Como superar a crise de mão de obra no food service?

A crise de mão de obra no setor de food service tem exigido criatividade por parte dos gestores. Durante a Fispal Food Service, Fábio Costa, diretor e cofundador do Mundo Food Service, trouxe algumas dicas sobre como a combinação entre tecnologia e fornecedores estratégicos pode ajudar bares e restaurantes a enfrentar esse desafio de forma mais eficiente.

Segundo Fábio, uma pesquisa realizada pelo sindicato do setor no Rio de Janeiro (SindRio) revelou que 74% da força de trabalho do food service é renovada anualmente. “Cada 100 funcionários que você tem, você gira 74 todo ano”, afirmou. Essa rotatividade, combinada à baixa qualificação profissional e à falta de motivação dos colaboradores, impacta diretamente a operação dos estabelecimentos. Muitos funcionários migram para trabalhos com maior flexibilidade, como motoristas de aplicativo e entregadores.

O papel da tecnologia na eficiência operacional

Diante da escassez de mão de obra, Fábio defendeu o uso da tecnologia como aliada. Segundo ele, equipamentos multifuncionais com interfaces simples, como fornos combinados e fritadeiras de alta pressão, facilitam o aprendizado dos novos funcionários e tornam a operação mais ágil.

“Você precisa investir nos instrumentos certos. Um forno inteligente, por exemplo, pode ser operado por uma pessoa com pouco treinamento e ainda garantir padronização e qualidade no preparo”, explicou. Além disso, sistemas com inteligência artificial já são capazes de prever demanda, personalizar cardápios e gerenciar estoques de maneira precisa, sem intervenção humana constante.

Outro ponto destacado foi o uso da Internet das Coisas (IoT) para o monitoramento de equipamentos. Sensores conectados alertam o operador, por exemplo, sobre falhas em geladeiras que possam comprometer a segurança dos alimentos. “Essas soluções antes eram exclusivas de grandes redes. Hoje já existem opções mais acessíveis para pequenos operadores”, pontuou Fábio.

Investir em pessoas continua sendo essencial

Apesar da ênfase na automação, Fábio fez questão de ressaltar: “Não podemos esquecer que esse ainda é um negócio de hospitalidade. Pessoas querem comprar de pessoas.” Para ele, é fundamental que o setor invista também no bem-estar e na retenção de talentos.

Entre as estratégias mencionadas pelo especialista, estão a oferta de benefícios flexíveis, como antecipação salarial e acesso a serviços de saúde acessíveis, planos de crescimento interno, apoio emocional e programas de indicação com bonificações. “Se o seu colaborador indicar alguém da família ou dos amigos para trabalhar com você e essa pessoa for contratada, você oferece um valor em dinheiro para ele”, sugeriu. 

“É preciso construir um ambiente em que o colaborador se sinta valorizado, especialmente os mais jovens, que buscam mais autonomia e propósito no trabalho”, explicou.

Conectando fornecedores ao setor

Fábio também apresentou a iniciativa Mundo Food Service, uma plataforma que conecta bares e restaurantes a fornecedores validados por outros operadores do setor. “Nasceu de uma pesquisa com associados do SindRio, onde identificamos que as maiores dores estavam ligadas à mão de obra e fornecedores. A plataforma não só lista fornecedores, como também oferece conteúdo explicando como tirar o melhor proveito de cada solução.”

A plataforma é gratuita e já conta com fornecedores de diversas regiões do Brasil. A curadoria é feita a partir de indicações de associados e pesquisas de mercado. “Queremos ajudar os donos de restaurantes a entenderem o que cada prestador pode entregar e como usar 100% daquilo que contratam”, concluiu.

A próxima edição da Fispal Food Service e Fispal Sorvetes acontecerá de 26 a 29 de maio de 2026, com ainda mais oportunidades para quem vive o food service. Acompanhe as novidades em www.fispalfoodservice.com.br.

Para mais novidades e pesquisas sobre o setor de food service, acompanhe o Food Connection!