Uma pesquisa da consultoria Roland Berger estima que, nos próximos 20 anos, haverá a escassez de mais de 200 milhões de trabalhadores qualificados no mundo. Um dos motivos, conforme esse levantamento, é a necessidade cada vez maior de uma mão de obra qualificada.

Isso se deve a uma mudança de perfil, tanto do gestor quanto do trabalhador da Indústria 4.0. O que se observa é que técnicos deixarão de exercer funções repetitivas, o que não significa que serão retirados da linha de produção. Muito pelo contrário, eles serão alocados para exercer funções estratégicas e para controlar projetos, o que requer uma qualificação maior do que a demandada para a execução de tarefas repetitivas.

Na contramão do que algumas pessoas pensam sobre a automação promovida pela Indústria 4.0, a estimativa na criação de empregos é positiva. Uma pesquisa do Boston Consulting Group indica que o número de empregos deve aumentar 6% nos próximos dez anos.

A demanda por funcionários no setor de engenharia mecânica deve subir ainda mais, em torno de 10%. A expectativa geral é de que sejam criados 960 mil postos de trabalho, principalmente nas áreas de TI e de desenvolvimento de software. Mas se estudos apontam um aumento de empregos na Indústria 4.0, mesmo com uma diminuição das atividades repetitivas, qual deve ser o perfil deste profissional, em especial do gestor da Indústria 4.0?

O primeiro atributo desse profissional é ser atualizado, estar informado sobre as inovações, tanto na área da tecnologia de informação quanto na parte de conexão de sistemas.

“É importante que esse gestor esteja muito presente no momento em que a migração para a Indústria 4.0 esteja ocorrendo e que mostre conhecimento sobre as inovações que serão apresentadas”, enfatiza o diretor do Laboratório de Sistemas Computacionais para Projeto e Manufatura da Universidade Metodista de Piracicaba, professor Klaus Schützer.

Ele alerta ainda que “várias posições tradicionais de trabalho vão deixar de existir, e será preciso engenheiros altamente qualificados na área de tecnologia da informação. E isso não diz respeito apenas aos engenheiros de computação, mas também aos de automação, mecânicos, elétricos, entre outros”, destaca Schützer.

Habilidades de um gestor da Indústria 4.0

Cabe ressaltar que aquelas habilidades sociais, como facilidade de trabalhar em equipe, interação, flexibilidade e comunicação são aspectos que não se alteram, mas há outras características que se unem a elas no perfil do gestor da Indústria 4.0.

1. Formação multidisciplinar

A formação multidisciplinar é fundamental. Além da iniciativa do gestor em se qualificar e buscar mais informação para a sua formação, as universidades precisam auxiliar nessa formação. O diretor do Laboratório de Sistemas computacionais da Universidade Metodista de Piracicaba ressalta o apoio que as universidades precisam dar aos futuros profissionais.

“Nos cursos de engenharia da década de 1970, havia uma formação mais ampla em informática e isso foi deixado de lado devido ao enxugamento dos currículos. Temos que voltar a essa formação nos cursos de engenharia, deixando os currículos mais completos para os engenheiros”, enfatiza.

2. Capacidade de adaptação

A capacidade de adaptação é fundamental para um gestor da Indústria 4.0, tendo em vista que há uma mudança muito grande no modus operandi. Se, antes, os equipamentos só eram programados para obedecer a ordens enviadas por um software, a partir de agora eles também emitirão informações do seu próprio ciclo de vida – o que significa que, antes mesmo de apresentar um problema, o gestor saberá que precisa fazer algum tipo de manutenção para não perder tempo de produção.

3. Uso da tecnologia

O bom gestor da Indústria 4.0 deve saber utilizar o celular com a mesma maestria que o aplica em seu dia a dia, no que diz respeito aos aplicativos. A quarta revolução industrial prevê que, da mesma forma que a internet está nos celulares com diversos aplicativos, ela chegue no chão de fábrica com alta eficiência.

Isso porque esse gestor terá os equipamentos, as máquinas e ferramentas em geral conectadas em uma rede, o que permite a ele monitorar remotamente o trabalho que vem sendo desenvolvido.

4. Bom relacionamento

Embora a tecnologia esteja transformando o chão de fábrica, esse quesito, principalmente para o gestor, é muito importante, ainda mais em um momento como esse de transição, em que se exige um outro perfil dos profissionais e, consequentemente, outra postura das equipes.

Cabe ao gestor da Indústria 4.0 proporcionar ao ambiente esse clima saudável, necessário para o desenvolvimento de um bom trabalho. Para isso, habilidades de relacionamento e comunicação são cruciais.

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