Muitos de nós se perguntam se a explosão de crescimento do delivery ocorrida nos anos de 2020 e 2021 se consolidará em 2023, uma vez que 2022 ainda foi um ano nebuloso para o food service brasileiro.
Fato é que temos um cenário de renda em declínio e inflação de alimentos em elevação tanto nos supermercados quanto no food service. Esse contexto pressiona a disponibilidade financeira do brasileiro para o consumo de alimentos preparados fora de casa.
Ao mesmo tempo, esse cenário deve favorecer o consumo ao qual chamamos off premisse, ou seja, fora do local onde ele foi comprado. Ele engloba o delivery, para viagem e drive thru. O drive thru é realmente muito pequeno em termos de representatividade, mas, o tráfego do para viagem é quase três vezes o tamanho do delivery.
Seja para viagem ou para entrega (delivery) as exigências do consumidor em relação a qualidade do produto e embalagem são as mesmas. O que muda agora é o quanto essa conveniência é acessível.
Com o retorno do fluxo presencial muitos donos de bares e restaurantes repensam seus investimentos em oferecer frete gratuito. O caixa das plataformas, outrora generoso, também está encolhido. Esses dois elementos, somados ao dinheiro mais curto do brasileiro deve empurrar mais pessoas para o para viagem.
Em posse dessas informações o cardápio precisa ser estabelecido com inteligência. Nem tudo é passível de ser transportado com qualidade e essa é uma decisão muito importante.
Olhando pelo prisma de eficiência operacional é necessário que esses pratos possuam um perfeito mise en place, sejam pré-porcionados e tenham etapas da preparação antecipadas.
No mercado americano os pedidos via aplicativo próprio podem ser retirados na loja numa área de pick up, algo muito simples. Uma estante, não climatizada, com o pedido identificado pelo ticket. O cliente pede alguns minutos antes e até chegar alguém prepara, ele passa e faz a retirada. Em outros lugares lockers são instalados para que a pessoa não precise nem entrar na loja.
Ambas as opções estão disponíveis ao mercado brasileiro.
O fato é que deixar de atuar na venda para o consumo off premisse (fora do local) é perder uma oportunidade de ampliar o alcance do negócio, diluir custos fixos e assumir protagonismo nessa antiga tendência, que hoje é mais do que realidade.
Fique atento!
*Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice