Duas das maiores empresas do setor da indústria pesada no mundo estão apostando em robôs colaborativos para a indústria de alimentos. As máquinas da WEG e da Mitsubishi apresentadas na Fispal Tecnologia 2025 têm em comum a preocupação com a boa relação entre trabalhadores-humanos e máquinas, com os robôs funcionando inclusive como protetores das pessoas.
A WEG apresentou na Fispal 2025 o Autonomous Mobile Robot, uma solução inovadora para movimentação interna de materiais em fábricas. O robô utiliza inteligência artificial para navegar autonomamente, transportando produtos de forma eficiente e segura pelas plantas industriais.
A pesquisa O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas: a expansão e os desafios do setor em 2025, do Food Connection e da Fispal Tecnologia, aponta que a aplicação de IA em robôs industriais é o terceiro uso mais comum, perdendo apenas para sistemas de automação industrial e de execução de manufatura.
No caso da WEG, a IA aplicada a robôs industriais funciona como uma espécie de Waze, escolhendo automaticamente a melhor rota e desviando de obstáculos em tempo real dentro da planta. A IA embarcada permite que ele tome decisões inteligentes, como dar a volta quando um corredor fica bloqueado ou aguardar em áreas congestionadas.
O sistema utiliza um sensor luminoso frontal que mapeia 270 graus ao redor do equipamento, com alcance de até 40 metros. Esta tecnologia permite localização contínua e navegação colaborativa com pessoas no mesmo ambiente.
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WEG quer eliminar gargalos dentro das plantas
A solução atende uma necessidade crítica da manufatura moderna. Em fábricas com grandes áreas, a movimentação manual de materiais consome recursos humanos significativos. O robô elimina essa movimentação desnecessária, permitindo que colaboradores foquem em atividades de maior valor.
Quando múltiplos robôs operam simultaneamente, a IA gerencia automaticamente o tráfego, identificando gargalos e otimizando rotas. Em corredores estreitos onde apenas um robô pode passar, o sistema coordena o movimento da frota automaticamente.
O robô requer mapeamento prévio do ambiente, mas após essa configuração inicial, opera com total autonomia. O software está completamente embarcado, com PC interno dedicado, não dependendo de internet para funcionar.
Mitsubishi e soluções para grandes e pequenas linhas
A Mitsubishi tornou uma das suas máquinas famosas nas redes sociais. A empresa divulgou o caso de um equipamento industrial que parou de funcionar, depois de 29 anos de uso. E parou de funcionar porque a bateria acabou.
O case é ilustrativo da durabilidade das soluções da companhia japonesa. E, na indústria de alimentos em específico, isso é um grande diferencial competitivo dado que qualquer paralização de máquinas pode significar uma compressão das já apertadas margens do negócio.
Um dos destaques é o novo PLC com sistema Motion Control, apresentado na Fispal Tecnologia 2025, capaz de operar de 8 a mais de 100 eixos em uma única plataforma, atendendo desde pequenas máquinas até linhas completas de produção.
“Isso facilita muito a programação e permite controlar uma máquina inteira com densidade alta de eixos. É uma solução que agrega valor pela flexibilidade e eficiência”, explicou Alexandre Seraim, gerente de marketing da Mitsubishi Electric.
Seraim destacou que a durabilidade não é suficiente, é preciso que a máquina seja capaz de entregar alta repetibilidade, que é a capacidade de executar o mesmo movimento inúmeras vezes sem reduzir a exatidão do movimento.
A linha da Mitsubishi atende desde operações de pick and place (pegar e posicionar) até paletização de fim de linha, com robôs industriais e colaborativos com capacidade de carga de 2 kg a 80 kg, ou seja, para pequenas e grandes linhas.
Outros cases de integração homem-máquina
A Maqinox apresentou na Fispal Tecnologia 2025 soluções com IA integrada. Uma delas é o sistema robotizado de encaixotamento para embalagens Stand Up Pouch. Outro, um software de monitoramento de performance baseado em machine learning.
“A IA monitora continuamente o funcionamento das máquinas. Qualquer variação reduz a eficiência e indica problemas imediatamente”, explica Thiago Laube, diretor industrial. O sistema aprende tanto com suas próprias decisões quanto com as decisões dos colaboradores, e pode tomar decisões automáticas, como parar a máquina se a eficiência cair para 85%. “Antes, o monitoramento era apenas visual”, completa o executivo, explicando que o restante do processo ficava todo na mão de humanos.
Já a HP Machine destacou os co-bots, robôs colaborativos projetados para trabalhar lado a lado com humanos. “O nosso robô possui sensores que criam uma área de proteção invisível. Se alguém se aproxima, ele para imediatamente”, afirma Luiz Correa, gerente comercial. As garras são customizadas conforme o tipo de produto, de sacarias a fardos, o que evita paradas na linha.
Com escassez de mão de obra para funções braçais, os robôs colaborativos ajudam a suprir lacunas, especialmente no fim da linha. “O robô é como um amigo de fábrica: não substitui o humano, mas trabalha junto, com segurança e precisão”, conclui Correa.
Ainda assim, a implementação de IA carece de mão de obra para operar e treinar as máquinas. E, neste sentido, mais um gargalo se forma: a ausência de profissionais qualificados no mercado, ponto mais mencionado pelas empresas na pesquisa “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas” quando o assunto é os desafios na implementação de inteligência artificial nas plantas industriais do setor de alimentos.
Capacitação humana

Outro ponto de preocupação apontado na pesquisa é com relação à falta de treinamento para preparar os funcionários para operar a tecnologia. Nesse sentido, vale mencionar que a presença cada vez maior de máquinas nas fábricas não elimina o papel humano, ao contrário.
Por isso, a Mitsubishi anunciou investimentos em capacitação de operadores e técnicos, com treinamentos gratuitos em plataforma de ensino a distância, além de cursos presenciais por meio de parceiros. “Temos uma preocupação real em transferir conhecimento. Queremos que o operador saiba usar, manter e evoluir com nossos sistemas”, afirmou Seraim.
Essa abordagem é essencial em um país com dimensões continentais como o Brasil, onde a escassez de mão de obra qualificada ainda é um gargalo em algumas regiões.
Para isso, a empresa mantém um laboratório de manutenção em Sorocaba (SP) e uma rede de centros de reparo espalhados pelo país, garantindo suporte técnico mesmo em áreas distantes.
A pesquisa “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas”, realizada pela Fispal Tecnologia em parceria com o Food Connection, revela como a tecnologia está sendo aplicada no Brasil. Entenda como as pequenas, médias e grandes empresas da indústria alimentícia brasileira estão se adaptando ao uso da inteligência artificial em seus processos, impulsionadas pelo potencial de aumento de produtividade, segurança e rentabilidade. Faça o download e prepare-se para a próxima revolução industrial!