As aplicações de enzimas na indústria alimentar estão em destaque como solução estratégica para otimizar processos e melhorar a qualidade dos produtos. Esses catalisadores naturais atuam em setores como panificação, laticínios e carnes, trazendo benefícios que vão da textura ao sabor. 

Durante a FiSA 2025, empresas apresentaram inovações que confirmam essa tendência, com enzimas que aumentam a flexibilidade de massas e ampliam a eficiência produtiva. 

Essa combinação de biotecnologia aplicada a alimentos e demandas de mercado reforça o papel central das enzimas na criação de soluções mais seguras, nutritivas e competitivas.

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Benefícios das enzimas na indústria alimentar

As aplicações de enzimas na indústria alimentar trazem vantagens estratégicas para produtores e consumidores ao influenciar a qualidade, produtividade e segurança dos alimentos. Seus efeitos vão desde a melhoria da textura e sabor até a otimização de processos em larga escala.

Melhoria da textura, aroma e sabor

Enzimas como amilases, proteases e lipases para produtos alimentares atuam em reações bioquímicas que aumentam a maciez, a consistência e o frescor de pães e outros alimentos processados. 

Elas liberam sabores naturais de grãos e laticínios, além de contribuir para maior equilíbrio sensorial em produtos como tortilhas e opções veganas, que se destacam pela melhor textura e doçura.

Redução de custos e otimização de processos

O uso de enzimas em processamento de alimentos ajuda as indústrias a reduzir custos e agilizar etapas produtivas. 

Amilases, proteases e lipases aceleram reações naturais, encurtam o tempo de fermentação, maturação e cozimento e reduzem a necessidade de aditivos químicos. 

Essa atuação  favorece a otimização de processos com enzimas, diminui o desperdício de matérias-primas e mantém a qualidade uniforme dos produtos.

A imagem mostra uma mão puxando uma porção de massa elástica e homogênea de dentro de um grande recipiente metálico.

Aumento da digestibilidade e qualidade nutricional

As enzimas proteolíticas, como a papaína, são aplicadas no amaciamento de carnes e contribuem para alimentos com maior valor nutricional. A aplicação de lactase em laticínios permite a produção de leites e iogurtes sem lactose, ampliando o consumo entre pessoas intolerantes. 

Proteases e outras enzimas também favorecem o aumento da digestibilidade de alimentos, reforçando o valor nutricional ao modificar proteínas em diferentes formulações.

Conformidade com segurança alimentar

As enzimas ajudam a padronizar processos e assegurar que os produtos atendam aos padrões de qualidade. Amilases, lipases e proteases evitam contaminações e inconsistências em lotes e prolongam a vida útil de alimentos processados. 

Além de conservarem pães, laticínios e bebidas, as enzimas também reduzem riscos microbiológicos e químicos, elevando a confiabilidade e a segurança dos produtos para os consumidores.

Aplicações de enzimas na indústria alimentar

As enzimas são catalisadores biológicos que aceleram reações químicas e desempenham papel central na biotecnologia aplicada a alimentos, permitindo processos mais sustentáveis e uso reduzido de aditivos químicos. 

O mercado global de enzimas industriais deve ultrapassar 12,92 bilhões de dólares até 2032, impulsionado pela demanda por alimentos de maior qualidade e soluções sustentáveis.

É possível identificar a relação das enzimas industriais e produtividade na indústria de alimentos, pois além de melhorarem a textura, sabor e conservação, elas reduzem perdas e garantem produtos seguros e padronizados.

O potencial abrange diferentes segmentos, com destaque para aplicações em sucos, laticínios e panificação que ampliam a inovação no setor.

Uso na panificação

A panificação é um dos setores que mais se beneficia das enzimas, pois melhoram a qualidade dos produtos e o desempenho dos processos. 

Entre as mais utilizadas estão as amilases, que controlam a fermentação e influenciam diretamente as características sensoriais dos pães.

Amilases e fermentação controlada

As amilases quebram o amido da farinha em açúcares simples, fornecendo alimento para as leveduras e promovendo fermentação consistente. Elas geram pães com crescimento uniforme, maior volume e miolo macio. 

Amilases melhoram a textura, sabor e retenção de umidade, contribuindo para maior durabilidade e qualidade final do produto. Essa atuação integra práticas de fermentação controlada em alimentos, que garantem padronização e segurança no processo de panificação.

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Proteases e melhoramento de farinha

As proteases degradam parcialmente as proteínas da farinha, como o glúten, tornando as massas mais macias e fáceis de trabalhar. Esse efeito melhora a extensibilidade, garantindo produtos de panificação com textura uniforme e miolo leve. 

As enzimas também aceleram o preparo, reduzindo o tempo de descanso e fermentação, o que contribui para maior consistência e padronização na produção. 

Esse uso das proteases destaca a relevância das enzimas em panificação e bebidas, já que impactam diretamente textura e qualidade sensorial.

Lipases e suas funções na panificação

As lipases catalisam a hidrólise de triacilgliceróis em ácidos graxos, glicerol e derivados, melhorando o desempenho da massa na panificação. 

Elas aumentam o volume do pão, contribuem para maior uniformidade da estrutura da farinha e substituem melhoradores químicos tradicionais, como o DATEM

O uso das lipases resulta em produtos com miolo macio, formato equilibrado e frescor prolongado, demonstrando o melhoramento de textura e sabor com enzimas.

A imagem mostra fatias de pão integral com textura densa e úmida, evidenciando grãos e sementes misturados à massa.

Uso em laticínios

As enzimas têm papel estratégico na produção de queijos, leites e iogurtes, pois possibilitam o controle da coagulação, melhoram a textura e intensificam os sabores.

Também ampliam a digestibilidade e viabilizam versões sem lactose, garantindo produtos mais padronizados e atrativos para diferentes perfis de consumidores.

Lactases

As lactases catalisam a quebra da lactose em glicose e galactose, permitindo a produção de leites e iogurtes sem lactose. 

O processo mantém o sabor e a textura natural, aumenta a digestibilidade e amplia a aceitação do consumidor, oferecendo alternativas adequadas para pessoas com intolerância à lactose.

Proteases

As proteases, como quimosina e pepsina, catalisam a hidrólise das ligações peptídicas do leite, promovendo a coagulação e a formação de coalhos uniformes. 

Esse processo controla a textura e o sabor dos queijos, garantindo consistência e perfil sensorial adequado para o consumo.

Lipases e outras enzimas

As lipases microbianas e animais realizam a hidrólise de triacilgliceróis, liberam ácidos graxos que intensificam o sabor e promovem queijos com perfis sensoriais diferenciados. 

Proteases e aminopeptidases aceleram a maturação e produzem aromas característicos, resultando em sabores complexos em menor tempo, com textura consistente e maior aceitação dos consumidores. 

Em paralelo, a modificação de carboidratos com enzimas também contribui para novas formulações e diversidade de produtos.

O ambiente é organizado e climatizado, típico de uma sala de cura, onde os queijos envelhecem para desenvolver sabor e textura.

Uso em carnes

As enzimas aplicadas na indústria de carnes melhoram textura, sabor e conservação, preparando o terreno para os usos específicos de proteases, lipases e amilases. 

Elas contribuem para cortes mais macios, suculentos e uniformes, enquanto ampliam o potencial de desenvolvimento de produtos processados com maior qualidade sensorial e vida útil prolongada.

Proteases

As proteases atuam na degradação controlada das proteínas musculares, promovendo um amaciamento natural da carne. O processo melhora a suculência e a maciez, tornando os cortes de carne mais agradáveis ao paladar, sem a necessidade de aditivos químicos agressivos.

Além de amaciar, elas aceleram a maturação da carne, reduzindo o tempo necessário para alcançar a textura desejada. 

Esse processo mais rápido permite maior produtividade e mantém a consistência na qualidade dos cortes de carne, reforçando o conceito de otimização de processos com enzimas.

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Lipases

As lipases liberam ácidos graxos e outros compostos voláteis, intensificando o sabor da carne e atuando como conservante natural para prolongar o frescor

Elas permitem uniformidade no perfil de sabor e reduzem defeitos sensoriais, como gosto rançoso ou desequilíbrios de aroma. Com isso, a carne processada apresenta textura, sabor e qualidade mais consistentes.

Amilases

As amilases atuam na quebra de amidos presentes em ingredientes adicionados a produtos industrializados, como hambúrgueres e embutidos. Esse processo melhora a textura, promove a retenção de água e contribui para a consistência e suculência dos produtos finais.

Além disso, as amilases facilitam a fermentação de carboidratos quando combinadas com leveduras ou bactérias láticas que garantem um desenvolvimento controlado de aroma e sabor. 

Esse efeito contribui para a uniformidade na textura e melhora a aceitação do consumidor. A interação entre fermentação e enzimas alimentares também abre espaço para inovações em carnes processadas com perfil sensorial diferenciado.

A imagem mostra uma linha de produção automatizada na indústria alimentícia, possivelmente em uma fábrica de processamento de carne. Sobre uma esteira transportadora metálica, há bandejas pretas contendo hambúrgueres de carne crua, dispostos de forma organizada.

Oportunidades para a indústria alimentícia

Ao agregar melhor textura, sabor e digestibilidade dos alimentos, as enzimas possibilitam o desenvolvimento de formulações mais sustentáveis e de rótulo limpo, alinhadas à crescente demanda por produtos naturais e funcionais. 

Além disso, impulsionam a inovação em segmentos como panificação, laticínios e carnes, ampliando o portfólio da indústria e atraindo consumidores cada vez mais conscientes.

Desenvolvimento de produtos funcionais

A aplicação de enzimas em alimentos enriquecidos possibilita a criação de produtos com maior valor nutricional, auxiliando na prevenção de deficiências de micronutrientes. 

A fortificação com vitaminas, minerais e outros compostos essenciais garante biodisponibilidade e preservação sensorial, em conformidade com regulamentações e tendências do mercado de alimentos saudáveis.

O uso de enzimas naturais também permite a integração com ingredientes bioativos e formulações clean label, proporcionando digestibilidade, sabor e valor nutricional sem aditivos químicos. 

Esse conjunto de soluções amplia o portfólio da indústria em laticínios, panificação, carnes processadas e alimentos proteicos, oferecendo produtos funcionais e sustentáveis para consumidores conscientes.

Nesse contexto, as enzimas ganham relevância no desenvolvimento de alimentos funcionais, consolidando-se como uma estratégia-chave de inovação para o setor.