*Por Luciana Loffredo, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento para América Latina na Kibon

Quando se fala em qualidade de um sorvete, o que vem à cabeça da maioria dos consumidores é o sabor. Talvez a textura. Mas, por trás de uma mordida cremosa e refrescante, existe uma cadeia complexa e estratégica que começa muito antes da fábrica e se estende até o momento do consumo. Do desenvolvimento à distribuição, passando pela escolha de ingredientes, formulação e estabilidade, a jornada de um sorvete é feita de decisões críticas, e cada uma delas é capaz de impactar diretamente a percepção de valor do consumidor.

No mês em que comemoramos o Dia do Sorvete e voltamos os olhos para este setor, que movimenta bilhões e enfrenta transformações constantes nos hábitos alimentares, compreender o que realmente define um “sorvete de qualidade” é essencial para que os gestores da indústria se antecipem às demandas do mercado.

Qualidade começa nos sentidos, mas vai além deles

Um sorvete que derrete suavemente na boca, tem dulçor equilibrado e aroma agradável, entrega uma experiência sensorial que o consumidor dificilmente esquece. Quem tem sabores preferidos – seja de chocolate ou de frutas – entende bem o que é essa sensação. Mas a percepção de qualidade vai além do paladar.

Alguns elementos como cor, formato, embalagem, comportamento do derretimento, preço, marca e até o contexto do consumo atuam, muitas vezes de maneira subconsciente, na formação da experiência. Um picolé com formato atrativo, cor vibrante e embalagem funcional e bonita pode elevar a expectativa antes mesmo da primeira mordida. Esse conjunto simbólico e sensorial determina se o consumidor enxergará valor no produto e, mais importante, se vai querer repetir a compra.

Mercado de sorvetes: o que esperar para 2025? [Ebook]: Qualidade na cadeia de sorvetes: muito além da refrescância

Do conceito ao carrinho: qualidade também é engenharia

A criação de um sorvete exige muito mais do que uma ideia saborosa. É preciso equilíbrio entre sabor, textura, estabilidade, perfil nutricional e segurança alimentar — e isso começa na formulação.

Sorvetes são emulsões complexas, com ingredientes que cumprem papéis específicos, e qualquer desequilíbrio pode comprometer o produto final. Além da seleção de matérias-primas, etapas como pasteurização, homogeneização e congelamento são críticas para garantir a cremosidade, a estrutura e a segurança microbiológica. O controle rigoroso desses processos não é uma etapa técnica: é uma exigência de mercado.

Para garantir a segurança alimentar, a seleção de insumos e fornecedores na indústria de sorvetes envolve critérios rigorosos que vão além da qualidade técnica dos ingredientes. Na Kibon, priorizamos fornecedores que tenham certificações reconhecidas internacionalmente e localmente, em que são avaliadas condições higiênico-sanitárias, estruturas físicas e civis, condições de armazenamento, transporte e recebimento dos seus insumos, além da qualificação dos seus profissionais e capacidade de cumprimento das normas sanitárias exigidas por autoridades locais.

Um exemplo disso é o pistache que utilizamos na fabricação do picolé Magnum Pistache – ele foi cuidadosamente selecionado de um fornecedor do exterior capaz de proporcionar todos os padrões e normas altas de seguranças da companhia.

Busca por produtos mais saudáveis

Quando falamos sobre perfil nutricional, sabemos que, cada vez mais, os consumidores buscam escolhas alimentares transparentes e equilibradas. A resposta da indústria tem sido clara: investir em produtos com menos açúcar, baixo teor calórico, ingredientes naturais, ricos em fibras ou com base vegetal.

A linha Fruttare ilustra muito bem como a Kibon tem apostado nisso. Os picolés são feitos a partir de frutas reais, utilizando sucos e polpas em suas formulações, que oferecem benefícios, como: fontes de vitamina C, zero gordura e versões que contém menos de 60 calorias por unidade. Outro exemplo disso é a aposta em produtos como o Chicabon Menos Açúcar, que além de ser uma opção com menos calorias, também é fonte de fibras — ou o Magnum Menos Açúcar, que mantém a experiência saborosa de um Magnum com um impacto calórico menor.

Cadeia fria: o elo que sustenta tudo

Destaquei acima todos esses atributos que são essenciais na formulação de um sorvete, mas mesmo seguindo todos os protocolos, ele pode falhar se a cadeia logística não for impecável. A cadeia fria é um diferencial competitivo que poucos consumidores veem, mas todos sentem — literalmente — na textura e integridade do produto.

Para garantir que o produto chegue ao consumidor com a mesma cremosidade pensada no laboratório, é preciso uma cadeia de distribuição que respeite temperatura controlada do início ao fim. Hoje, tecnologias de monitoramento em tempo real, veículos com isolamento térmico avançado e boas práticas de carregamento são fundamentais para preservar a qualidade.

Além disso, a formulação do sorvete precisa prever o comportamento do produto no transporte, com ingredientes que evitem a formação de cristais de gelo ou a separação de fases. Ou seja, o compromisso com a qualidade precisa estar presente desde a seleção dos fornecedores até a porta do freezer no ponto de venda.

No fim, sorvete é sobre felicidade!

A categoria de sorvetes tem evoluído rapidamente. Mas, mesmo com tantas tendências em curso e sofisticações na cadeia, a essência do sorvete continua a mesma: um alimento afetivo, que conecta gerações, ativa memórias e celebra pequenos prazeres do cotidiano. Por isso, trabalhamos não apenas para incorporar novas tecnologias ou ingredientes, mas sim, para manter essa essência viva e ir modificando-a com responsabilidade. Afinal, nós acreditamos que a vida fica mais gostosa tomando um sorvete!

Em tempos de consumidores cada vez mais exigentes, informados e conscientes, não há mais espaço para produtos que encantam apenas na aparência ou no primeiro contato. A qualidade, hoje, é medida na repetição. E só repete quem confia. Por isso, investir na qualidade na cadeia de sorvetes se tornou mais do que essencial, mas uma verdadeira missão.

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