A Fispal Tecnologia 2025 teve início nesta terça-feira (24), às 14h, com um painel de abertura que reuniu nomes de peso da indústria alimentícia para discutir o papel do Brasil na alimentação do mundo. Com o tema “Indústria Brasileira na Liderança: Alimentos Industrializados e Segurança Alimentar para Escalar a Alimentação Global”, o encontro marcou o tom da edição deste ano da feira ao abordar as dimensões da segurança alimentar e os desafios de escalar a produção com qualidade, sustentabilidade e responsabilidade.
A mesa foi mediada por Gisele Camargo, vice-diretora do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), e contou com Eduardo Berkovitz, presidente da Abief; Fernanda de Oliveira Martins, gerente sênior de advocacy em nutrição e saúde LATAM da Unilever; Marcel Sacco, chief growth officer global da BRF, e Sula Alves, diretora técnica da ABPA.
Logo na abertura, Gisele destacou que segurança alimentar não diz respeito apenas à quantidade de alimentos disponíveis, mas ao acesso regular e permanente a produtos de qualidade que não comprometam outras necessidades essenciais da população. Foi a partir dessa abordagem que os convidados reforçaram a relevância da industrialização dos alimentos como uma ferramenta de escala e controle.
Para Sula Alves, o Brasil ocupa uma posição estratégica no fornecimento de alimentos para diferentes mercados e tem se esforçado para manter condições de participação internacional com produtos processados de alto padrão. Marcel Sacco reforçou esse ponto ao lembrar que a BRF é hoje a maior exportadora mundial de carne de frango e uma das maiores em proteína animal.
“Nosso desafio como indústria é agregar valor, e isso passa por garantir qualidade e transparência. As marcas brasileiras, como Sadia e Perdigão, são exemplos de como é possível unir eficiência industrial à confiança do consumidor”, afirmou.
Na sequência, Fernanda Martins, da Unilever, abordou o papel da indústria na promoção da saúde pública e no combate à desinformação. Para ela, a industrialização é essencial tanto para preservar a qualidade nutricional quanto para garantir a segurança alimentar.
“O termo ‘aditivo’ é genérico e muitas vezes incompreendido. Um fermento usado numa receita de bolo é um aditivo. O glutamato, por exemplo, precisa ser discutido com base em evidência e não em preconceito”, defendeu.
Ela destacou ainda o movimento global por rótulos mais transparentes, conhecido como “clean label”, e a importância de incluir a população no debate sobre alimentos processados, valorizando a informação acessível como estratégia de educação alimentar. Sacco acrescentou que a indústria precisa abrir mais canais de comunicação com o consumidor para desmistificar o alimento industrializado e reforçar seu papel na segurança alimentar em escala.
Outro eixo da discussão tratou da sustentabilidade nos processos produtivos. Eduardo Berkovitz, representando a indústria de embalagens flexíveis, lembrou que as embalagens são parte indispensável da cadeia de alimentos, tanto por sua função de proteção quanto por viabilizarem a conservação e o transporte. A Abief, que responde por metade do mercado de embalagens no setor de alimentos, tem apostado em materiais mais simples, tecnologias de design circular e inovação para ampliar o índice de reciclagem.
“Não se trata de proibir ou negar o uso de plástico, mas de olhar para a cadeia como um todo. Circularidade, logística reversa e soluções regulatórias são essenciais para fazer a economia circular sair do papel”, afirmou. Para ele, reciclagem — seja ela mecânica ou química — é peça-chave para fechar o ciclo de produção e consumo de forma sustentável.
Fernanda completou dizendo que a Unilever já recicla, atualmente, mais embalagens do que produz, e que a meta agora é consolidar esse ciclo, investindo também em energias limpas e combate ao desperdício. “Segurança alimentar e sustentabilidade não são temas separados. Eles se entrelaçam. Produzir mais com menos impacto é o caminho para o futuro da alimentação”, declarou.
O painel encerrou com um chamado coletivo à corresponsabilidade: empresas, consumidores e governos precisam atuar juntos para garantir alimentos seguros, acessíveis e sustentáveis, em um sistema que funcione para todos. “O alimento precisa chegar às pessoas com segurança, qualidade e comodidade. São esses princípios que sustentam o protagonismo do Brasil na alimentação global”, concluiu Berkovitz.
Na programação do congresso, destaque para presença de Dado Schneider, Doutor em Comunicação pela PUC-RS e pesquisador de comportamento das novas gerações. Na quinta-feira, ele vai abordar em sua palestra “Como Liderar, Motivar e Reter as Novas Gerações”.
O Congresso da Fispal Tec segue até sexta-feira (27), no São Paulo Expo, reunindo especialistas, indústrias, pesquisadores e formuladores de políticas públicas em torno das principais tendências e desafios da cadeia de alimentos e bebidas no Brasil e no mundo.
Serviço
Data: 24 a 27 de junho de 2025
Local: São Paulo Expo
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo/SP
Horários: Terça a quinta-feira: 13h às 20h | Sexta-feira: 13h às 18h
Ingressos no site: www.fispaltecnologia.com.br