Dá para salvar o mundo com chocolate? FiSA destaca práticas sustentáveis na produção de chocolate e seu impacto ambiental

O segundo dia de palestras do Summit Future of Nutrition, da FiSA 2023, que teve como tema central “Natural Ingredients: Orgânicos, Naturais e Veganos”, reuniu um time de especialistas que abordaram questões fundamentais para a indústria de alimentos e bebidas, refletindo sobre sustentabilidade, inovação e o futuro do setor.

Oportunidade de ouro para aprender e se atualizar sobre as tendências em ingredientes alimentícios e tecnologias. A produção sustentável de cacau no Brasil, os rumos da bioeconomia, a viabilização dos extratos vegetais no Brasil e o potencial do mercado plant-based foram os temas abordados ao longo do dia.

No painel “Dá pra salvar o mundo com chocolate?”, Mariana Marcussi, Head of Marketing Chocolates da Nestlé, reforçou que, até 2025, a empresa espera bater a meta de utilizar 100% de cacau sustentável na fabricação dos chocolates da marca. E não para por aí: nesse mesmo período a companhia pretende obter 30% de suas principais matérias-primas (leite, café e cacau) de práticas regenerativas. Até 2030, as emissões de dióxido de carbono nas operações deverão reduzir 50%.

A executiva falou para uma plateia lotada sobre o “Cocoa Plan”, um programa global da companhia implantado nos países produtores de cacau em que a empresa está presente. Três pilares o norteiam: boas práticas de produção, melhor qualidade do cacau e melhor condição de vida às comunidades.

“Por meio dele trabalhamos o desenvolvimento social, ambiental e econômico, apoiando o aumento da produtividade dos mais de 3.800 produtores parceiros. Nós incentivamos boas práticas agrícolas e atuamos para garantir melhores condições de vida aos trabalhadores, contribuindo para a produção de cacau de qualidade”, explicou Mariana, acrescentando que a Nestlé é a maior compradora do fruto no Brasil, com 40% de participação no mercado.

O biólogo Cristiano Villela Dias, diretor científico do Centro de Inovação do Cacau (CIC), situado em Ilhéus, no sul da Bahia, também participou do painel – mediado por Gustavo Rocha, engenheiro químico e CEO da Elixir Foods – falando da importância de promover qualidade de vida para os produtores, alavancando sua produção e renda. “São 93 mil produtores de cacau no Brasil, com média de idade de 69 anos, um índice de analfabetismo gigantesco, muita carência de informação e conhecimento”.

O palestrante explicou que o CIC, inaugurado em março de 2017, faz análises variadas em amêndoas de cacau e chocolate. “Realizamos testes de qualidade para detectar defeitos, classificar e avaliar a fermentação, medir o nível de acidez, percentual de gordura, índice de oxidação de gordura e vários outros. Com esses laudos em mãos, muitos produtores de boas amêndoas que desconhecem a qualidade do próprio produto podem pedir preços mais justos”, afirmou Cristiano. Ele lembra que o CIC também oferece consultoria técnica e científica, além de cursos de capacitação.

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Comunidades amazônicas e as cadeias produtivas sustentáveis

Fomentar a criação de cadeias produtivas sustentáveis de cacau em comunidades amazônicas do Pará (maior produtor do Brasil) para agregar valor ao chocolate, promovendo o bem-estar social e fazendo com que as pessoas se tornem guardiãs de suas paisagens. Essa é a ideia central do projeto Cadeias Produtivas Sustentáveis, que tem entre os idealizadores Stefano Arnhold, presidente do Conselho Consultivo da ONG Conservação Internacional no Brasil. Ele completou o time de painelistas que acreditam ser possível salvar o mundo com chocolate.

“A ideia é produzir um chocolate com cacau nativo, adicionando valor na origem e no pré-processamento e influenciando no preço de compra. Nesse contexto a certificação é extremamente relevante, além da rastreabilidade em blockchain e da neutralização de carbono”, compartilhou Stefano.

Para o executivo, é importante considerar a sustentabilidade econômica da cadeia produtiva. “A parte socioambiental não consegue acontecer se as cadeias não se sustentarem ao longo do tempo do ponto de vista econômico. E temos que dar valor também à qualidade, é preciso encantar o consumidor com o sabor do chocolate. Depois que ele se encantar com o sabor, aí a gente entra em campo para tornar o mundo mais legal”.

Para os painelistas, é possível salvar o mundo com chocolate por meio da união de forças, oferecendo um produto de qualidade, preservando a qualidade de vida das pessoas e das comunidades e preservando as florestas.

“Mas precisamos ter em mente que não existe sustentabilidade sem desenvolvimento econômico”, destacou Cristiano Vilela.

Serviço

Data: 8 a 10 de agosto de 2023
Horário: terça à quinta-feira das 9h às 14h
Local: São Paulo Expo + Plataforma Digital FiSA Xperience

Promoção e Organização: Informa Markets Brasil

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