alimentos, com mais inovação e tecnologia

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Maior plataforma de conexão entre fornecedores de ingredientes e a indústria de alimentos e bebidas aborda tendências como plant-based, upcycling e novos marcos regulatórios. Experiência segue em ambiente virtual.

Faltava um ingrediente para completar o momento otimista vivido pela indústria de alimentos e bebidas. Não falta mais. A principal plataforma na América Latina para a conexão do setor com fornecedores de ingredientes, a Food ingredients South America (FiSA) voltou a ser realizada pela Informa Markets em sua plenitude – na verdade, em um formato ainda mais inovador, graças a uma nova proposta figital (físico + digital). A 24ª edição do evento aconteceu entre os dias 09 e 11 de agosto, no São Paulo Expo, e ofereceu conteúdo de alta qualidade e oportunidades de negócios e networking aos mais de 10 mil participantes. Quem não pôde comparecer ao pavilhão teve a chance de conferir transmissões online na plataforma digital Fisa Xperience.

A FiSA abordou as transformações no cenário da alimentação, entre elas o boom dos alimentos e bebidas plant-based (à base de vegetais). Se no passado eles já foram produtos de nicho, reservados a vegetarianos e veganos, cada vez mais rumam ao mainstream. Pesquisas apontam que mais de 40% dos consumidores em todo o mundo buscam moderar o consumo de carnes, lácteos e demais produtos com ingredientes de origem animal, porém sem riscá-los de suas dietas. É o fenômeno definido como flexitarianismo.

Segundo levantamento do The Good Food Institute (GFI), 49% dos brasileiros já buscam reduzir o consumo de produtos de origem animal. E 85% demonstram propensão a experimentar produtos plant-based. De acordo com a Euromonitor, as vendas desses itens no Brasil avançaram quase 70% em cinco anos. A rápida mudança de hábitos e de preferências à mesa, em nome da própria saúde ou da saúde do planeta, tem movimentado a indústria e incentivado empresas de alimentos e bebidas a diversificarem suas ofertas.

Há anos a FiSA debate essa incontornável tendência e, de olho nela, preparou uma atração especial: a Plant-Based Experience. O espaço combinou palestras de especialistas, apresentação de novos produtos e demonstrações de receitas com chefs, sempre com foco na alimentação à base de plantas.

“Os consumidores, de fato, têm buscado um equilíbrio entre a saudabilidade dos alimentos e o impacto sobre o meio ambiente. Os produtos plant-based parecem se conectar a esse anseio e, por isso, tanto a demanda como a oferta têm crescido”, afirmou Mônica Simão, Customer Success Manager da Mintel, responsável por conteúdos apresentados no espaço. “Como obstáculos para uma alta ainda maior, podemos mencionar restrições financeiras e uma desconfiança com relação ao sabor”. 

Algumas estratégias já têm sido aplicadas para superar essas barreiras. Ante as restrições financeiras, supermercados têm lançado produtos plant-based de marca própria, normalmente mais baratos. Já para quebrar estigmas de sabor, as empresas têm caprichado nas embalagens ou mimetizado alguns campeões de popularidade, com doces, snacks e os já famosos hambúrgueres vegetais. O que não falta é inovação e lançamentos.

Essa diversidade dos produtos veganos e plant-based pôde ser vista durante os três dias da atração. Houve espaço para panificação, confeitaria, moqueca, bebidas infantis e lácteas, e até mesmo feijoada com farofa de couve.

Marco regulatório para a categoria

O plant-based também foi um grande eixo do Summit Future of Nutrition, atração mais tradicional da FiSA. Dentre os painéis relacionados ao tema, um deles tratou da regulamentação dessa categoria de alimentos e bebidas, que está no radar do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Hugo Caruso, coordenador geral da Qualidade Vegetal do DIPOV (Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal) do MAPA, detalhou a consulta pública realizada na busca de subsídios para a elaboração de um marco regulatório. Patrícia Castilho, gerente geral de Alimentos da Anvisa, ressaltou que o plant-based precisa desse instrumento para que as empresas possam investir com segurança. “Vamos publicar o relatório das oficinas públicas e aprimorar o diagnóstico preliminar dos problemas regulatórios. Ainda existem algumas fases até termos o texto final”, ela explicou.

Como não poderia deixar de ser, ingredientes plant-based também se sobressaíram entre as novidades apresentadas pelos expositores. Um dos destaques foi o VeCollal, bioidêntico de colágeno 100% vegano e com o mesmo perfil de aminoácidos encontrados no organismo humano, que começa a ser trazido ao Brasil com exclusividade pela Aunare.

Carne cultivada também em alta

Além do plant-based, as carnes cultivadas e fermentadas foram grandes temas da FiSA deste ano. Somados, os negócios de carnes alternativas receberam investimentos da ordem de US$ 5 bilhões em 2021, um aporte anual recorde, segundo o GFI. Desde 2020, foram investidos quase US$ 11,1 bilhões no setor, sendo US$ 8 bilhões (73%) após o início da pandemia.

No dia 10 de agosto, representantes da JBS e da BRF participaram do Summit Future of Nutrition, detalhando os investimentos feitos em carnes cultivadas, focadas na produção a partir de células bovinas não modificadas geneticamente e até na impressão 3D dos alimentos. “Em pouco tempo os filés de carne cultivada serão realidade no mercado e na mesa do consumidor, substituindo as massas proteicas conhecidas atualmente”, previu Gary Brenner, diretor de desenvolvimento de mercado da startup israelense Aleph Farms, parceira de projetos da BRF.

A transformação digital dos processos de inovação da cadeia de valor de alimentos também foi fartamente debatida no congresso científico da FiSA. Painéis e palestras abordaram as contribuições que a Inteligência Artificial (IA), o machine learning e a ciência de dados têm proporcionado ao setor – a exemplo de apoios na criação de novos sabores, texturas e até na aparência de produtos finais. “Não substituímos o ser humano, mas agregamos uma ferramenta que tem ajudado a acelerar o processo”, explicou Cynthia Pereira, diretora de R&D da NotCo.

Nova rotulagem nutricional e pós-bióticos

Prestes a entrar em vigor, a nova norma de rotulagem nutricional na parte frontal das embalagens de alimentos industrializados também ensejou palestras e soluções destacadas pelos expositores. Elaine Guaraldo, sócia-diretora da consultoria Vigna Brasil, conduziu uma apresentação sobre o tema no primeiro dia da FiSA.

No terceiro dia, Mauro Salvador, engenheiro de alimentos e gerente técnico da Ajinomoto, esmiuçou os esforços da empresa para diminuir o sal de carnes sem modificar o sabor e a consistência.

“Com menos sal a carne fica mais sujeita ao aumento de microrganismos. Também é preciso atenção para a estabilidade de emulsão em embutidos como a mortadela. Além disso, o produto que irá substituir o sal precisará manter ou reduzir as perdas das propriedades sensoriais como o sabor e o cheiro”, contou o especialista. Mauro falou ainda das tecnologias com o uso de aminoácidos, Umami e Kokumi, que são utilizadas pela Ajinomoto no esforço para reduzir o sódio nos alimentos.

Já Gabriel Vinderola, professor e pesquisador do Instituto de Lactologia Industrial da Argentina, brindou o público com uma apresentação sobre a evolução do conceito de pós-bióticos. Ele contou que, de 2013 a 2021, surgiram pelo menos seis conceitos desse tipo de ingrediente, o que tem causado controvérsia na comunidade científica e entre nutrólogos. “Para mim, umas das melhores definições é que pós- bióticos são células microbianas mortas ou não viáveis, fragmentos celulares que são naturalmente sintetizados por microrganismos probióticos no processo de fermentação ou em laboratório”, ele compartilhou com o público. “Trata-se de um campo promissor para iogurtes e outros lácteos com novas características funcionais”.

Transmissões online

Quem não pôde comparecer ao pavilhão São Paulo Expo teve a oportunidade de acompanhar alguns takes da FiSA por meio da plataforma digital FiSA Xperience. Além de assistir às transmissões na plataforma, o público teve a chance de entrar em contato com os expositores e de conferir os conteúdos do Warm Up, evento digital de aquecimento da feira híbrida.

Mesmo com o encerramento do evento híbrido, os profissionais da indústria poderão continuar a desfrutar de conteúdos exclusivos, incluindo momentos do Summit Future of Nutrition, na plataforma FiSA BrainBox.

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