Quando falamos dos times que trabalham em nossos negócios de food service temos sempre o discurso de que a dificuldade aumenta a cada ano para contratarmos profissionais competentes e engajados.
Já falamos um pouco sobre engajamento e motivação, mas o que estamos de fato buscando quando vamos contratar um profissional?
O perfil de mão de obra mudou, não só no nosso mercado, mas em todos. As relações humanas vêm mudando e, consequentemente, as profissionais.
Precisamos mais do que nunca definir o conceito de nossos negócios e traçar um perfil adequado de quem vai entregar o que queremos vender ao nosso cliente.
Vou trocar com vocês duas experiências recentes de lugares que visitei e tinham perfil de funcionário, conceito e entrega bastante alinhado.
Case 1 - Cafeteria e Doceria
Uma cafeteria e doceria no Cambuí, em Campinas (SP), estava operando há meses em um ponto interessante, mas com muita dificuldade de estacionamento. Mesmo com esse ponto bastante negativo, aonde estacionar, caiu nas graças das clientes principalmente mulheres 35+, que se encontram ali mais de uma vez por semana para um café, drink, espumante ou vinho acompanhados de comidinhas e doces extremamente saborosos e bem apresentados. Com atendimento acolhedor e doce, realizado exclusivamente por uma m.o. 100% feminina.
Case 2 - Empório de vinhos
Um empório de vinhos que começou na pandemia somente pelo delivery e há um ano tem uma pequena porta aberta no Itaim, em São Paulo (SP). Os atendentes sabem muito sobre os rótulos (vendem para degustar ali entre as prateleiras ou para levar) e se vestem com jeans, camisetas polo e um lindo avental. Lugar despretensioso, mas muito aconchegante e principalmente entrega o que quer: a venda dos vinhos. Sentimos muita confiança na sugestão do que beber e não erraram – vale a informação de que não são sommeliers.
Perfil adequado
Quando falamos do perfil do time tudo precisa ser pensado e, na hora da contratação, esse perfil precisa estar bem desenhado para não ocorrerem ainda mais problemas. Imagina um atendente masculino com um linguajar mais bruto no café ou mesmo um maitre todo de terno no empório?
Não tenho nenhum interesse aqui em criar qualquer problema ou discriminação sobre sexualidade, gênero, idade etc. Inclusive vale dizer que sou bem aberta a diversidade e coloco sempre em pauta a equidade.
Os empresários do setor sempre tiveram um perfil de formar profissionais, uma mão de obra muitas vezes com pouco estudo. Hoje, com a mudança contínua no perfil de clientes e empregados, como estamos definindo quem é o melhor perfil para nosso negócio?
Precisamos pensar muito melhor nesse perfil, dar oportunidades para outras possibilidades e pensar melhor o que oferecemos de diferencial e ambiente para a retenção de talentos efetivos.
Em muitos lugares nos EUA, já temos casas que fecham muito mais cedo do que já fecharam, por não tem mais mão de obra disponível até de madrugada para atender com qualidade os clientes.
Não estou aqui sugerindo para fecharmos os negócios, mas pensarmos em alternativas para que consigamos manter um padrão de qualidade em produtos e serviços, equipe com engajamento necessário e resultados saudáveis.
Precisamos entender que as novas gerações:
- esperam mais do que salário, esperam carga horária adequada para maior qualidade de vida;
- não tem mais aquele perfil de trabalhar muitos anos no mesmo lugar;
- procuram locais de trabalho que cumpram o que prometem;
- e muitas coisas mais.
Quero que reflitam que temos um grande desafio de cultura organizacional que precisa pensar sim no cliente, mas também em quem está contratando para de fato ter e ser sucesso.
Pensem nisso.
*Por Carol Bortoleto, da Curry Soluções.