O frango é uma das proteínas mais presentes no prato dos brasileiros: acessível, versátil e nutritivo. Mas com a popularidade, surgem dúvidas: será que o frango industrial tem hormônio? Existe mesmo hormônio no frango de granja ou tudo não passa de um mito?

A seguir, vamos esclarecer a verdade sobre hormônio no frango, mostrar o que é permitido por lei, como funciona a fiscalização e por que esse tema ainda gera tanta confusão.

A carne de frango tem ou não tem hormônio?

Não, a criação de frango no Brasil não utiliza hormônios. O uso dessas substâncias para estimular o crescimento é proibido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 

Essa proibição está expressa na Instrução Normativa nº 17/2004, que veta a administração de hormônios e substâncias beta-agonistas na alimentação e produção de aves, visando proteger a saúde humana e animal.

Além disso, o controle vai além da produção: o Decreto nº 76.986/1976, que regulamenta a Lei nº 6.198/1974, define regras para a inspeção e fiscalização de produtos destinados à alimentação animal, como rações, suplementos e aditivos. 

A medida assegura a qualidade dos insumos utilizados na criação e reforça a segurança dos alimentos que chegam ao consumidor.

O próprio governo federal, por meio do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC/Animal), monitora continuamente a carne de frango. São feitas coletas e análises laboratoriais de amostras semanais.

Nos últimos anos, nenhum resíduo de hormônio foi detectado, o que reforça a confiabilidade da produção brasileira.

Essa imagem pode ser erroneamente associada ao mito de que frangos recebem hormônios para crescer mais rápido.

Por que se acredita que o frango é “cheio de hormônio” 

A ideia de que existe hormônio na carne do frango ainda é bastante comum — e, na verdade, nasceu há décadas. 

Nas décadas de 1930 e 1940, com a modernização dos aviários e a introdução da criação intensiva de frangos, muitas pessoas passaram a desconfiar do rápido crescimento das aves. Afinal, como um frango de granja poderia estar pronto para o abate em apenas 45 dias?

Esse tempo curto até o abate fez com que parte da população acreditasse no uso de substâncias para acelerar o crescimento. O que muitos não sabem é que o desenvolvimento mais rápido dos frangos veio do investimento contínuo em tecnologia, nutrição balanceada, controle ambiental e melhoramento genético.

São esses fatores — e não substâncias proibidas na pecuária — que explicam o desempenho atual da avicultura.

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Além disso, o uso de hormônios seria ineficaz nesse contexto: o tempo de vida das aves não permitiria que qualquer substância com ação hormonal tivesse efeito. Ou seja, além de proibido, esse tipo de prática não faria sentido técnico nem econômico.

Então como o frango cresce tão rápido?

Se hormônio no frango de granja não é real, o que explica um crescimento tão acelerado? A resposta está na combinação entre melhoramento genético, nutrição balanceada e ambientes controlados, aliados a tecnologias de manejo cada vez mais precisas.

Nas últimas décadas, a indústria avícola investiu fortemente em genética. A seleção das aves passou a priorizar características como ganho de peso, resistência a doenças e eficiência alimentar. Isso resultou em linhagens mais produtivas, capazes de converter ração em massa muscular com mais rapidez — sem o uso de carne de frango com hormônio.

Outro pilar está na alimentação. Os frangos recebem uma dieta formulada com precisão, composta por grãos como milho e soja, vitaminas, minerais e aditivos autorizados por lei. 

Esse cuidado com a nutrição permite que as aves atinjam o peso de abate com qualidade e segurança, reforçando a produção de frango sem hormônio como uma prática consolidada no setor.

O uso de hormônios em frangos ou galinhas é proibido por lei no Brasil e considerado inviável tecnicamente e economicamente.

O crescimento rápido das aves de corte e a alta produtividade das poedeiras são resultado de melhoramento genético, nutrição balanceada e manejo adequado — não da aplicação de hormônios.

Além disso, os galpões modernos contam com ventilação automatizada, controle de temperatura e umidade, iluminação ajustada e acompanhamento constante da saúde animal. Todo esse conjunto tecnológico favorece o bem-estar das aves e otimiza o crescimento.

Esse avanço na criação intensiva de frangos, somado à fiscalização do uso de hormônios em frangos, garante que o alimento chegue à mesa com segurança e dentro dos padrões exigidos por órgãos nacionais e internacionais. 

Por isso, a verdade sobre hormônio no frango não está em fórmulas mágicas, mas na ciência aplicada à produção de proteína animal.

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O que é injetado no frango industrializado?

Quando o assunto é frango industrial, muita gente ainda se pergunta o que exatamente é adicionado à carne antes de chegar ao supermercado. A dúvida é válida — e a resposta envolve entender a diferença entre aditivos alimentares permitidos e substâncias proibidas na pecuária.

Na etapa de industrialização, algumas empresas utilizam processos de injeção de soluções com salmoura, que pode conter água, sal, fosfatos, antioxidantes e conservantes. 

Esses ingredientes têm como função realçar sabor, melhorar a textura e aumentar a durabilidade da carne. Tudo isso é regulamentado pela Anvisa e deve estar descrito no rótulo como “frango temperado” ou “marinado”.

Esses aditivos permitidos seguem limites técnicos específicos e não oferecem riscos à saúde quando usados corretamente. São muito diferentes de hormônio na carne do frango, que continua proibido e monitorado por órgãos como o MAPA e o PNCRC.

A imagem mostra uma linha de produção em frigorífico, onde trabalhadores com roupas de proteção, toucas, máscaras e luvas manipulam cortes de carne — possivelmente carne de frango — em um ambiente controlado e higienizado. Esse cenário representa a etapa de processamento industrial da carne, comum em empresas do setor alimentício.

Já as substâncias proibidas, como hormônios e antibióticos usados como promotores de crescimento, não podem ser utilizadas em nenhuma etapa: nem na criação, nem no processamento. 

A legislação brasileira é bastante rigorosa nesse ponto, justamente para garantir a segurança alimentar no Brasil e manter o país entre os maiores exportadores de carne de frango do mundo.

Portanto, quando falamos sobre o que é “injetado” no frango, é importante distinguir entre técnicas industriais permitidas e mitos. A carne de frango com hormônio não faz parte da equação. O que se injeta, quando ocorre, são ingredientes aprovados, com finalidade tecnológica e declarados no rótulo.