A maior parte dos empreendedores da indústria de alimentos têm até R$ 100 mil para impulsionar seus projetos relacionados à inteligência artificial. Os dados são da pesquisa “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas”, do Food Connection em parceria com a Fispal Tecnologia. 

Mas, afinal, como usar essa quantia para fazer um projeto eficiente que leve a indústria a um novo patamar, sem desperdiçar dinheiro? 

Para Daniel Cassimiro, engenheiro e consultor técnico com foco em Alimentos & Bebidas da Siemens, o primeiro passo é investir em soluções escaláveis, ou seja, tecnologias que permitam começar pequeno e crescer conforme os resultados aparecem.

“Conseguimos começar com um projeto pequeno e escalar conforme a verba do nosso cliente”, afirma. Isso permite que uma empresa teste uma aplicação de IA em uma área restrita da produção, validando resultados antes de ampliar o escopo.

Além da tecnologia em si, o executivo destaca a importância de entender a maturidade digital da empresa antes de aplicar recursos. Para isso, a empresa oferece um serviço de consultoria que analisa tanto a cibersegurança quanto as áreas com maior potencial de retorno.

“Construímos um workshop com o cliente para identificar em qual área ele vai ter maior eficácia ao investir em uma prova de conceito”, explica Daniel.

Primeiros passos

Na visão de Ricardo Santos, CEO da Tupinix, é essencial, antes de qualquer aplicação de IA, garantir que a empresa tenha dados organizados, acessíveis e estruturados. 

“Com esses R$ 100 mil, a gente consegue fazer uma POC (prova de conceito), escolher uma linha de produção, acessar os dados, contextualizar e usar esses dados em um dashboard para preparar a inteligência artificial”, afirma. Sem esse preparo, segundo ele, não há tecnologia que consiga interpretar corretamente os dados.

O primeiro investimento, portanto, deve ser voltado à interoperabilidade. “Você tem que pensar em conectar dados industriais do chão de fábrica e organizá-los em algum lugar. A inteligência artificial depende totalmente da qualidade dos dados que ela recebe”, reforça Ricardo. 

Por isso, o conceito de Unified Namespace — ou espaço de dados unificado — é central para empresas que querem integrar diferentes áreas, como energia e produção, e extrair indicadores mais precisos, como o custo de energia por peça produzida.

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Erros comuns

Esse tipo de abordagem evita erros comuns cometidos por empresas iniciantes, como investir em dashboards em nuvem sem antes estruturar as fontes de dados. “Nosso público-alvo hoje são empresas que já se frustraram com iniciativas anteriores e agora buscam fazer certo. Já entenderam que é preciso integrar antes de automatizar”, diz o CEO da Tupinix.

Assim como a Siemens, a Tupinix também adota um modelo escalável, o que facilita a adesão de pequenas e médias empresas — maioria no setor.

Segundo Santos, o processo começa com uma avaliação de maturidade digital, seguida de um roadmap, execução da prova de conceito e acompanhamento contínuo. “É uma jornada, não um projeto com começo, meio e fim. Você vai aprendendo e evoluindo o ecossistema a cada ciclo”, resume.

Com um projeto de 3 a 5 meses, é possível obter resultados mensuráveis e identificar os pontos de maior retorno. “Com R$ 100 mil, você consegue implementar rapidamente e já colher frutos. A ideia é começar com os casos de maior impacto e menor esforço. O retorno vem, e com ele você alimenta o ciclo de transformação”, diz o CEO da Tupinix. 

Entre os principais focos iniciais estão indicadores como OEE (eficiência geral do equipamento) e monitoramento de paradas de máquina, ações que ajudam a produzir mais com menos.

Previsão de investimentos em IA

Segunda a pesquisa “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas”, realizada pela Fispal Tecnologia em parceria com o Food Connection, a maioria das empresas que planejam investir em inteligência artificial e automação nos próximos dois a três anos projetam aportes financeiros mais modestos. Entre os respondentes, 38% pretendem investir até R$ 100 mil.

O percentual de 13% planeja aplicar entre R$ 100 mil e R$ 500 mil, enquanto 18% preveem investimentos entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Outros 13% indicam previsão de aportes superiores a R$ 1 milhão. Os respondentes que não têm investimento planejado representam 18%.

Esse cenário está ligado ao perfil do mercado, formado na maioria por micro e pequenas empresas, que geralmente possuem orçamento mais restrito para tecnologias avançadas.

A pesquisa ainda revela as áreas de maior foco para implementação e as principais tecnologias de automação e inteligência artificial que as empresas utilizam. Conheça também os resultados dessa empreitada, como os impactos positivos na produção industrial, as barreiras e desafios enfrentados, além da visão dos empresários sobre a aplicação da IA, atualmente e para o futuro.

Confira a pesquisa completa e descubra como a indústria alimentícia brasileira está se adaptando ao uso da inteligência artificial em seus processos, impulsionada pelo potencial de aumento de produtividade, segurança e rentabilidade. Faça o download e prepare-se para a próxima revolução industrial!

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