As novas regras de rastreabilidade na indústria de alimentos e bebidas entraram em vigor no segundo semestre de 2018. De acordo com a legislação, todos os vegetais frescos para o consumo humano deverão ser rastreados pela cadeia produtiva até fevereiro de 2020, com o objetivo de controlar os resíduos de agrotóxicos.

Com a rastreabilidade, será possível ter acesso às informações de origem dos produtos para que as não-conformidades sejam corrigidas em seu ponto de início.

Mas como se adequar às novas leis de rastreabilidade na indústria de alimentos e bebidas e usar a prática a favor do negócio? Acompanhe!

Entenda a importância da rastreabilidade na indústria de alimentos e bebidas

“A essência da rastreabilidade está na gestão completa de todos os elos da cadeia produtiva, garantindo elevado padrão de qualidade, desde a origem das matérias-primas até a chegada do produto final ao ponto de venda. Dentre outros desafios, deve-se desenvolver um rigoroso processo de seleção e monitoramento de fornecedores e parceiros ao longo de todas as etapas da cadeia produtiva”, explica a professora Drª Gleriani Ferreira, professora da graduação da FIA (Fundação Instituto de Administração) e especialista em rastreabilidade de cadeias produtivas.

De acordo com a professora, investir em rastreabilidade na indústria de alimentos e bebidas é uma necessidade também para atender aos novos consumidores. Atualmente, eles estão mais atentos e exigentes na busca por informações a respeito dos produtos, especialmente quando se trata da indústria alimentícia.

“Rastreabilidade também garante acesso a novos mercados. Ter um produto rastreável representa a diferença entre vender apenas no mercado interno ou exportar e obter vantagens como a valorização da marca e a redução do risco de depender de um único mercado”, destaca a professora.

Cenário brasileiro

De acordo com a Gleriani, a organização e o controle das cadeias produtivas permitiram ao Brasil alcançar a posição de maior exportador mundial de carne bovina e de frango, e o quarto maior exportador de carne suína: “nestes casos, a rastreabilidade exigida pelos mercados compradores envolve informações completas sobre o histórico de criação do animal, como localidade, características e origem da alimentação, vacinas, forma de abate, etc”.

Ao mesmo tempo, registramos déficit na balança comercial de pescado. “Mesmo tendo uma das maiores reservas de água doce do planeta e uma costa litorânea com mais de 8.000 km, o Brasil ainda não desenvolveu uma indústria de pescado capaz de oferecer rastreabilidade, escala e certificações exigidas pelos mercados internacionais”, explica a professora.

Os exemplos acima mostram que é preciso atender às exigências legais que tratam sobre a segurança e a rastreabilidade na indústria de alimentos e bebidas. Afinal, não cumpri-las impacta diretamente nas oportunidades do mercado que o país ou a empresa conseguirão aproveitar.

Legislação e tendências de mercado

É importante dizer que, apesar de as novas regras de rastreabilidade na indústria de alimentos e bebidas não obrigarem a disponibilização das informações aos consumidores finais, essa pode ser uma prática determinante para conquistar um melhor posicionamento de mercado.

Como lembrado pela professora Gleriani, o consumidor está cada vez mais exigente e deseja saber a procedência daquilo que está comprando. Por isso, manter um processo transparente pode colaborar a construção de uma marca mais forte e com mais valor agregado.