A Fispal Tecnologia foi palco de um case de sucesso apresentado por Silvio Irizawa, diretor de eficiência operacional e engenharia da Minerva Foods. Durante sua palestra, intitulada “Integração de 16 novas plantas em sete dias com qualidade e eficiência”, Irizawa compartilhou os desafios, as estratégias e os aprendizados que permitiram à empresa alcançar um marco inédito no setor frigorífico.
A Minerva Foods realizou a integração de 16 plantas industriais, distribuídas entre Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, em apenas sete dias. Embora o planejamento inicial contemplasse 16 unidades, apenas 13 foram efetivamente integradas devido a questões regulatórias no Uruguai. O processo foi conduzido com base em um planejamento rigoroso, que envolveu mais de 2 mil ações detalhadas por planta e a mobilização de 25 áreas internas da empresa. Irizawa destacou que o sucesso da operação foi resultado de um planejamento meticuloso, iniciado muito antes da aprovação regulatória pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O planejamento começou com a criação de um ambiente virtual para simular possíveis problemas e gargalos. A equipe da Minerva Foods montou um “war room” com servidores de TI, onde foram testados cenários críticos para garantir que os sistemas estivessem prontos para a transição. Essa abordagem permitiu que a empresa antecipasse desafios e validasse a entrada dos novos sistemas de maneira segura e eficiente. A estratégia incluiu a compra antecipada de servidores e a instalação prévia do ERP em todas as plantas, garantindo que os sistemas estivessem operacionais no momento da integração.
Além disso, a empresa mapeou os caminhos críticos que poderiam comprometer o cronograma e trabalhou para mitigá-los. “Identificar esses pontos de atenção foi essencial para evitar subestimar problemas e garantir a execução do plano dentro do prazo”, destacou Irizawa.
A preparação das equipes foi um dos pilares fundamentais do processo. A Minerva Foods desenvolveu 109 vídeos e 108 treinamentos específicos, além de revisar 620 procedimentos manuais. Esses materiais foram utilizados para capacitar os profissionais das novas plantas, garantindo que todos estivessem alinhados com os padrões operacionais da empresa. Para facilitar a integração, foi criado um portal exclusivo para comunicação interna, que incluiu um FAQ com 80 perguntas e respostas para esclarecer dúvidas frequentes.
“A estratégia também envolveu o uso de ‘unidades-espelho’, onde plantas já existentes atuaram como madrinhas das novas unidades. Profissionais experientes dessas plantas foram treinados para transferir conhecimento e boas práticas às equipes das unidades adquiridas. Essa abordagem garantiu uma transição mais fluida e eficiente”, comentou o executivo.
Irizawa destacou que a comunicação foi um elemento central em todo o processo. A empresa adotou uma abordagem sistemática e repetitiva, garantindo que todos os envolvidos entendessem claramente suas funções e responsabilidades. “Essa clareza foi essencial para sincronizar as atividades e alinhar os times em quatro países diferentes.”
Outro aspecto crucial foi a logística. A Minerva Foods organizou previamente a distribuição de insumos sensíveis, como embalagens, garantindo um lead time de dois dias para entrega em qualquer planta. A empresa também preparou com antecedência a rotulagem e os croquis de embalagens, permitindo uma rápida adaptação às exigências de cada país. Segundo Irizawa, essa organização foi fundamental para evitar atrasos e garantir a continuidade das operações.
O executivo enfatizou ainda a importância de alinhar a cultura organizacional durante o processo de fusão. Ele destacou que a Minerva Foods buscou valorizar a história e os valores das empresas adquiridas, promovendo empatia e integração entre as equipes.
“Essa abordagem foi essencial para evitar choques culturais e garantir uma transição harmoniosa. A empresa incentivou seus colaboradores a se colocarem no lugar das equipes das plantas adquiridas, reconhecendo seus valores e histórias. Essa empatia foi fundamental para construir confiança e engajamento.”
Resultados, impactos no setor e lições aprendidas
O resultado foi um recorde no setor: a primeira planta integrada na Argentina iniciou suas operações apenas três dias após a aprovação regulatória, seguida pelas unidades no Rio Grande do Sul e, na semana seguinte, por todas as demais plantas. Esse feito não apenas garantiu a retomada rápida das operações, mas também reforçou a competitividade da Minerva Foods no mercado global. Irizawa destacou que ativar as operações rapidamente foi uma questão estratégica, pois atrasos poderiam comprometer o capital de giro e a competitividade da empresa.
Irizawa também compartilhou as lições aprendidas ao longo do processo. Ele explicou que a Minerva Foods incorporou aprendizados de aquisições anteriores, ajustando seu modelo de integração com base nas experiências acumuladas. “A empresa manteve uma postura aberta para aprender com as novas plantas, absorvendo conhecimentos e boas práticas que pudessem ser replicados em outras unidades”, finalizou.