O crescimento de renda e a melhora das condições de parte da população fizeram despertar um importante nicho de mercado nos últimos anos. Com o maior poder de compra e a consequente busca por qualidade, a indústria pôde focar no serviço personalizado, com produtos diferenciados ou voltados a nichos específicos.

Apesar do crescimento constante dos produtos personalizados, a indústria de embalagens também se mantém focada na linha de abastecimento

Essa tendência, segundo comenta Luciana Pellegrino, diretora executiva da Abre (Associação Brasileira de Embalagem) também trouxe um interessante impacto no setor. “A personalização é importante e traz uma série de oportunidades”, explica. “Há muito para explorar, depende do que o produto busca, se ele vai buscar algum consumidor específico, se vai trazer alguma sofisticação, explorar algum nicho de mercado ou uma funcionalidade específica como a saudabilidade”, explica a executiva.

Pellegrino, contudo, faz uma ponderação: apesar da ampliação dos produtos personalizados, a indústria de embalagens segue focada na linha de abastecimento, mais preocupada com o custo do que com a diferenciação. São segmentos, segunda ela, paralelos. Cada um tem seu próprio espaço.

“Essa realidade sempre vai existir. E isso ocorre porque são produtos com um propósito diferente”, enfatiza. “Os produtos de abastecimento vivem essa realidade. O consumidor busca o custo-benefício, ele está preocupado com o preço. Como compra com mais regularidade, está preocupado com o preço. A cadeia vai ter essa pressão do custo.”

Para exemplificar a complementaridade desses segmentos, a diretora lembra do arroz. Há o produto padrão, diariamente presente na mesa do brasileiro, cuja embalagem não precisa de grande inovação. Já o diferenciado, como o sete grãos ou o saborizado, necessariamente exige algo específico – um zíper abre e fecha, por exemplo. “Na mesma categoria existem as duas linhas. E elas funcionam paralelamente.”

Embora a embalagem personalizada tenha ganhado certo espaço nos últimos anos, isso se deve apenas porque “o mercado de abastecimento já é consolidado. O outro é novo, específico, o que permite um crescimento maior.”

O potencial de crescimento dessas embalagens, porém, ainda é difícil especificar. Pellegrino explica que o desenvolvimento dos personalizados depende mais de questões externas – como renda e desenvolvimento social – do que de fatores como tecnologia ou marketing.

A própria indústria global é um exemplo disso. “Esse desenvolvimento paralelo já ocorreu em outros países, mas em momentos diferentes, como nos Estados Unidos e na Europa. E precisa analisar ainda o poderio econômico e a questão social”, aponta a diretora da Abre. “Você pode ir mais longe na sofisticação. Pode ter margem maior, até porque começou antes. Mas o limite é a condição da população, e não a tecnologia. O custo inerente à população. Cada país terá seu teto.”