Uma pesquisa realizada no segundo semestre de 2022 pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), revelou que 38% dos estabelecimentos adotam cardápio por QR code e 25% pretendem adotar o menu eletrônico. A popularização dessa tecnologia aconteceu durante a pandemia e continua fazendo parte da rotina das empresas do setor. Isso porque, além de ser uma solução prática para a apresentação dos pratos e bebidas, o seu uso traz algumas vantagens, como a possibilidade de atualizações rápidas de informações detalhadas nos pratos e dos preços.
Conheça outros benefícios proporcionados por essa alternativa e saiba como implementá-la no seu negócio.
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O que é um QR Code?
QR Code é uma abreviação para o termo em inglês Quick Response Code – ou Código de Resposta Rápida, em português. Ele pode ser entendido como uma evolução do código de barras, utilizado no supermercado para passar os produtos no caixa ou no banco para fazer o pagamento de boletos.
O código de barras convencional representa caracteres por meio de um código horizontal com linhas mais grossas e finas, que podem corresponder a números ou letras. Ele é normalmente lido por scanner a laser, específico para esse fim.
Já o QR Code é uma sequência numérica bidimensional, isto é, ele é lido na horizontal e na vertical. Por essa razão, é capaz de armazenar até 100 vezes mais caracteres que o código de barras convencional. Esse diferencial permite que ele seja usado para acessar endereços específicos na web, como o de um cardápio digital.
Essa tecnologia não é nova. Ela foi criada em 1994, no Japão, como uma forma de catalogar as peças na linha de produção de uma indústria automotiva e se popularizou nos anos 2000 a 2010, quando esse tipo de sequência numérica passou a ser lido pelas câmeras dos celulares.
O Código de Resposta Rápida foi inicialmente utilizado pelo segmento da comunicação, em campanhas publicitárias, publicações noticiosas, entre outros. Por alguns anos, foi uma tecnologia esquecida e com pouco uso, mas voltou à tona no final dos anos 2010.
Durante a pandemia, se popularizou também no setor de food service, que passou a utilizá-lo nos cardápios digitais.
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Como implementar um cardápio por QR Code?
O funcionamento da tecnologia em si é muito simples, a etapa mais complexa é a digitalização do cardápio. Isso porque, para implementar o QR Code, o menu precisa estar em um ambiente online, e existem várias formas de fazer isso.
A primeira e mais simples é hospedá-lo em formato de imagem ou arquivo PDF. Pode ser o mesmo arquivo que antes era impresso, mas que agora será visualizado na tela do celular. Embora seja mais simples de implementar, essa alternativa pode trazer problemas, pois a visualização na tela pequena do dispositivo móvel pode ser dificultosa e não agradar os clientes.
Outra possibilidade é criar uma página com o menu no seu site. Ela deve ser 100% otimizada para a visualização mobile, facilitando a navegação. Existe ainda a opção de hospedá-lo em alguma plataforma ou software próprio para isso.
Algumas plataformas são integradas com o sistema do restaurante e permitem que o próprio pedido possa ser feito na página, evitando a necessidade de atendimento pelo garçom. Isso pode trazer economia para o estabelecimento no que se refere à contratação de pessoal, mas também requer um investimento maior em tecnologia.
Depois que seu cardápio já estiver online, é necessário seguir alguns passos.
- Utilize um gerador de QR Code para criar um código que direcione para a página da internet onde seu cardápio digital está hospedado;
- Imprima-o e coloque-o em algum lugar de fácil acesso ao consumidor. Pode ser em uma plaquinha, colado na mesa ou na parede.
- Ao chegar no restaurante, o cliente deverá usar o celular e apontar a câmera para o QR Code. O dispositivo irá direcionar para a página onde está seu menu.
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Vantagens e desvantagens dessa tecnologia
A pesquisa da Abrasel, citada no início da matéria, também ouviu alguns empresários em relação aos benefícios do menu eletrônico. Dentre os pontos positivos, destacam a substituição dos garçons (13%), a agilidade para atualização (54%), a apresentação mais atrativa dos pratos (42%) e redução dos custos de produção (39%).
No entanto, o levantamento também evidenciou os aspectos que causam desmotivação no ao empreendedor que pensa em adotar tecnologia, como a exigência do consumidor pelo cardápio físico (40%), o aumento de vendas quando o atendimento é feito pelo garçom (25%) e a dificuldade dos clientes em fazer pedidos usando o menu eletrônico (21%).
Apesar disso, a escolha por essa tecnologia deve ser feita a partir das necessidades específicas de cada local. Veja alguns pontos a serem considerados, com base nas informações levantadas pelo estudo.
Redução de custos
O menu por QR Code elimina os custos de impressão do cardápio. Como são utilizados frequentemente, os cardápios dos restaurantes são facilmente danificados. Descascados, dobraduras, manchas, rasgos, riscos e outros danos são comuns, o que faz com que seja necessário reimprimir novas cópias com certa periodicidade.
Ao utilizar o modelo digital, essa necessidade pode ser eliminada. Existe, ainda, o custo da impressão das placas ou adesivos que irão conter o código, mas como são menos manuseadas, elas não necessitam ser substituídas com frequência.
Outro aspecto a ser considerado é o custo de produção, que também é menor. Dependendo da plataforma onde o menu será hospedado, pode ser que você tenha que pagar algum custo de assinatura ou manutenção. Mas existem opções gratuitas (embora menos flexíveis), e ainda que você escolha pagar, o gasto será inferior à impressão de um menu completo.
Praticidade
Outra vantagem do cardápio digital é a possibilidade de realizar alterações a qualquer momento, sem grandes problemas. Caso seja necessário modificar o preço de um produto, retirar algum item ou alterar uma informação sobre um prato, por exemplo, é possível fazê-lo digitalmente, sem a necessidade de realizar uma nova impressão do menu.
Autonomia do cliente e agilidade
O cardápio por QR Code também proporciona mais autonomia ao cliente. Isso porque ele pode verificar as informações na palma da mão, sem precisar aguardar que o garçom lhe traga o menu ou que outro consumidor libere o material para que ele possa consultar.
Por essa maior autonomia e pela redução de custos, portanto, a tecnologia pode contribuir para o aumento do ticket médio do restaurante, além de agilizar os atendimentos. Segundo dados da Square, empresa que vende serviços digitais para restaurantes e bares, o número de pedidos pode aumentar em até 143% com o cardápio digital.
Apesar dos pontos positivos, esse recurso também oferece algumas desvantagens ao empreendedor. Por isso, é necessário considerar os prós e contras antes de tomar qualquer decisão.
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Afastamento dos clientes por falta de adaptação
Essa inovação pode afastar consumidores que não são adeptos da tecnologia ou pessoas que podem ter dificuldade de lidar com um cardápio digital.
Portanto, analise bem o público do seu negócio antes de aderir ao menu por QR Code. Se seu público é jovem, a adoção da tecnologia pode ser interessante. De qualquer forma, manter exemplares do cardápio físico, mesmo que poucas unidades, é uma alternativa segura.
Preferências dos consumidores
Uma pesquisa da Technomic revelou que 66% dos consumidores não gostam dos QR Codes, pois eles obrigam a pegar o celular assim que sentam à mesa. Outros 55% dizem que acham os cardápios digitais difíceis de ler e de se navegar.
A pesquisa O Futuro do Food Service, realizada pela Fispal Food Service e FGV Jr. em 2021, mostrou que a inovação divide a opinião do público: 47% preferem usar o cardápio digital, ao passo que 21% ainda dão preferência ao cardápio físico. Os demais 32% são indiferentes ao tipo de menu apresentado nos estabelecimentos.
Dos consumidores que mostraram preferência pelo cardápio digital, foram questionados os motivos da predileção. Os principais pontos foram higiene (24%) e praticidade (23%). Também se mostraram importantes os critérios: rapidez (16%), sustentabilidade (16%), descrição detalhada (11%) e fotos de qualidade (8%).
Desses dados, é possível levantar duas conclusões: a primeira é que, antes de implementar essa tecnologia no seu negócio, é preciso conhecer o seu público. Nem todos irão se adaptar a essa inovação. Portanto, nesse caso, a versão física do menu continua sendo a melhor opção.
Para o chef Marcelo Ferreira, a escolha do formato do cardápio depende do estilo de cada empreendimento.
“Cada estabelecimento, principalmente os restaurantes, têm a sua identidade comercial, o seu estilo e, consequentemente, o seu nicho comercial. Estando esses pontos definidos, a escolha do cardápio é um passo simples”, disse o chef.
A segunda conclusão, e talvez a mais importante, é que, embora a tecnologia pareça ser simples, a criação do menu virtual precisa ser planejada com a mesma atenção e cuidado de um cardápio físico. Afinal, se o consumidor considerar a navegação ou a compreensão difícil e contraintuitiva, a ideia não será bem aceita pelo público e pode trazer prejuízos para o seu negócio.
Assim, é preciso que haja a clareza das informações e que o projeto visual seja elaborado de forma que os elementos ofereçam uma experiência agradável ao consumidor e que crie uma conexão entre o cliente e o restaurante ou lanchonete. Esse é, inclusive, um fator decisivo para a escolha do público no estabelecimento.
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