A aplicação de inteligência artificial em estágios avançados já é uma realidade na indústria alimentícia. E a Nestlé é uma das empresas que já percorrem esse caminho, inclusive com a abertura de caminho para a etapa de funcionamento autônomo da IA nas plantas da companhia, considerado o processo mais avançado hoje no que diz respeito à aplicação dessa tecnologia no mercado.  

O gerente de Engenharia de Dados e Manufatura da Nestlé, De Hong Jung, compartilhou a jornada da companhia rumo à produção autônoma, apresentando um passo a passo para a implementação da inteligência artificial (IA) nas operações.

Segundo o engenheiro, essa jornada começa pela instrumentação, fase em que sensores e sistemas são instalados para capturar dados da operação. Em seguida, vem a implementação de sistemas integrados, capazes de acessar dados de diferentes áreas da fábrica. O terceiro estágio contempla a visibilidade em tempo real dessas informações, algo que muitas empresas ainda não alcançaram por completo. 

“Muitas empresas ainda usam dados como alerta, mas, geralmente, nesse caso, o problema já aconteceu”, afirmou Jung durante o painel “O Caminho para a Indústria 4.0: Dados, IA e Agentes Inteligentes Redefinindo a Produção” na Fispal Tecnologia 2025

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Etapas em que a IA é utilizada

A quarta etapa é a da análise avançada, quando a inteligência artificial começa a atuar com previsões baseadas em padrões históricos. E, por fim, chega-se ao estágio da autonomia, quando os sistemas passam a tomar decisões sozinhos, sem intervenção humana.

“Até aqui, (a IA) faz predições. Depois, avança para a última etapa (autonomia), que é da tomada de decisões, onde não possuímos mais atividade humana”, explicou De Hong. “Hoje muitas decisões críticas das maiores operações do mundo são tomadas sem decisão humana”, complementou.

Apesar dos avanços, o executivo destaca que o processo é contínuo. “(Na Nestlé) ainda não digitalizamos tudo, mas é uma jornada e estamos no caminho”, reconheceu. 

Segundo ele, a qualidade dos dados é decisiva para o sucesso da IA: “Quando a base de dados é ruim, a qualidade da IA será ruim”. Por isso, é essencial começar pela captura dos principais dados da linha de produção, o que exige planejamento e clareza sobre os objetivos de cada projeto.

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Cases de implementação de IA na Nestlé

A pesquisa “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas: a expansão e os desafios do setor em 2025”, realizada pelo Food Connection e Fispal Tecnologia, apontou que mais de 55% das empresas de processamento de alimentos já estão integrando essa tecnologia para tarefas como classificação, embalagem e rotulagem automatizadas.  

A Nestlé é um caso. A empresa utiliza inteligência artificial na fábrica da Dolce Gusto, em Montes Claros, onde a detecção de cor e umidade do café, antes feita com base no “feeling” dos operadores, passou a ser realizada automaticamente pelas máquinas. 

“Esses dados são recolhidos pela máquina e passam a integrar uma ampla base para que a IA aprenda sobre os padrões de qualidade e possa, ela, por si só, fazer os ajustes automaticamente”, explicou o engenheiro, destacando a “diminuição considerável do desvio padrão”.

Outro caso citado por Jung é a aplicação de deep learning – uma evolução do machine learning – na fábrica da Purina, em Ribeirão Preto. Lá, um problema com balanças que não realizavam corretamente a contagem de sachês foi solucionado com IA, a um custo relativamente baixo. A iniciativa trouxe mais eficiência, alta replicabilidade do sistema automatizado e baixo custo de implementação.

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Além da infraestrutura, a Nestlé também investe em pessoas. “Há cinco anos, a Nestlé começou uma escola interna para preparar pessoas para trabalhar com IA”, contou o executivo. O objetivo é garantir que os colaboradores estejam aptos a operar, interpretar e desenvolver sistemas cada vez mais autônomos — parte daquilo que ele chama de “nova era da produção autônoma e inteligente”. 

A pesquisa “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas”, realizada pela Fispal Tecnologia em parceria com o Food Connection, revela como a tecnologia está sendo aplicada no Brasil. Entenda como as pequenas, médias e grandes empresas da indústria alimentícia brasileira estão se adaptando ao uso da inteligência artificial em seus processos, impulsionadas pelo potencial de aumento de produtividade, segurança e rentabilidade. Faça o download e prepare-se para a próxima revolução industrial!