Na manhã desta terça-feira, 6 de agosto, o primeiro dia do Summit Future of Nutrition, que abriu a 26ª edição da FiSA, apresentou uma discussão de alto nível intitulado “Plant-Based & Proteínas Alternativas: Conheça as Tendências e Inovações que Atendem à Expectativa do Consumidor Global”. O painel, composto por especialistas renomados, trouxe as últimas tendências e inovações no setor de proteínas alternativas, refletindo as expectativas crescentes dos consumidores e as respostas da indústria alimentícia.
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Como foi o painel Summit Future of Nutrition?
Participaram do painel: Didier Toubla, CEO e co-founder da Aleph Farms; Anna Paula Viana, fundadora da APVIANA Food Solutions; Sérvio Túlio Prado, professor, doutor e pesquisador da FGV; e Caroline Mellinger Silva, pesquisadora da Embrapa Food Technology.
Toubla foi o primeiro a falar no painel. Sua empresa é uma das pioneiras no mundo no cultivo de carne, ou seja, produzir um produto vegetal análogo à carne. Ele explica que, para fazer isso, utiliza células de origem animal, o que torna o alimento híbrido. “Estamos no começo do processo, mas acreditamos que a carne cultivada é importante para a sustentabilidade do planeta e esperamos que mais empresas comecem a trabalhar com esse tipo de alimento ao redor do mundo”.
Se por um lado a sustentabilidade da carne cultivada é entendida como uma tendência, seu escalonamento em nível mundial ainda é uma realidade distante. Para Toubla, é importante focar em bons produtos, utilizando as melhores tecnologias disponíveis para isso.
“Porém, a capacidade de desenvolvimento deste tipo de produto ainda é um investimento caro e de alto risco, dificultando seu escalonamento para outros mercados, como o Brasil. É preciso encontrar uma estratégia sinérgica entre as commodities, a produção do alimento e a inovação para justificar os preços elevados no começo e ter certeza da qualidade do produto e aceite dos consumidores”, ressalta.
A Aleph Farms é uma foodtech israelita. Em janeiro deste ano, Israel foi o primeiro país a autorizar a venda de carne cultivada bovina. No Brasil, a empresa tem um acordo com a BRF para produzir e comercializar o produto quando for autorizado pelos órgãos regulatórios.
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Desafios da cadeia produtiva
Caroline Mellinger Silva, Gerente de Pesquisa da Embrapa Food Technology, abriu sua apresentação no painel com uma análise detalhada das novas fontes de proteínas e suas implicações para a sustentabilidade. Silva destacou a importância da pesquisa contínua para desenvolver alternativas que não apenas atendam às necessidades nutricionais globais, mas também minimizem o impacto ambiental.
"Estamos focados em inovações que assegurem a sustentabilidade dos recursos e a eficiência da produção de proteínas", afirmou Silva, ressaltando que a Embrapa está empenhada em criar soluções que integrem sustentabilidade e nutrição.
Silva também abordou os desafios da cadeia produtiva. Para ela, a indústria de ingredientes no Brasil precisa desabrochar para usar todo o seu potencial de matérias-primas e produção de alimentos de origem vegetal.
“Um dos grandes desafios é o desenvolvimento científico do setor. Já existe diversidade em muitos segmentos e, aliado a isso, tem-se também qualidade. Agora, estamos no ponto de amadurecimento, precisamos endereçar soluções tecnológicas e científicas para questões de saudabilidade e nutrição, aliando com clean label. Precisamos trabalhar a funcionalização das proteínas, ou seja, cuidar melhor das proteínas extraídas das matérias-primas para que elas tenham um comportamento tecnológico superior no desenvolvimento do produto, com melhor qualidade sensorial e nutricional”, destacou.
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Expectativas do mercado
Sérvio Túlio Prado, Professor da FGV EASP, forneceu uma visão crítica das tendências de mercado que estão moldando a indústria de proteínas alternativas. Prado apresentou dados sobre o aumento da demanda por produtos plant-based e como as empresas devem ajustar suas estratégias para atender às novas expectativas dos consumidores.
Ele enfatizou que "compreender as preferências dos consumidores é fundamental para desenvolver produtos que estejam alinhados com suas preocupações sobre saúde e meio ambiente".
Prado atua no setor de fermentação de proteínas alternativas, pesquisando como startups podem oferecer soluções ao setor de alimentos. “Os esforços da indústria de tecnologia especializada em proteína alternativa mira a indústria de ingredientes e alimentos e, consequentemente, o consumidor final, que atua como a fonte de valor para o crescimento do negócio. Este ecossistema ainda está em formação”, ressaltou.
Anna Paula Viana, Diretora da APVIANA Food Solutions, corrobora com a fala de Silva ao dizer que o Brasil precisa aumentar a quantidade de ingredientes para conseguir melhorar a qualidade e quantidade de produtos plant-based. “Temos agora uma segunda geração de ingredientes de proteínas, que são mais completos, ou seja, proteínas que entregam outros resíduos, como fibras e amidos, o que evita a adição desses componentes. É super importante que usemos a biodiversidade do Brasil na busca de ingredientes para gerar produtos únicos, sustentáveis e com preços acessíveis”, afirmou.
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Novas tecnologias
Vianna também falou sobre as tecnologias emergentes que estão revolucionando o setor. Ela explorou como a fermentação avançada e a biotecnologia estão sendo usadas para melhorar a qualidade e a eficiência das proteínas alternativas. Viana explicou que "novas tecnologias estão permitindo a produção de proteínas com melhores características nutricionais e sensoriais, atendendo às demandas do mercado de forma mais eficaz".
Didier Toubia, CEO da Aleph Farms, trouxe à tona as inovações na produção de carne cultivada em laboratório. Toubia discutiu os avanços na tecnologia de cultivo celular e como isso pode representar uma solução sustentável para a produção de carne. "A carne cultivada oferece uma alternativa promissora à carne convencional, com um menor impacto ambiental e uma capacidade de atender a uma demanda crescente de forma mais sustentável", disse Toubia.
O painel foi encerrado por Gustavo Guadagnini, Diretor do GFI (Good Food Institute), que abordou as tendências globais e a necessidade de colaboração para acelerar a inovação em proteínas alternativas. Guadagnini destacou que "para enfrentar os desafios alimentares do futuro, é crucial que a ciência, a tecnologia e as políticas públicas trabalhem juntas para promover soluções inovadoras e sustentáveis".
O encontro ofereceu uma visão abrangente sobre as direções futuras da indústria de proteínas alternativas, destacando a importância da inovação tecnológica e da adaptação às demandas do mercado para construir um futuro mais sustentável e nutritivo.
Participe do Summit Future of Nutrition, o tradicional congresso científico da Fi South America. Com um programa recheado de palestras e debates, o evento é uma plataforma essencial para profissionais do setor se atualizarem sobre as últimas inovações e tendências do mercado.
Serviço Summit Future of Nutrition | Fi South America 2024
Data: de 6 a 8 de agosto de 2024.
Local: São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km - Vila Água Funda, São Paulo - SP, 04329-900)
Horário do Summit Future of Nutrition: 9h às 14h
Horário da feira: 13h às 20h
Ingressos para a feira: www.fi-events.com.br/pt/credenciamento.html