Não são raros os casos de enófilos que conservam seus rótulos favoritos por anos na adega em busca de uma complexidade no sabor, o que demanda paciência – principalmente – para que o ponto ideal seja atingido.Acontece que nem todo profissional que trabalha com a bebida sabe o suficiente a respeito do assunto e, no afã de buscar reproduzir a façanha, acaba por servir uma bebida com pouca intensidade e, até mesmo, sabor.
Não se trata apenas da maneira de conservar as garrafas, mas do produto ideal para cada tipo de finalidade. E, por isso, vamos falar neste artigo sobre como usar ou mesmo comercializar vinhos quando o ideal é consumi-los mais rapidamente. Confira!
Vinhos têm prazo de validade?
Cabe dizer que, dificilmente, um vinho expira a partir de uma data, como a maioria dos produtos perecíveis. No entanto, o representante comercial na importadora Devinum, André Santos, diz que “um vinho tem um ciclo de vida, como nós também temos. Mas isso não significa que ele possua uma data de vencimento. Por exemplo, vinhos jovens envelhecem com mais facilidade, e isso poucos consumidores sabem”.
Isso significa que existem rótulos, sim, que devem ser consumidos em tempo hábil, enquanto outros podem acumular poeira, na adega, que a sua complexidade será trabalhada à medida que os anos passarem.Sem falar que a conservação interfere também nesse processo. Até por isso, os cuidados para acomodar as garrafas são tão significativos (armazenar sempre em áreas climatizadas, deitados e ao abrigo da luz).
Mas, quando o processo de produção do vinho não é pensado para essa conservação longeva, não há adega no mundo que consiga manter as características da bebida por muito tempo.
Por que o vinho oxida?
“A acidez é predominante para o vinho envelhecer com qualidade. Ela causa frescor no vinho e, pra envelhecer com qualidade, a bebida tem que ter frescor” afirma André.
Entretanto, não são todos os rótulos que contam com essa qualidade. Existem vinhos que são produzidos para saírem das produtoras e passar apenas por uma breve estadia em supermercados e restaurantes.São, por exemplo, os vinhos mais acessíveis e de custo/benefício pensado em curto prazo. Nesses casos, André adverte que os tintos podem resistir ao processo de oxidação por 4 a 5 anos, no máximo. Os brancos, por sua vez, resistem por não mais do que 4 anos.Essa atenção pode ser pensada para usar o vinho em um prazo determinado, mas que não seja considerado um elemento decisivo para se considerar uma data de vencimento.
Afinal de contas, para o consumidor – ou mesmo quando adquirido para ser usado na cozinha –, o vinho é um produto de consumo, não devendo se limitar às datas, mas às ocasiões ideais para merecer o brinde.
O que fazer com os vinhos que oxidam em menos tempo?
Para o consumidor e empreendedores que fazem da milenar bebida um especial ingrediente em seus cardápios, os vinhos mais jovens podem ser grandes destaques na cozinha.André dos Santos aponta uma refinada receita que faz bom uso dos vinhos tintos que são fabricados pensando em um consumo imediato: o beef bourguignon, um ensopado de carne considerado patrimônio da culinária francesa.
Já para os vinhos brancos, desses cujo consumo também não deve ultrapassar a marca de três a quatro anos, as opções gastronômicas são tão ou até mais acessíveis do que o rótulo, já que risotos podem ser agraciados com o sabor da bebida, em seu preparo.“Além disso, o vinho branco pode ser usado, na cozinha para regar carnes e frangos, além de ser um ingrediente importante para o preparo de caldos também”, revela André Santos.
Ou seja: ainda que você esqueça do vinho por alguns anos, ou ele não saia com aquela frequência esperada, não há com o que se preocupar com data de vencimento ou algo parecido. Basta usar a criatividade no aromático calor da cozinha!Por fim, então, caso você esteja à procura de um rótulo que vá figurar em sua adega por anos – ou mesmo décadas –, André dá a dica. “Para vinhos de guarda, de alta gama, sempre consulte um profissional qualificado para indicar as melhores opções”.