Com o papel de reduzir o atrito e, consequentemente, o desgaste entre superfícies metálicas de máquinas e equipamentos, a lubrificação industrial é um importante pilar da manutenção preventiva que precisa ser adaptada na esfera das indústrias de alimentos e bebidas para não comprometer a segurança alimentar. Afinal, o uso de óleos minerais comuns pode causar não só a contaminação dos produtos fabricados, mas, também, danos à saúde humana, caso o alimento contaminado chegue ao mercado.
Porém, quando executada de forma adequada (com o lubrificante aplicado na quantidade correta, no lugar certo e na hora indicada), a lubrificação traz muitos benefícios para as indústrias do setor. E é justamente por isso que o SGQ (Sistema de Gestão da Qualidade) influencia e controla os tipos de lubrificantes utilizados na manutenção do maquinário industrial, a fim de atender às exigências contidas no Código Alimentar do HACCP (do inglês Hazard Analysis and Critical Control Point – Análise de Perigo e Pontos de Controle Críticos na Gestão da Lubrificação Industrial de Indústrias Alimentícias).
“Há uma lista de matérias-primas que são liberadas para a composição de óleos lubrificantes de grau alimentício. Então, o fabricante que desenvolve esse tipo de produto precisa estar atento a isso, assim como a indústria que os utiliza”, ressalta Roberto Pecchia, gerente de mercado para a indústria alimentícia da Klüber Lubrification.
Diante disso, investir no uso de lubrificantes de grau alimentício – os chamados “Food Grades” – é fundamental. Eles dão às superfícies internas dos componentes das máquinas utilizadas a proteção necessária para o controle do atrito, do desgaste e da corrosão, assim como a vedação e a estabilidade térmica e de oxidação. Além disso, não contêm substâncias tóxicas, odor, coloração, gosto e resistência à degradação, o que é muito bom, já que diversos equipamentos trabalham em ambientes de grande umidade e presença de água.
Tipos de óleos lubrificantes para indústria alimentícia
Os tipos de lubrificantes indicados para a aplicação na indústria alimentícia estão divididos em categorias baseadas na probabilidade que cada um tem de entrar em contato com a comida (grau de perigo alimentar). O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) criou as designações originais dos lubrificantes de grau alimentício mais utilizados no mundo. São elas: H1, H2 e H3.
- H1: lubrificantes de grau alimentício usados em ambiente de processamento de alimentos, onde existe alguma possibilidade de contato alimentar incidental. As formulações lubrificantes devem ser compostas de bases aprovadas, aditivo e espessante engrossador (se for graxa). Somente a mínima quantia de lubrificante exigida deve ser aplicada no equipamento.
“O nível de contaminação máximo de um alimento com o produto H1 é de 3 bpm, pois ele pode, acidentalmente, ter um contato com o alimento, mas, é claro que, durante a produção, o esperado é que isso não ocorra”, esclarece o profissional.
- H2: usados em partes de equipamentos e máquinas que estão em locais onde não há nenhuma possibilidade que o lubrificante ou a face lubrificada entre em contato com os alimentos. Por não haver risco de contato com o alimento, lubrificantes de H2 não têm uma lista definida de ingredientes aceitáveis. Porém, eles não podem conter metais pesados, como antimônio, arsênio, cádmio, chumbo, mercúrio ou selênio e nem substâncias que são carcinogênicas, mutagênicas (radiação) e teratogênicas (provocam má formação do feto por anomalias causadas no útero).
- H3: conhecidos como “óleos solúveis” ou “comestíveis”, são usados para limpeza e prevenção de ferrugens em ganchos, talhas, carretilhas e equipamentos semelhantes.Os lubrificantes devem ser escolhidos conforme a sua classificação na grade alimentícia e fundamentados em planos de lubrificação, que especifiquem corretamente em quais pontos eles devem ser aplicados.
Afinal, contaminação alimentar é sinônimo de prejuízo, logo a indústria alimentícia que não se preocupa com o tipo de óleo lubrificante que utiliza, sobretudo em pontos de contato com os alimentos, está em iminente perigo, podendo ser multada e, até mesmo, interditada por órgãos fiscalizadores de segurança pública.
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