Fabricantes de alimentos e bebidas investem em alternativas para reduzir custos e manter alto índice de renovabilidade

Embora não ocupem a fatia mais expressiva do bolo de custos da indústria de alimentos e bebidas, as despesas com energia ainda representam, em valores brutos, uma conta salgada para as empresas do segmento arcarem anualmente. Como forma de reduzir o peso desta rubrica em suas planilhas, fabricantes têm procurado soluções de mercado que para garantir, ao mesmo tempo, confiabilidade no fornecimento do serviço e valores menos salgados para seus negócios. As alternativas passam por negociações no mercado livre, investimentos em geração própria e eficiência energética.

Segundo dados do ano de 2016 disponíveis na Pesquisa Industrial Anual, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o custo médio com energia na cadeia de indústria de alimentos e bebidas ficou em cerca de R$ 580 mil por ano, ou R$ 48 mil mensais. Em termos proporcionais, o peso dessa conta equivale a aproximadamente 1,8% dos custos totais que as companhias alimentícias e de bebidas têm por ano. Importante frisar que o IBGE considera, para compilação dessa pesquisa, o consumo total de energia, agregando tanto combustíveis quanto eletricidade.

Produzido pela Empresa de Pesquisa Energética, o mais recente Balanço Energético Nacional, reunindo informações até 2017, mostra que a eletricidade representa pouco mais de 10% no conjunto de fontes primárias mais demandadas pelas empresas, ficando em segundo lugar no ranking. O bagaço de cana-de-açúcar aparece isoladamente na primeira posição, com participação de quase 74% na estrutura de consumo energético do segmento. A energia elétrica consumida pelas indústrias de alimentos e bebidas em 2017 totalizou 27.483 GWh, um aumento de 2,1% frente ao ano anterior.



Os números retratam que o custo bruto com energia ainda representa despesas consideráveis, ao mesmo tempo que revelam um significativo volume de eletricidade demandado. A resposta da indústria passa, em grande parte, por ações de sustentabilidade. Na área de alimentação, a indústria vem investindo nisso. Relatório da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos mostra que a migração para o mercado livre e medidas de eficiência energética, em conjunto, foram cruciais para que a cadeia de alimentação mantivesse números positivos em matéria de renovabilidade no consumo e na geração própria.

Em 2015, 90,6% da energia utilizada pelo setor vieram de
fontes renováveis. Já a eletricidade gerada pelas empresas alcançou 9.242 GWh,
sendo 92,7% de renováveis. A ampliação da autoprodução não impediu que a
indústria conseguisse reduzir seu consumo total de energia em 6,6%, saindo de
22,9 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP) em 2011 para 21,4
milhões de TEP em 2015. A redução se mostra significativa especialmente se for
levado em conta que a participação da área de alimentos no consumo energético
total do Brasil caiu de 9,4% em 2011 para 8,2% em 2015.

Criado nos anos 1990 e fortalecido na última década, o
mercado livre de energia permite a empresas de médio e grande porte negociarem
contratos de fornecimento diretamente com empresas de geração ou
comercialização, com base no Preço de Liquidação das Diferenças. As transações
são reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica e operacionalizadas
pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. As empresas podem ainda
investir em centrais geradoras exclusivas para abastecer suas próprias unidades
fabris (a chamada autoprodução) e em equipamentos mais eficientes.

As principais tendências em novas tecnologias para o mercado de consumo das classes industrial e comercial no setor de energia elétrica estarão em debate no Energy Solution Show, evento do Informa/Grupo CanalEnergia que ocorre nos dias 28 e 29 de maio em São Paulo.