Em um cenário no qual a preocupação com a segurança e a qualidade dos alimentos oferecidos ao consumidor ganha cada vez mais força é de se imaginar que a revolução tecnológica que vivenciamos atualmente também seja devidamente explorada pela indústria de alimentos para atender às suas necessidades.

Nesse contexto, não podemos deixar de falar da nanotecnologia,  uma tecnologia inovadora, em franco desenvolvimento no Brasil, que pode ser aplicável em qualquer etapa da cadeia produtiva, proporcionando muitos benefícios à indústria de alimentos.

O que é nanotecnologia?  

Embora não seja oficializado, o termo nanotecnologia é definido na “Pesquisa de Inovação 2011 (Pintec 2011)”, promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como “um conjunto de técnicas usadas para manipular a matéria até os limites do átomo, com vistas a incorporar materiais nano-estruturados ou nanopartículas em produtos existentes para melhorar seu desempenho, ou criar novos materiais e desenvolver novos produtos”.

“Na indústria alimentícia, esse conceito generalizado pode ser aplicado de diversas maneiras, uma vez que a nanotecnologia pode estar presente não só nos ingredientes das formulações dos alimentos, como nos conservantes e nos flavorizantes, por exemplo, mas também nas embalagens”, revela Cleila Guimarães Pimenta Bosio, especialista da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Não à toa, o potencial de aplicação da nanotecnologia vem se destacando em todos os segmentos da cadeia produtiva de alimentos. São eles:

•    Agricultura – com sistemas de liberação controlada de pesticidas, vacinas para animais e detecção de patógenos;

•    Processamento – encapsulamento de flavorizantes, edulcorantes e agentes de texturas;

•    Embalagem – sensores para a detecção de gases e de micro-organismos;

•    Suplementos – nutracêuticos com alta estabilidade e biodisponibilidade devido a sistemas de liberação controlada.

Os benefícios da nanotecnologia na indústria de alimentos

Para a indústria de alimentos como um todo, a nanotecnologia representa um ganho de produtividade, pois pode reduzir a contaminação da matéria-prima por micro-organismos, além de oferecer uma série de outros benefícios que se revelam de diferentes maneiras, como no caso das embalagens inteligentes, por exemplo, cujo o uso de nanopartículas  pode apresentar uma  atividade antimicrobiana importante ou, até mesmo, preservar o sabor original de determinada bebida.

“A nanotecnologia apresenta um potencial muito grande no que diz respeito à agregação de valor e ao aumento da vida útil/tempo de prateleira dos alimentos. Além disso, também pode proporcionar menos desperdício e diminuir, consequentemente, o impacto da produção de alimentos no meio ambiente”, afirma Clelia.

Isso tudo se reflete em um amplo horizonte, ainda em evolução. Afinal de contas, são descobertas desse tipo que fazem a própria indústria rever os conceitos atuais aplicados em todas as suas etapas produtivas, com foco cada vez maior nos produtos saudáveis, nutritivos e saborosos.

“Novos conservantes podem reduzir a concentração de açucares e sódio nas formulações, além atuais de trazerem a possibilidade da adição de nutrientes e da produção de alimentos mais saudáveis”, finaliza a especialista da ABDI.