Embora o Brasil tenha diversos rios e uma extensa faixa litorânea, não somos líderes de mercado ou de produção em piscicultura. No ranking TOP 25 Produtores da FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) – liderado pela China – aparecemos em 14º lugar. A FAO estima que o Brasil deve registrar um crescimento de 104% na produção da pesca e aquicultura até 2025.
A produção brasileira de peixes é de 474.3 mil toneladas. Os 5 maiores estados produtores são Rondônia, Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo.
O que é a Piscicultura?
A piscicultura é a criação e produção de peixes em ambientes controlados. Uma atividade aquícola que cresce rapidamente no Brasil. Para criar os peixes são usados diversos sistemas como:
- Viveiros Escavados;
- Açudes;
- Tanques-rede
Criação de peixes em viveiros escavados
Os viveiros escavados são tanques que surgem a partir da escavação da terra, sempre do meio para as laterais. Nestas laterais, levantam-se paredes chamads de talude. Os viveiros têm formato retangular com fundo uniforme. Isso facilita a captura dos peixes com uso da rede. Um ponto de atenção para quem trabalhar com piscicultura em viveiros escavados é o cuidado com a possibilidade de encher e drenar os tanques diversas vezes por ano.
Psicicultura em açude ou represa
Também chamados de represas, os açudes são construídos com aterros em áreas baixas para que o armazenamento da água da chuva possa acontecer de maneira simples. Nesse tipo de criação não há grande controle sobre as dimensões e formatos do açude e isso permite pouco controle de quem cuida da criação de peixes.
Tanques-rede
Neste modelo de criação de peixes, é possível deixar os animais confinados em estruturas flutuantes e fechadas com telas ou malhas. Esse tipo de criação permite o aproveitamento de diversas áreas como reservatórios de usinas hidrelétricas e açudes de grande porte. Com este sistema é possível manter a qualidade da água, já que ela circula de forma livre e contínua
Para acessar mais informações sobre como realizar a ciração de peixes por meio destes 3 modelos, basta acessar o documento sobre o fundamento da produção de peixes disponibilizado pelo CNA Brasil.
Quais os pontos positivos da piscicultura no Brasil?
Além do peixe ser um alimento com alto nível de qualidade para o consumo humano, a piscicultura proporciona ainda mais controle e cuidado sobre os peixes que são oferecidos à população. Além disso, por meio da piscicultura é possível a criação de peixes que já estão em extinção. Isso contribui positivamente para o controle da fauna brasilira aumentando sua diversidade.
Outro ponto positivo é a geração de renda que possibilita ao pequeno e médio produtor rural uma maneira de ganhar mais dinheiro por meio de uma prática sustentável.
Tipos de produção na Piscicultura
No Brasil, existem 3 tipos de produção: Extensiva, Semi-intensiva e intensiva.
No sistema extensivo a criação dos peixes é feita de maneira mais rudimentar, principalmente com a técnica do cerco aos animais. O povoamento destes certos, que são os tanque-rede, acontecem de maneira comum e comumente por espécies da região. No sistema extensivo de criação de peixes a alimentação dos animais é feita de maneira natural com o que é produzido no próprio local. O investimento para esse tipo de cultura é baixo e traz mais rentabilidade.
Já no cultivo dos peixes no modelo semi-intensivo há a inserção de suplementação alientar, bem como tratamentos químicos da água e a mecanização de alguns processos. No sistema intensivo a produção é controlada e tem como objetivo a otimização de toda a cadeia de criação dos peixes. Na criação de maneira intensiva, as especies mais comuns são o salmão, atum e tilápia. A maneira intensiva de criação de peixes é a prática que mais evolui, principalmente em países desenvolvidos justamente por conta da produtividade aliada à sustentabilidade da produção.
Qual o peixe mais lucrativo para criar?
A Tilápia! De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), as exportações da piscicultura brasileira atingiram U$ 5,6 milhões no 3 trimestre de 2021, com aumento de 71% em relação ao mesmo período no ano anterior.
Uma boa explicação para este crescimento é, justamente, a profissionalização da piscicultura no Brasil.
Neste cenário, os melhores peixes para criar em cultivo são:
- Tiápia - Peso ideal e maior potencial de desenvolvimento
- Carpa cabeça-grande - Convive bem com outras espécies e atinge até 2kg em apenas um ano de cultivo
- Tambaqui - Peso médio de 1,5kg e meio em apenas 1 ano de cultivo e sua alimentação é, relativamente, barata.
- Dourado - Ganha peso facilmente e responde bem a criação em cativeiro.
- Pirarucu - Uma das maiores promessas da criação em cativeiro e um dos maiores peixes de água doce. Pode passar dos 2 metros e atingir os 200 kg.
Mas, alguns pontos ainda precisam de melhoria para que a criação de peixes no Brasil dê um salto ainda mais positivo. Alguns desafios relacionados à falta de profissionalização podem prejudicar a vida do produtor. Veja quais são eles:
Principais desafios a piscicultura brasileira
Falta de orientação técnica
Segundo a pesquisadora da Embrapa Pesca e Agricultura, Adriana Ferreira Lima: “geralmente, há muitos animais em um viveiro ou estrutura. ” isso dificulta, e muito, o processo de criação e desenvolvimento dos peixes.
Piscicultores produzem, mas não sabem para quem vender
A falta de profissionalização no setor é um agravante que prejudica, principalmente, o contato entre os piscicultores brasileiros e seus possíveis compradores. Falta um elo na cadeia que transite pelos setores e ligue o comprador ao produtor.
Descuido da qualidade da água
“Cavam um buraco, enchem de água e colocam animais e acham que isso basta”. Adriana Ferreira aponta esta como uma das principais barreiras na qualidade do produto final. Em diversos tipos de cultura, um cuidado mais abrangente com a qualidade da água pode trazer produtos finais ainda mais potentes para o consumo.
Falta de controle da alimentação
A falta de controle na alimentação dos animais é outro entrave que prejudia a piscicultura no Brasil. Esse problema pode representar até 70% dos custos produtivos. “Ás vezes sobra comida, outras vezes falta”. Com este entrave, às vezes, o lucro da produção fica prejudicado.
A indústria de alimentos e bebidas, principalmente no Brasil, passa por constantes evoluções e com a criação de peixes para consumo não seria diferente. Contudo, é preciso profissionalizar o piscicultor para que ele possa extrair ainda mais ganhos e elevar a cadeia da criação a um patamar competitivo com o mercado.