A eficiência energética está se tornando uma aliada estratégica da indústria de alimentos e bebidas. Na Estação SENAI, durante a Fispal Food Service, Luiz Gustavo Ribeiro, professor de ensino superior no SENAI São Paulo e consultor em tecnologia, apresentou soluções que vão desde a substituição de fontes energéticas poluentes até ajustes contratuais com concessionárias, demonstrando que pequenas mudanças podem gerar grandes economias.

Equipamentos inteligentes: economia de até 30%

Entre os destaques, Luiz Gustavo falou sobre o uso de inversores de frequência em compressores de refrigeração, capazes de ajustar a velocidade conforme a demanda do processo produtivo. “Com essa solução, conseguimos uma economia a partir de 25%, dependendo do processo analisado”, afirmou.

Outro exemplo prático são as bombas de calor que reaproveitam o calor gerado em um processo para aquecer outro, promovendo economia e aproveitamento energético. Já os túneis de congelamento rápido – fundamentais para alimentos resfriados e congelados – são otimizados por meio de layouts e tecnologias que garantem eficiência térmica.

Manutenção preventiva e ajustes simples fazem diferença

A palestra também destacou como a manutenção regular de equipamentos evita desperdício de energia. Sistemas obstruídos, por exemplo, reduzem o desempenho e aumentam o consumo. Um simples ajuste de temperatura pode gerar economia de até 7%.

Outro ponto levantado foi a leitura correta da fatura de energia. Segundo o especialista, muitas empresas continuam pagando por demandas contratadas no passado, sem utilizá-las efetivamente. “Só ajustando o contrato, sem nenhum investimento, já é possível reduzir os custos”, explicou.

Além disso, o aproveitamento do calor gerado por compressores de ar comprimido, normalmente descartado, pode ser redirecionado para aquecer ambientes ou processos, gerando até 30% de economia adicional.

Ganhos fiscais e uso estratégico de energia

O especialista também chamou a atenção para o crédito de ICMS. Se a empresa identifica corretamente a área produtiva separada da administrativa, pode deixar de pagar ICMS sobre a energia usada na produção, já que o imposto será cobrado novamente na venda do produto, evitando bitributação.

“Se eu estou produzindo sorvete, por exemplo, o ICMS já será aplicado na venda desse produto. Então, se eu também pagar ICMS na energia usada para fabricá-lo, estarei pagando o mesmo imposto duas vezes. Ao identificar e isolar corretamente a área produtiva, consigo transformar esse valor em crédito e reduzir a fatura de energia”, explicou Luiz Gustavo.

Geração própria e mercado livre de energia

A geração distribuída, como solar ou térmica, também entrou na pauta. Luiz explicou que empresas podem produzir parte da sua energia ou até vender o excedente à concessionária. Outro caminho para a redução de custos é o mercado livre de energia, no qual a indústria negocia diretamente com fornecedores por tarifas mais atrativas.

Programas de apoio para transformação energética

Para facilitar a transição energética, o SENAI oferece programas como o “Brasil Mais Produtivo” e o “Potencializee”, que ajudam empresas de diferentes portes a implementar soluções de eficiência. Em um dos casos apresentados, foi possível reduzir gastos com eletricidade e GLP, gerando uma economia de R$ 7 milhões ao longo de 25 anos. Para saber mais, acesse o site do SENAI.