Procurando reduzir seu impacto ambiental e custos, as
empresas buscam novas soluções de energia para alcançar seus objetivos.
Atualmente, soluções de geração distribuída, autogeração de energia, cogeração,
além da contratação de energias renováveis no mercado livre, estão disponíveis
para a indústria.
As indústrias de alimentos e bebidas estão cada vez mais convencidas dos benefícios de comprar energia no mercado livre como estratégia de realizar uma maior gestão dos gastos da eletricidade em seus processos produtivos e atingir suas metas de sustentabilidade.
Essa tendência pode ser confirmada quando analisados os
dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O consumo de
energia da indústria de alimentos cresceu 12,8% em abril deste ano comparado
com igual mês em 2018. Da mesma forma, no caso da indústria de bebidas, houve
crescimento de 11,4%. Uma parte desse crescimento de consumo é explicada pelo
crescimento da produção, contudo, a maior parte é resultado da entrada de novas
empresas no mercado livre.
O mercado livre é o ambiente de comercialização onde os
agentes podem escolher o tipo de fonte de geração que quer consumir e negociar
o preço da energia, por meio de contratos firmados com comercializadoras e
geradores de energia. Consultorias e algumas empresas especializadas prestam
serviços de gestão de contratos e orientação para que o cliente entenda as
oportunidades e os riscos envolvidos.
O presidente da consultoria Excelência Energética, Erico
Brito, explica porque é mais vantajoso para uma indústria consumir energia via
mercado livre. Nesse ambiente, o consumidor deixa de pagar encargos e ainda tem
um preço mais completivo para o insumo, podendo encontrar economia entre 15% e
20%.
“A compra no mercado livre não é a única saída. Têm
muitas empresas procurando outras formas de economizar e consumir energia
limpa. Uma delas é a autoprodução centralizada”, disse. “Tanto que
tem muitos geradores de fontes renováveis que têm estudado modelos de
arrendamento de ativos para fins de equiparação de autoprodução
centralizada”, completou.
Com a queda nos preços da energia nos leilões do governo,
geradores buscam modelos de negócio para viabilizar seus projetos. Uma nova
modalidade em prática é buscar consumidores que queiram comprar energia de um
novo empreendimento. Neste caso, o consumidor é para da solução de
financiamento do empreendimento, por outro lado, o consumidor também é
enquadrado como autoprodutor, deixando de pagar encargos, em alguns casos tem
até isenção de ICMS, tornado a situação ainda mais atraente do que a compra no
mercado livre.
Para ser consumidor do mercado livre, a empresa precisa ter
uma carga de pelo menos 500 kW. Mas a tendência é que gradualmente essa
barreira seja reduzida, permitindo a participação de empresas de porte
menores. Outra possibilidade é procurar
uma comercializadora varejista, que pode encontrar soluções para realizar a
migração do consumidor. Para agregar mais valor ao negócio, diversas
instituições fornecem um tipo de selo verde que confere ao consumidor a garantia
de estar consumindo energia de fonte renovável.
Essa busca por sustentabilidade faz parte de uma
transformação cultural das companhias. A cervejaria holandesa Heineken, por
exemplo, inaugurou no dia 16 de maio desde ano, um parque eólico em Acaratú, no
Ceará. Com investimento de R$ 40 milhões, a usina produzirá energia suficiente
para abastecer 30% do consumo das 15 cervejarias da marca no país.
Também nesse mês, a rede Walmart assinou, nos EUA, um
contrato para receber energia fotovoltaica de 46 novas usinas. A rede de
hipermercados quer chegar a consumir 50% de energia renovável em toda sua
operação até 2025.
Para quem não pode ir para o mercado livre, também há
solução que atingem resultados semelhantes mesmo para o cliente conectado às
concessionárias de distribuição de energia. De acordo com Nelson Colaferro,
presidente do Grupo Blue Sol, com o aumento da eficiência e a redução de custo
na aquisição de painéis e instalação dos equipamentos, a energia solar
fotovoltaica começa a ser uma alternativa até para pequenas indústrias.
“Para uma indústria que consome bastante água no
processo produtivo, a geração de energia limpa pode ser um item bastante
importante para trazer uma contribuição significativa para o meio
ambiente”, afirmou Colaferro. “Quando eu falo que a indústria já está
aderindo é porque os custos estão tão viáveis que mesmo para uma indústria que
consome em alta tensão a conta financeira pode ser bastante interessante”,
completou.
Quando a empresa tem um sistema de GD, ela passa a ter um hedge
dos custos de energia. Complementarmente, a fonte pode ser importante para
processos indústrias que precisem de pré-aquecimento em até 100 graus.
O setor industrial também precisa ficar atendo as
oportunidades que virão com a reforma planejada pelo Governo Federal par o mercado
de gás natural. O novo programa pretende atrair recursos de até R$ 50 bilhões
até 2030 e, com isso, dobrar a produção nacional de gás, saindo dos atuais 112
milhões de m³/dia para 220 milhões de m³/dia.
O gás natural é um insumo estratégico para indústria, tanto
para fornecer energia elétrica, como para gerar calor, água quente e fria, bem
como atuar como backup para casos emergências de cortes no fornecimento de
energia.
O mercado livre é um dos temas do Energy Solutions Show, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia/Informa Markets, nos dias 28 e 29 de maio, em São Paulo. O Energy Solutions Show trará todas as novidades e tendências do mercado de energia elétrica, que podem beneficiar o consumidor com um consumo mais sustentável e econômico.