Nos últimos anos, a proteína ganhou protagonismo na rotina alimentar de diferentes públicos, não apenas o esportivo. Esse movimento reforça a importância de discutir a biodisponibilidade proteica.
Entender como ocorre a digestibilidade, a absorção de proteínas no organismo e o real aproveitamento nutricional é fundamental tanto para a saúde quanto para as estratégias da indústria.
Relacionado: Fermentação de Precisão: conheça a produção de proteínas à base de células: Biodisponibilidade proteica: as melhores fontes de proteínas e oportunidades para a indústriaO que é biodisponibilidade proteica
A biodisponibilidade proteica indica o quanto das proteínas ingeridas é realmente absorvido, digerido e aproveitado pelo organismo. Ela depende da digestibilidade proteica, da eficiência na absorção de proteínas no organismo e do perfil de aminoácidos essenciais disponíveis.
Quanto maior a biodisponibilidade, maior o potencial de uso dessas proteínas na síntese proteica muscular, na reparação de tecidos e na manutenção de funções vitais.
Fatores que influenciam a biodisponibilidade
Digestão e absorção no intestino
A biodisponibilidade proteica depende da digestibilidade proteica e da absorção de proteínas no organismo ao longo do trato gastrointestinal.
Proteínas mais facilmente quebradas em peptídeos e aminoácidos elevam o índice de biodisponibilidade proteica e o valor biológico das proteínas, otimizando o aproveitamento metabólico.
Aminoácidos essenciais e papel na síntese proteica
O perfil de aminoácidos essenciais e biodisponibilidade direciona a síntese proteica muscular.
Fontes completas tendem a apresentar maior qualidade nutricional das proteínas, enquanto combinações de proteínas vegetais vs animais ajudam a cobrir limitações e melhorar o aproveitamento das proteínas na dieta.
Influência do processamento industrial e da preparação culinária
Segundo estudo sobre nutrição proteica, os processos térmicos e mecânicos podem desnaturar estruturas, facilitando a digestão de proteínas no intestino. Por outro lado, aquecimento excessivo e reações como Maillard podem reduzir a disponibilidade de aminoácidos.
Na indústria, tecnologias que preservam estrutura e minimizam danos elevam a biodisponibilidade de proteínas em suplementos esportivos e em alimentos prontos.
Interação com outros nutrientes
Fibras, antinutrientes e minerais modulam fatores que afetam a absorção de proteínas (ex.: fitatos podem reduzir acesso enzimático). Já carboidratos e lipídios influenciam o esvaziamento gástrico e o efeito térmico das proteínas, alterando a velocidade de absorção.
Uma matriz alimentar equilibrada favorece o aproveitamento de proteínas na dieta e sustenta melhor qualidade nutricional das proteínas.
Comparação entre fontes de proteínas
As diferentes fontes de proteína variam em valor biológico, digestibilidade e biodisponibilidade, influenciando diretamente seu aproveitamento pelo organismo.
Proteínas de origem animal
Segundo estudo da Frontiers in Nutrition, carnes, ovos, leite e derivados (como o whey protein) oferecem alto valor biológico das proteínas e rápida absorção pelo organismo.
Essas fontes reúnem todos os aminoácidos essenciais, favorecendo a síntese proteica muscular e garantindo melhor aproveitamento de proteínas na dieta.
A qualidade nutricional das proteínas lácteas se destaca pelo perfil completo de aminoácidos e pela elevada digestibilidade proteica, refletida em índices como o DIAAS, que pode variar entre 100 e 120, conforme o estudo.
Esse desempenho supera a maioria das proteínas vegetais vs animais, já que muitas fontes de origem vegetal apresentam menor concentração de aminoácidos essenciais e valores mais baixos de biodisponibilidade.

Proteínas de origem vegetal
Fontes como soja, ervilha, lentilha e grão-de-bico ganharam destaque com o crescimento das dietas à base de plantas.
Essas proteínas contribuem para uma alimentação equilibrada e sustentável, mas apresentam limitações em relação à biodisponibilidade proteica.
Nem sempre elas oferecem todos os aminoácidos essenciais em proporções ideais e podem conter fatores antinutricionais que dificultam a digestibilidade proteica.
Apesar de desafios, estratégias vêm sendo aplicadas para melhorar o índice de biodisponibilidade proteica das vegetais. A fermentação, por exemplo, reduz compostos que prejudicam a absorção e aumenta a quantidade de peptídeos e isoflavonas, como já observado em produtos à base de soja.
Outro caminho é combinar diferentes ingredientes vegetais — como aveia, ervilha e lentilha — para criar perfis mais completos de aminoácidos e elevar o valor biológico das proteínas.
No campo da inovação, probióticos como o Bacillus coagulans (BC30) têm se mostrado aliados ao potencializar a absorção de proteínas no organismo, ampliando o aproveitamento de proteínas na dieta de origem vegetal.
Além disso, o uso de microalgas como Spirulina e Chlorella cresce como alternativa, já que elas oferecem alto teor proteico, boa qualidade nutricional das proteínas e compostos bioativos com benefícios à saúde.

Suplementos proteicos
A suplementação proteica e a biodisponibilidade despertam interesse de praticantes de atividades físicas e também para quem busca longevidade, já que ajudam a preservar massa muscular e funções vitais ao longo do envelhecimento.
O whey protein, derivado do leite, é considerado padrão de referência: possui alto índice de biodisponibilidade proteica, rápida absorção e concentração elevada de leucina, aminoácido-chave para o estímulo da síntese muscular.
No universo das alternativas vegetais, a discussão sobre proteína de soja e biodisponibilidade ganha destaque. Apesar de oferecer um perfil de aminoácidos mais completo do que outras fontes vegetais, sua absorção ainda é inferior ao whey protein, o que limita parcialmente o estímulo à síntese muscular.
Mesmo assim, a soja continua sendo uma opção valiosa em dietas plant-based e pode ter seu potencial ampliado. Combinações com outras fontes ou fortificação com leucina se mostram estratégias eficazes para ampliar sua eficácia nutricional.
O mesmo acontece com a proteína de ervilha, que tem conquistado espaço em dietas plant-based e no mercado de suplementos. Embora apresente boa digestibilidade, seu conteúdo de aminoácidos essenciais é mais limitado, o que pode reduzir o valor biológico das proteínas.
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A busca por produtos que otimizam a absorção de proteínas no organismo abre espaço para novas formulações de suplementos.
Tecnologias que melhorem a digestibilidade proteica e o índice de biodisponibilidade proteica — como o uso de probióticos ou processos de fermentação — ampliam o aproveitamento de proteínas na dieta e criam diferenciais competitivos em categorias já consolidadas, como o whey protein.

O avanço do mercado plant-based gera demanda por soluções que superem as limitações das proteínas.
Estratégias como misturas complementares (soja + ervilha + lentilha) e redução de fatores antinutricionais aumentam a qualidade nutricional das proteínas vegetais, tornando os suplementos mais atraentes para consumidores veganos, flexitarianos e preocupados com sustentabilidade.
A nutrição esportiva, avaliada em bilhões de dólares e em crescimento global, é um terreno fértil para inovação. A combinação entre suplementação proteica e biodisponibilidade com a nutrição de precisão permite criar produtos sob medida, ajustados a características genéticas, microbiota intestinal, estilo de vida e objetivos individuais.
A nutrição de precisão e novos processos industriais como fermentação, biofortificação com aminoácidos essenciais e uso de ingredientes naturais elevam a biodisponibilidade de proteínas em suplementos esportivos e em alimentos funcionais.
Relacionado: O impacto da tecnologia no desenvolvimento de dietas sob medida: Biodisponibilidade proteica: as melhores fontes de proteínas e oportunidades para a indústriaAlém de atender consumidores que buscam desempenho, essas soluções se alinham a tendências de saudabilidade, transparência e menor processamento, criando oportunidades de diferenciação em um mercado altamente competitivo.