O mercado de produtos plant-based tem crescido de maneira promissora nos últimos anos. De acordo com o The Good Food Instituto Brasil (GFI), o segmento cresce mais de 7% ao ano, e terá uma expansão anual média de quase 12% até 2027, conforme cálculo do Meticulous Market Research.
Isso representa um enorme avanço na indústria alimentícia, em pesquisa e desenvolvimentos de produtos. Segundo um levantamento feito pela Bloomberg Intelligence, até 2030, a venda global de alimentos à base de plantas pode crescer mais de cinco vezes, alcançando US$ 162 bilhões.
Há previsão de que o mercado global de alimentos à base de plantas cresça em até cinco vezes. É um cenário promissor e empolgante para a indústria atuar e oferecer produtos criativos que supram as necessidades e os desejos dos consumidores.
A seguir, confira detalhes sobre a dieta plant based, benefícios e tendências de mercado.
Relacionado: Crescimento da proteína vegetal na alimentação brasileira
O que é plant-based?
O termo “plant-based” refere-se a uma alimentação baseada em plantas. Esse tipo de dieta envolve produtos alimentares feitos exclusivamente a partir de ingredientes de origem vegetal, sem a inclusão de carne, laticínios ou outros derivados animais. Este segmento abrange uma ampla gama de alimentos, incluindo carnes vegetais, leites à base de plantas, queijos, iogurtes, e até mesmo sobremesas.
Estes produtos são desenvolvidos para imitar o sabor, a textura e a aparência dos alimentos tradicionais, utilizando proteínas vegetais de fontes como soja, ervilha, grão-de-bico e amêndoas.
A inovação tecnológica e a pesquisa são cruciais para a criação desses alimentos, que visam atender tanto os consumidores veganos e vegetarianos quanto aqueles que buscam reduzir o consumo de produtos de origem animal.
Quais são os alimentos permitidos na alimentação plant-based?
A dieta plant-base é rica em alimentos de origem vegetal. Por isso, estão inclusos:
- Frutas
- Vegetais
- Grãos integrais
- Leguminosas
- Nozes e sementes
- Proteínas alternativas
- Leites vegetais
- Óleos e gorduras saudáveis
- Ervas e especiarias
Esses alimentos são ricos em nutrientes, tornando a dieta à base de plantas não só saudável, mas diversificada.
E quais alimentos são proibidos?
Na alimentação diária, produtos de origem animal são evitados, como carnes e peixes, laticínios, gordura e ovos. Embora menos comum, algumas pessoas também não consumem mel.
Além deles, produtos altamente processados, fast food e açúcar refinado são comumente excluídos da dieta, dando ênfase ao consumo de alimentos inteiros e minimamente processados que maximizem a ingestão de nutrientes e tragam benefícios à saúde.
Relacionado: Nutrição Sustentável: os benefícios dos alimentos orgânicos e os desafios da produção
Qual a diferença entre as dietas plant-based, vegana e vegetariana?
A alimentação plant-based dá ênfase ao consumo de alimentos de origem vegetal, mas não exclui o consumo de derivados animais em sua totalidade. Por sua vez, a dieta vegana elimina totalmente qualquer produto de origem animal, incluindo carnes, laticínios, ovos e mel.
Já os vegetarianos não consomem carne e peixe, mas podem incluir no cardápio produtos, como leite, queijo, iogurte e ovos (dependendo do tipo de dieta).
Importância do mercado plant-based no Brasil
O mercado plant-based no Brasil é de grande importância devido à crescente conscientização sobre saúde, sustentabilidade e bem-estar animal no país.
Com a Amazônia e outros biomas brasileiros sob pressão, a adoção de dietas baseadas em plantas pode ajudar a reduzir o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa associadas à pecuária.
Além disso, a diversificação das fontes alimentares pode contribuir para a segurança alimentar e oferecer alternativas saudáveis e acessíveis à população, que enfrenta altos índices de doenças relacionadas à dieta, como obesidade e doenças cardíacas.
Veja, a seguir, os principais diferenciais e benefícios desse mercado:
Diferenciais | Objetivos | Benefícios |
Produtos feitos exclusivamente de ingredientes vegetais | Reduzir a pegada ambiental da produção alimentar | Menor emissão de gases de efeito estufa |
Textura, sabor e aparência similares aos produtos de origem animal | Proporcionar alternativas saudáveis aos consumidores | Menor consumo de gorduras saturadas e colesterol |
Uso de proteínas vegetais diversas (soja, ervilha, grão-de-bico, etc.) | Aumentar a acessibilidade de alimentos plant-based | Opções diversificadas e acessíveis para veganos, vegetarianos e flexitarianos |
Enfoque em pesquisa e desenvolvimento contínuos | Incentivar dietas equilibradas e nutritivas | Melhoria da saúde geral e prevenção de doenças |
Embalagens sustentáveis e práticas | Contribuir para a sustentabilidade ambiental | Redução do uso de recursos naturais |
Leia mais: Embalagens sustentáveis na indústria
Por que investir no mercado plant-based é a aposta certa?
O crescimento do mercado plant-based é impulsionado por diversas tendências e preocupações dos consumidores. A crescente conscientização sobre os impactos ambientais da produção de carne, incluindo a emissão de gases de efeito estufa e o uso intensivo de recursos, é um dos principais fatores que motivam a mudança para dietas baseadas em plantas.
Além disso, questões de saúde, como a busca por opções alimentares com menos gorduras saturadas e colesterol, e considerações éticas sobre o bem-estar animal também desempenham um papel significativo. Com um aumento constante na demanda, o mercado plant-based tem se expandindo rapidamente, atraindo investimentos e inovação contínua, e sugerindo um futuro promissor e sustentável para a indústria alimentar.
Segundo dados da plataforma Passport da Euromonitor, divulgados pelo The Good Food Institute (GFI) no Brasil, o mercado plant-based cresce 42% e mira romper a barreira de R$ 1 bilhão em vendas no varejo, o que destaca também o aumento de empresas de proteínas alternativas no país.
“Mesmo com preços elevados e o problema das questões regulatórias, o mercado de plant-based está caminhando para deixar de ser apenas um nicho e se tornar um caminho sem volta, pois prioriza a questão ambiental (sustentabilidade) e a saúde das pessoas”, afirmou Fabricio Ribeiro, sócio investidor e diretor comercial da foodtech Nude, durante Q&A da FiSA (2022).
Exemplos e iniciativas no mercado de alimentos e bebidas
Com um crescimento cada vez mais acelerado, os investimentos também são realizados visando aproveitar essa fatia de mercado. Muitas foodtechs se expandem e empresas gigantes do ramo alimentício desenvolvem novos produtos no setor.
Um exemplo é a JBS, conhecida no mercado de proteína animal, mas que adquiriu a empresa Vivera, terceira maior produtora de alimentos plant-based da Europa, atuando em mais de 25 países. No Brasil, a JBS já havia lançado a linha Incrível, da Seara, oferecendo produtos similares a bife bovino, filé de frango, pernil, isca de peixe, bacalhau, hambúrguer e outros, todos 100% vegetal.
Com os consumidores cada vez mais atentos às mudanças alimentares e a preferência por produtos de origem vegetal, muitas empresas enxergam o mercado como promissor e utilizam da criatividade para agradar ao público. Segundo a Euromonitor, o Brasil registrou um aumento anual de 11,1% nos últimos cinco anos no mercado de plant-based.
A Euromonitor também aponta que o setor faturou US$ 82,8 milhões (R$ 457,52 milhões) em 2020, com a estimativa de atingir US$ 131,8 milhões (R$ 728,27 milhões) até 2025. Trata-se, portanto, de um mercado promissor e com grande potencial de faturamento em um curto espaço de tempo.
Com tal potencial, empresas multinacionais, como o grupo Nestlé e Unilever, por exemplo, elaboram estratégias de negócios para criarem produtos vegetais e alimentos sem ingredientes de origem animal. Assim, focam em consumidores vegetarianos, veganos e principalmente os flexitarianos, unindo sustentabilidade, saúde e inovação. A seguir, podemos observar a variedade de opções plant-based no mercado oferecidas por grandes marcas.
O futuro é plant-based
A consultoria A.T. Kearney enxerga que, em 2035, o mercado mundial de substitutos vegetais pode chegar ao valor de 370 bilhões de dólares, representando 23% de todo o segmento de carnes no planeta.
No Brasil, cada vez mais consumidores decidem alternar o consumo de proteína animal com suas versões vegetais. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), coordenada pela The Good Food Institute e apoiada por 11 empresas do setor, os flexitarianos passaram de 29%, em 2018, para 50%, em 2020. Além disso, 39% já procuram realizar a troca pelo menos três vezes por semana.
O consumo de produtos à base de plantas tem aumentado, tanto por pessoas vegetarianas ou veganas, como pelos flexitarianos, que consomem produtos de origem animal, mas querem balancear sua dieta, substituindo por algumas opções plant-based.
“O objetivo é criar opções que permitam aos consumidores manterem seus hábitos e tradições alimentares e, ao mesmo tempo, fazerem escolhas mais sustentáveis, saudáveis e simples”, destacou a Gerente de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute, Cristiana Ambiel, em entrevista ao Food Connection.
LEIA MAIS
- Agroecologia: nova diretriz do mercado de ingredientes alimentícios
- Pós-bióticos: conheça suas propriedades e inovações
- A rotulagem na América Latina e seu impacto no consumidor
- Levedura e fungos: inovação em proteínas alternativas
- Plant-based & Proteínas Alternativas: conheça as tendências e inovações que atendem à expectativa do consumidor global