O painel “Estratégias de Gestão - Inovações para alcançar eficiência, produtividade e agilidade dentro dos processos industriais” deu início à Arena FispalTec, congresso da Fispal Tecnologia.
O evento promove discussões e apresentações para estimular inovações que possam transformar processos nas indústrias de alimentos e bebidas e inspirar novos comportamentos de consumo. Com 3 dias de realização, a Arena Fispal Tec teve seu primeiro dia voltado a Inovação e Tecnologia industrial.
Abrindo a rodada de discussões, uma mesa redonda foi composta para discutir estratégias de gestão e as inovações necessárias para alcançar eficiência, produtividade e agilidade dentro dos processos industriais.
Para o debate, foram convidados Gileno Correia, Diretor Industrial da Solar Coca-Cola; Luiz Noda, Head de Operações da Dori Alimentos; Charles Giovanella, Diretor Executivo da Uniti Soluções para Envase; e Marcelo Jodar, Gerente Executivo de Vendas da Festo. A moderação ficou a cargo de Magno Yamaguchi, GPM e Sócio da Falconi.
Yamaguchi iniciou a conversa provocando os convidados ao lembrar que inovar não é inventar, mas sim agregar valor a produtos e serviços, e levantou a questão da dualidade entre presente e futuro e entre inovação e distração.
Nesse contexto, Correia trouxe um dado que mostra que 70% dos projetos-piloto desenvolvidos pelas empresas não passam disso: pilotos. Para ele, as empresas que estão se “distraindo” quando se fala em inovar estão deixando de lado cinco fatores fundamentais para a inovação: cultura empresarial, apoio da alta liderança, capacitação, foco e integração entre sistemas.
Na opinião de Noda, as empresas devem ter em mente que inovação não é apenas valiosa quando direcionada a produtos. “Inovar em processos traz resultados muito mais rápidos.”
Mas, para inovar, é preciso criar e estimular uma cultura voltada à inovação. E isso, na opinião de Giovanella, pode e deve ser feito por empresas de qualquer porte, não sendo algo restrito a grandes corporações
Direcionamento estratégico
Outro tópico do debate levantado por Yamaguchi foi em relação à tese de inovação, que deve servir como direcionamento estratégico para a operação da inovação, e como desenvolvê-la nas empresas por meio de parcerias. Para Jodar, contar com parceiros estratégicos é fundamental, com as equipes do cliente e do fornecedor atuando juntas em busca de soluções inovadoras.
Nessa linha, foi discutida ainda a questão do engajamento dos profissionais e a retenção de talentos nas empresas e como enfrentar o desafio da escassez de conhecimento e habilidades que é uma realidade em muitos setores.
“Para atrair profissionais qualificados é preciso proporcionar um ambiente que ofereça flexibilidade e autonomia. Para retê-los, eu aposto em programas como 5S ou melhoria contínua, que fazem com que os colaboradores interajam entre si”, disse Giovanella. Em relação às habilidades que se espera de um profissional, ele destacou três que considera fundamentais: foco, resiliência e persistência. No entanto, são ainda pouco vistas.
Noda ressaltou que as empresas precisam desenvolver processos quando desejam inovar para que todas as ideias possam ser cadastradas. “Dessa forma, priorizamos as sugestões que irão agregar valor ou resolver uma dor da empresa, e o resultado virá mais rápido. Um processo bem implementado faz com que todos se sintam mais estimulados a contribuir.”
Inovações em processos vs inovações em produtos
Luiz Noda, Head de Operações da Dori Alimentos, ressaltou que as inovações em processos são mais rápidas do que as inovações em produtos. Marcelo Jodar, Gerente Executivo de Vendas da Festo, destacou a importância do mapeamento de processos para a inovação. “Isso não vale só para grandes corporações, mas para negócios de qualquer porte. Nós temos 60 colaboradores e possuímos uma área de Métodos e Processos. Isso não é distração, é investimento puro, que traz muito retorno”, afirmou.
Os participantes também discutiram o desafio da inovação em um cenário de escassez de mão de obra altamente qualificada e alinhada com os desafios da Indústria 4.0. Charles Giovanella, Diretor Executivo da Uniti Soluções para Envase, comentou sobre a importância de as empresas terem ambientes flexíveis e programas que trabalhem o clima organizacional. “As máquinas e equipamentos trazem eficiência, mas, no final do dia, quem faz as inovações são as pessoas. O motor da inteligência artificial é o ser humano. Por isso, é importante as companhias terem ambientes mais flexíveis e programas que trabalhem o clima organizacional. Até os programas simples são oportunos”, comentou o executivo.
Transformação digital
Gileno Correia, diretor industrial da Solar Coca-Cola, discutiu as dificuldades das empresas em inovar, usando como exemplo os processos de transformação digital. Ele observou que cerca de 70% dos projetos-piloto não avança e 90% das empresas não obtêm o retorno esperado em seus casos de negócio.
Correia identificou cinco fatores que contribuem para essas dificuldades: “Primeiro, a ausência de cultura: a empresa tem de ter a inovação como valor intrínseco. Depois, o baixo envolvimento das altas lideranças. Em terceiro lugar, a falta de capacitação. Em quarto ponto, o foco. As empresas precisam alocar dinheiro e energia onde sentem dor, não copiar ou fazer algo por achar moderno. Por último, é fundamental a integração dos modelos e processos da empresa aos métodos de inovação”, concluiu.
Fábrica inteligente: quais os desafios
Ricardo Rebouças, Gerente Corporativo de Arquitetura de TI e Inovações da M. Dias Branco, trouxe para a Arena Fispal Tec o case da empresa rumo à fábrica inteligente.
A jornada de transformação digital na M. Dias Branco começou em 2020, quando a alta direção da empresa decidiu que era preciso investir em tecnologia. Depois de mapear algumas necessidades básicas que precisavam ser atendidas para que esse processo evoluísse, foi criado o Projeto Simplifique, onde foi implementado um novo ERP (Sistema de Gestão Empresarial) de última geração, utilizando as melhores práticas de processo mundial, com maior controle e rastreabilidade e com uma arquitetura em nuvem que permitisse acelerar o crescimento orgânico e inorgânico.
A implementação do Projeto envolveu mais de 700 profissionais em diversas fases, desde o planejamento, desenvolvimento e gestão de mudanças. “Um marco do Projeto Simplifique foi manter a customização do sistema em apenas 7%, evidenciando nossa adesão às melhores práticas e nossa eficiência na implementação. Tudo isso garantiu uma transição suave para o novo ERP que foi confirmada quando, em apenas 15 dias após o Go Live, todas as unidades fabris, de distribuição e comerciais estavam operando sem interrupções”, contou Rebouças.
Em relação à capacitação dos colaboradores para que o Projeto tivesse sucesso foram treinadas 1.410 turmas que resultaram em 16.643 participações em todas as unidades. Este processo garantiu que as equipes estivessem preparadas para a transição, minimizando interrupções e maximizando a adoção do novo sistema.
A Arena FispalTec segue com sua programação diversa. Dia 19, será a vez de discussões sobre embalagem, comunicação e e-commerce; no dia 20, especialistas da indústria de alimentos e bebidas se reúnem para discutir sobre o ESG na prática para este mercado.
Você pode garantir o seu ingresso no site oficial da Fispal Tecnologia.