O food service mundial vive um ponto de inflexão. Em 2025, a previsão é que o setor alcance uma receita global de US$ 4,03 trilhões, de acordo com dados da Restroworks, refletindo não só a expansão do consumo fora do lar, mas também a intensificação da exigência do público sobre práticas ambientais, sociais e de governança (ESG).

O tema Sustainable Kitchens foi apontado como uma das principais tendências atuais pela Datassential, evidenciando essa mudança de mentalidade: operadores, indústrias e distribuidores precisam pensar além do prato. Da origem dos ingredientes à destinação das embalagens, transparência.

No centro desse movimento, ganham protagonismo iniciativas de rastreabilidade, fornecedores com certificação de bem-estar animal, produtos de agricultura regenerativa e a redução de carbono em toda a cadeia.

Segundo levantamento recente da Sodexo, 77% dos consumidores globais já preferem marcas e operadores que adotam práticas sustentáveis, e 61% dos gestores do foodservice afirmam que investir em ingredientes de origem ética é prioridade estratégica em 2025. Este cenário leva à busca por cadeias de suprimentos com comprovação de boas práticas, inclusive em auditorias externas.

A rastreabilidade se torna, dessa maneira, uma ferramenta de gestão de risco e reputação. Sistemas de blockchain estão sendo aplicados em multinacionais para garantir informações em tempo real sobre o trajeto dos insumos, minimizando fraudes, desperdícios e problemas sanitários. A adoção de rastreamento digital cresceu 32% entre grandes operadores norte-americanos apenas em 2024. Para o consumidor final, isso se traduz em confiança. Para as marcas, em valor agregado e diferencial competitivo.

A sustentabilidade avança também no front das embalagens: relatório recente da Datassential aponta que 67% dos consumidores já priorizam operadores que utilizam embalagem biodegradável ou compostável. Neste contexto, o food service tem sido laboratório para soluções inovadoras, de recipientes feitos de fibras naturais a utensílios comestíveis, até programas de logística reversa.

As grandes redes estão incorporando metas públicas de redução de resíduos, atentas tanto à pressão do consumidor quanto à regulação iminente em mercados maduros, como União Europeia e Estados Unidos. É questão de (pouco) tempo até que adentre o mercado brasileiro.

E vale notar que a pressão por responsabilidade social e ambiental impacta resultados financeiros. A própria Sodexo, por exemplo, relatou aumento de 23% na fidelização de clientes após a adoção de protocolos ESG auditáveis em suas operações.

Crescimento sustentável e ética na cadeia de suprimentos não são mais diferenciais para o food service: são alicerces do negócio moderno para a construção de relações de confiança e fidelização.