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Quais tendências de alimentos sua empresa deve seguir?

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"Entender a diferença entre tendência, moda e hit pode ajudar a saber em que apostar as fichas", escreve Cristina Leonhardt.

Se você está imerso neste mundo de inovação de alimentos, sabe que no final do ano começam a ser publicadas diversas listas de tendências, que procuram prever como se movimentará o mercado de alimentos no ano seguinte. Desde 2017, eu faço um compilado destas tendências no site Sra Inovadeira, sendo que em 2022 chegamos ao número de 343 tendências publicadas por 43 empresas diferentes.

Em um universo tão imenso de tendências, apontando para todos os lados, e muitas vezes para direções opostas, é impossível que você não se perca um pouco. Afinal, quais tendências de alimentos você deveria seguir na sua empresa? Vale a pena apostar tudo no plant-based, ou reduzir o açúcar de todos os seus produtos (ou de alguma linha)?

Esta certamente não é uma decisão fácil – especialmente porque é uma aposta feita hoje, que consome recursos da empresa no presente, para colher resultados no futuro. Apesar das tendências de consumo nos ajudarem as tomar estas decisões, elas não são a decisão em si. Ninguém deveria ler um relatório de tendências e sair desenvolvendo produtos. Cada empresa deve ser capaz de observar o seu próprio mercado e analisar as tendências de alimentos em seu contexto.

Para ler estes sinais e interpretá-los na realidade de cada empresa, a liderança de inovação precisa saber capturar essa inteligência externa, mas também contar com inteligência interna: que é a capacidade de aterrissar os sinais.

Entender a diferença entre tendência, moda e hit pode ajudar a saber em que apostar as fichas.

Tendência

Uma tendência representa uma mudança no comportamento das pessoas. Algo que muda nossas condições de vida social e a forma com que vivemos, interagimos com os outros e com o mundo ao nosso redor.

Ela pode ser derivada de um avanço tecnológico, como a forma como os computadores e a internet mudaram o modo como trabalhamos e nos posicionamos no mundo. Quanto mais pervasivo seja este avanço tecnológico – ou seja, quanto mais geral for o seu impacto na vida das pessoas – maior o seu potencial de impacto no comportamento humano.

Usamos a palavra tendência com muitos sentidos (assim como a palavra inovação), de uma forma até despreocupada. “Cor X é tendência”, “paleta mexicana é tendência” acabam enfraquecendo o termo. Você verá a seguir que, possivelmente, moda e hit seriam termos mais adequados nestes casos.

Uma tendência é um sinal relevante, razoavelmente perene e que está relacionado com o comportamento.

Moda

Uma moda é algo novo dentro daquilo que já existe. Ela tem um sinal um pouco mais fraco do que as tendências, sem conflitar com elas – pelo contrário. Modas são muitas vezes expressões até mais visíveis que as tendências, pois geram consumo e repercutem na produção visual.

Por exemplo: dentro da tendência de uma vida com menor impacto ambiental, existem diferentes modas. O veganismo, minimalismo, vida off-grid são expressões visíveis da tendência de redução do impacto ambiental, que aparecem em diferentes intensidades ao longo dos anos, e diversas vezes se inter-relacionam.

Modas têm certa duração, mas têm intrinsecamente a natureza de ondas, ao contrário das tendências, que são sinais mais perenes. É possível gerar negócios ao redor de modas, desde que se mantenha o olhar para a sua natureza ondulante. Correções de rumo são importantes quando se surfa em uma onda.

Hit

Um hit é algo que as pessoas compram ou fazem para ser parte de algo – uma forma de embarcar rapidamente em uma moda, pertencer a grupos ou mostrar seus valores a partir do consumo.

Hits têm alta demanda e baixa disponibilidade, o que pode ser visto como uma excelente oportunidade de negócios. Aqui, contudo, o terreno é muito mais pantanoso, já que os hits não são mudanças de comportamento, apenas tentativas de pertencimento, um desejo social humano bastante comum. As formas de pertencimento costumam sobrepor-se umas às outras, assim como os fingers spinners foram sobrepostos pelo slime e este pelos fidget toys.

Quem teve loja de paleta mexicana sabe do que estou falando. Para a longevidade do negócio, eu sugeriria que você não apostasse muitas fichas em hits, a não ser que a sua verba de marketing seja boa, e você possa rapidamente mudar o rumo das velas quando o vento apontar para outra direção.

Tendências são adotadas em diferentes velocidades pelas pessoas

Entender se o que você está observando é uma tendência, moda ou hit é um dos primeiros passos para aterrissar aquele sinal no seu negócio. Só você sabe quão rápidos vocês são para poderem pegar a onda do hit, ou se vocês preferem negócios mais perenes, e então devem prestar atenção às tendências.

O próximo passo para aterrissar o sinal é entender o seu público. Segundo a teoria da Difusão da Inovação, a população pode ser dividida em 5 grandes grupos conforme a sua abertura à adoção de inovações:

  • Visionários (2,5% da população): pessoas aventureiras, que adotam as inovações assim que tomam contato com elas.
  • Adotantes iniciais (13,5%): pessoas respeitadas pelo seu círculo social, que adotam inovações após uma análise independente, feita por elas mesmas.
  • Maioria inicial (34%): pessoas deliberativas e pragmáticas, que adotam inovações após receberem recomendações (especialmente dos adotantes iniciais).
  • Maioria final (34%): pessoas céticas, que precisam de bastante comprovação para adotar uma inovação.
  • Atrasados (16%): pessoas conservadoras, que só adotam uma inovação quando não existe mais nenhuma alternativa de se manter no paradigma anterior.

Curva da Difusão Tecnológica_artigo.png

Quando você estiver analisando as tendências para alimentos de 2023, pense em quem é o público da sua empresa. Se vocês vendem para visionários e adotantes iniciais, faz todo o sentido apostar em tendências que estão despontando agora no cenário. Essas pessoas estarão ávidas por elas, testando o que é novo e falando sobre suas experiências com os amigos, famílias ou suas audiências online.

Agora, se o seu público é mais pragmático e conservador, talvez seja melhor ter prudência ao embarcar nas ondas. Este público precisa que os adotantes iniciais já tenham provado e aprovado o seu produto, para que então se convençam que vale a pena investir nele. Se a sua marca é tradicional, pode causar estranheza embarcar em modas muito recentes – e estranheza é o oposto do engajamento.

Existe um corpo robusto de pesquisa sobre este tema, que pode lhe ajudar a entender melhor o perfil de cada um dos grupos acima. Se você quiser se aprofundar, recomendo o livro Diffusion of Innovations (de Everett Rogers): um calhamaço de mais de 500 páginas que vai lhe ajudar a entender como uma inovação decola (ou não), através de um processo de disseminação que é social.

As tendências são sinais perenes, mais fortes – mas isso não quer dizer que todo mundo está adotando aquela forma de comportamento ao mesmo tempo. Inovações são adotadas em diferentes velocidades pelas pessoas, e isso depende da inovação, dos canais de comunicação pelas quais ela é disseminada, do tempo e das redes às quais pertencem.

Qual é o seu papel agora? Cruzar os sinais percebidos (sejam tendências, modas ou hits) com os objetivos da sua organização e o seu público. Cada empresa olha para o mercado por um ângulo próprio: é esta situacionalidade que faz com que vocês sejam únicos.

Estou curiosa em saber: o que você irá lançar em 2023?

*Cristina Leonhardt é Engenheira de Alimentos (UFRGS), fundadora da Sra. Inovadeira e Tacta Food School.

 

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