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A agenda ESG na indústria brasileira

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A pesquisa Indústria & Sustentabilidade, realizada pela parceria CNI e Instituto FSB, retrata como as empresas brasileiras enxergam o ESG

A pesquisa Indústria & Sustentabilidade, realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Instituto FSB, realizada com executivos de 500 empresas de médio e grande porte no Brasil, retrata como a indústria enxerga o ESG (Ambiental, Social e Governança) e o que realmente se pode esperar em termos de sustentabilidade para os próximos anos. O estudo pré-COP26 conta com corporações de todos os estados brasileiros, sendo possível identificar quais são as preocupações e como a agenda sustentável deve ocupar a estratégia e as operações organizacionais.

Em primeiro lugar, o ESG ainda não é um assunto conhecido pelos executivos brasileiros, visto que 79% deles relatam que possuem pouca ou nenhuma familiaridade, embora reconheçam que este seja importante para as indústrias. Essa constatação é reforçada em suas atuações, que giram em torno de economia de água e energia, gestão de resíduos sólidos e logística reversa, que são assuntos que afetam diretamente o bolso ou são compromissos assumidos por lei ou acordos com os agentes da federação.

Complementando, as organizações esperam investir mais nos próximos anos, mas as ações pontuadas são as exigências regulatórias e a redução de custos, sinalizando que as empresas pressentem um aumento das exigências governamentais, com comportamentos semelhantes ao da logística reversa, que vem ocupando cada vez mais a atenção dos estados brasileiros em termos de compromissos que assegurem o correto destino do resíduo sólido urbano, destacando as embalagens pós-consumo.

Levantado na COP26, o monitoramento da emissão de gases de efeito estufa e o reflorestamento constituem ações efetivas das empresas de apenas 23% dos entrevistados, o que denota uma oportunidade para as instituições que efetivamente quiserem sair na frente no que diz respeito ao alinhamento com a Conferência de Glasgow. Como não percebem o impacto da sustentabilidade nas vendas, o que é seguido por 88% dos respondentes, a cadeia de suprimentos também é negligenciada em termos de ESG, sendo que a maioria das corporações (54%) não exigem certificações de fornecedores e sequer são demandados por seus clientes.

Mais que a confecção de relatórios de sustentabilidade, é esperado que, por exigência dos consumidores que estão cada dia mais preocupados com a agenda ambiental e social, as organizações sejam em algum momento surpreendidas com exigências mínimas que envolvam os três pilares do ESG, como o mercado financeiro já vem sinalizando ao conceder crédito a empresas que assumem ações sustentáveis.

Outra constatação imediata da pesquisa consiste na carência de foco em Governança pela grande maioria das empresas, que não apresentam no geral uma estrutura formal de sustentabilidade, constatada em 79% das respostas, inexistência de estratégia e agenda de sustentabilidade (77%) e sequer apresentam metas de sustentabilidade definidas e monitoradas (78%). Esse posicionamento vem contra a tendência mundial, conforme embasa o estudo de 2020 da PWC, em que a agenda ESG faz parte do mapeamento dos riscos organizacionais e da sua criação de valor sustentável de longo prazo.

O poder público, por sua vez, segundo a pesquisa da CNI, define como três principais prioridades na agenda ESG: o financiamento de ações sustentáveis (crédito verde) e incentivos governamentais; a conscientização da sociedade e o aumento da fiscalização, reforçando o que as empresas esperam no caminho da regularização; além da mudança de cultura das pessoas.

A agenda ESG representa um mar de oportunidades para a indústria que, além de encontrar soluções economicamente viáveis para o atendimento às exigências governamentais, pode ir além, destacando-se em competitividade ao oferecer mais valor aos consumidores atentos à sustentabilidade e menos riscos aos possíveis investidores. A indústria brasileira teve uma representação expressiva na COP26, assumindo compromissos importantes para a agenda climática mundial, mas para que estes saiam do papel, é fundamental que as empresas mudem suas percepções sobre a sustentabilidade e partam para a ação. 

*Alaercio Nicoletti Junior é Gerente de Sustentabilidade do Grupo Petrópolis e professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie

 
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