A maior consciência ambiental dos consumidores e a necessidade de reduzir o impacto de resíduos na natureza têm impulsionado a indústria a desenvolver embalagens mais sustentáveis para alimentos e bebidas. 

Durante a Fispal Tecnologia 2024, as empresas XYPD, Henkel e Technocoat apresentaram alternativas inovadoras que garantem menor uso de plástico, tornam os rejeitos biodegradáveis, facilitam e tornam a reciclagem rentável.

Pelo processo tradicional de reciclagem de garrafas PET, é necessário separar os rótulos, o que exige conscientização do consumidor ou uma etapa a mais no reaproveitamento. 

A XYPD apresentou rótulos sleeves de CPET um PET cristalizável que associado à impressão com tintas laváveis à base de água   permite que as garrafas e os rótulos sejam reciclados juntos. Assim, os dois materiais formam Flakes de PET cristal que podem ser vendidos com valor agregado. Antes de desenvolver essa saída, a XYPD destinava mensalmente cerca de 100 toneladas de PVC para um aterro e agora pode vender todo esse material para a reciclagem. 

“O material resultante do processo de reciclagem pode ser transformado em tubos, perfis para indústria civil, eletrodutos. Trabalhamos com uma fábrica parceira em São Paulo que compra e recicla as nossas sobras, como resto de bobina, e os nossos clientes em São Paulo também podem entregar os rótulos PVC para eles. De acordo com a ISO 14000, atualmente quem trabalha com PVC tem que pagar para que ele seja destinado e hoje o destino é o aterro. Então conseguimos desenvolver a cadeia para valorizar o PVC que agora pode ser comprado por essa fábrica parceira”, explica Patrícia Anzai, diretora da XYPD.

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Plástico biodegradável de menor custo e maior durabilidade

O plástico também é uma preocupação para a Technocoat, que já trabalha para diminuir ou eliminá-lo de seus produtos. As embalagens de plástico da companhia têm até 80% menos plástico do que as comuns. O mercado tem embalagens de 100 gramas por metro quadrado, sendo que 100% é plástico. Já a Technocoat oferece 100 gramas por metro quadrado, sendo 80% papel e 20% plástico. Para a Fispal Tecnologia, a aposta e lançamento da empresa foi o aditivo Technobio que possibilita que a embalagem se biodegrade em quatro anos.

“Com esse aditivo, o plástico passa a ter um ciclo de vida no qual em dois anos até 90% da embalagem estará biodegradada, e em 4 anos 100% estará biodegradada sobrando somente uma biomassa composta por CO2, água e húmus. O Technobio não deixa metal pesado no solo, que é uma das grandes preocupações, também não gera microplástico no solo, outro importante aspecto. Estudos falam em 150, 200, 300 anos para o plástico se biodegradar, então a gente traz isso pra quatro anos uma realidade muito mais aceitável. Além de tudo isso, produtos com Technobio podem ser reciclados normalmente”, explica Weslen Guimarães, executivo de vendas da Technocoat.

O executivo destaca a funcionalidade e a vantagem financeira da solução. “Hoje o mercado tem vários produtos biodegradáveis, mas que são muito caros ou tem baixa durabilidade. Por exemplo, um copo com PLA, que é um polímero biodegradável, se você colocar água e ela ficar ali durante muito tempo o material vai começar a derreter. O Technobio acrescenta menos de 10% no custo final da embalagem e isso pode ser recuperado com uma comunicação que ressalta a sustentabilidade do produto para os consumidores.”

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Adesivos de fontes renováveis

Já a Henkel mostrou a linha Technomelt Supra Eco que abrange o adesivo para embalagem de alimentos hotmelt, feito com base de água e poliuretanos, que garantem a segurança alimentar e a integridade dos produtos. 

Mas o que chama a atenção é a sustentabilidade do adesivo produzido com até 98% de matérias-primas de fontes renováveis. Os adesivos hotmelt podem ser usados para inúmeros fins, como fechar caixas de panetone, colomba pascal e bolos, até para canudos de papel. 

“Na Henkel, entendemos a importância dos adesivos e trabalhamos de forma direta com o mercado para melhorar a segurança e a sustentabilidade desses itens”, afirma Guilherme Villares Barbosa, gerente de desenvolvimento da Henkel.

Programa Lupinha

Durante a Arena Fispal Tec, congresso realizado durante a feira, foi discutida a sustentabilidade no setor de embalagens, destacando três palavras: reduzir, reciclar e reutilizar. 

Por ser um tema importante para as empresas, diante do fato de consumidores estarem cada vez mais atentos aos cuidados que suas marcas de preferência têm em relação à preservação do meio ambiente, a Associação Brasileira de Embalagens (ABRE) busca guiar seus associados para o desenvolvimento sustentável em toda a cadeia de produção. 

“Na ABRE, criamos o Programa Lupinha, que visa oferecer mais informações sobre os produtos para o consumidor, inclusive sobre o descarte correto da embalagem’, contou Luciana Pellegrino, Diretora Executiva.

O Lupinha consiste em uma plataforma onde as marcas cadastram os perfis de cada produto. A partir de então, basta o consumidor apontar o celular para o QR Code da lupinha aplicado em cada embalagem para ter acesso a uma série de informações sobre a composição, teor nutricional e descarte correto, de forma rápida, prática e ampliada.

Além disso, membros da ABRE visitam as cooperativas de catadores para entender melhor a jornada da embalagem e assim buscar pontos de melhoria. “A sustentabilidade tem que ser trabalhada em cada elo da cadeia. Hoje, elenco duas frentes principais para as quais toda a sociedade deve estar atenta: a redução da emissão de carbono e a circularidade”, destacou Luciana.

A Arena Fispal Tec acontece durante a Fispal Tecnologia, maior encontro da indústria de alimentos, bebidas e embalagens. A edição de 2025 já tem data marcada: de 24 a 27 de junho, no São Paulo Expo. Já a TecnoCarne passa a ser bienal, com data confirmada somente para 2026.

 

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