A crescente demanda por suplementos voltados à saúde mental e ao desempenho cognitivo tem transformado o mercado global de nootrópicos. Compostos bioativos que promovem foco, concentração, redução do estresse e melhora do humor vêm ganhando espaço entre atletas e estudantes, mas também no público em geral, refletindo uma preocupação crescente com o bem-estar mental, especialmente no cenário pós pandemia.
Em estudos sobre o tema, identifiquei que o tamanho do mercado global de nootrópicos foi estimado em US$ 3,75 bilhões em 2022 e está projetado para atingir US$ 11,17 bilhões até 2030, crescendo a uma taxa anual composta (CAGR) de 14,6% de 2023 a 2030, conforme a Grand View Research.
Esse movimento acompanha o aumento do burnout, da ansiedade e da necessidade de manter a produtividade em ambientes altamente exigentes. Apenas em 2024, segundo dados do Ministério da Previdência Social, foram mais de 472 mil licenças médicas concedidas para afastamentos de trabalho por transtornos como ansiedade e depressão, um crescimento de 68% em relação ao ano anterior.
Dentro desse contexto, o GABA (ácido gama-aminobutírico), neurotransmissor conhecido por seu papel calmante no sistema nervoso central, também ganhou relevância por permitir o relaxamento que regula o estresse e, consequentemente, melhora o foco, a disposição e a saúde cognitiva.
A novidade agora é a liberação do GABA como ingrediente permitido em suplementos alimentares pela Anvisa, publicada em junho de 2025. A decisão oficializa o que a ciência já vinha indicando: o GABA pode ser utilizado com segurança em formulações que promovem equilíbrio emocional, controle da ansiedade e melhor qualidade do sono. Essa positivação é um marco regulatório que abre espaço para mais inovações na categoria de suplementos para saúde mental no Brasil.
Do ponto de vista bioquímico, o GABA atua como um inibidor da atividade neuronal excessiva, ajudando a reduzir os níveis de estresse e ansiedade. Essa suplementação pode reduzir marcadores fisiológicos de estresse e melhorar a sensação de relaxamento em indivíduos submetidos a situações de pressão.
É importante lembrar, no entanto, que o GABA não atua sozinho. Ele pode ser ainda mais eficaz quando combinado com outros ativos reconhecidos, como L-teanina, fosfatidilserina e L-triptofano — substâncias que, juntas, compõem uma nova geração de nootrópicos mais completos e com múltiplos mecanismos de ação. Essa visão integrada da saúde mental é fundamental para promover desempenho e, principalmente, bem-estar e equilíbrio emocional.
Não podemos deixar de pontuar que a liberação do GABA pela Anvisa reflete o amadurecimento do setor de suplementos no país. Muito antes da aprovação oficial, iniciativas de pesquisa e desenvolvimento já vinham sendo conduzidas de forma proativa, com foco em inovação e em atender à crescente demanda por soluções voltadas à saúde mental. No nosso time, por exemplo, essa postura antecipatória foi essencial para garantir que, no momento da regulamentação, produtos eficazes e seguros já estivessem prontos para o mercado.
Mais do que seguir tendências, inovar em saúde mental exige responsabilidade. O uso de nootrópicos deve sempre considerar aspectos como dosagem, sinergia entre ingredientes, perfil do consumidor e respaldo científico. A saúde mental não pode ser tratada com soluções rápidas, e sim com abordagens seguras, respaldadas por evidências e voltadas ao longo prazo.
A tendência é que, nos próximos anos, a suplementação para foco, memória e equilíbrio emocional se consolide como uma categoria de bem-estar tão importante quanto a da nutrição esportiva. Com o avanço da ciência e da regulamentação, profissionais do setor têm a missão de transformar esses ativos em soluções eficazes, acessíveis e realmente transformadoras para a rotina das pessoas.
Em um mundo onde o cansaço mental se tornou quase uma norma, o uso responsável e preventivo de ingredientes como o GABA pode representar um importante passo rumo a uma sociedade mais equilibrada, produtiva e saudável. A ciência abriu caminho e cabe a nós seguir com consciência e inovação.
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