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Biomas brasileiros na indústria de alimentos: tendência veio pra ficar

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Com inovação e pesquisa, ingredientes nativos como a castanha do Brasil, o cupuaçu, o jambu e a erva mate ganham novas aplicabilidades na indústria

Vira e mexe a indústria se propõe a inovar. Investe em tecnologia de ponta e se dispõe a importar ingredientes variados de qualquer lugar do mundo para agradar o consumidor mais exigente e sedento por novidades. Mas a inovação pode estar muito mais perto do que se imagina. Para expositores e palestrantes da Food ingredients South America 2023, ficou claro que a oportunidade de ouro está nos biomas brasileiros. 

Esses conjuntos de ambientes que abrigam diferentes tipos de vegetação e de fauna, são riquíssimos e viram uma espécie de “mercado natural” para um produtor mais curioso, disposto a investir em pesquisa ou que simplesmente está atento às exigências de quem busca ver nas prateleiras ingredientes saudáveis, sustentáveis e com aquela pitada de novidade. Basta saber usá-los.

Atenta a isso, a Concepta Ingredients, que há mais de 20 anos trabalha com ingredientes naturais brasileiros, passou, de dois anos para cá, a focar mais em biomas diferentes. “A gente trabalha com produtos amazônicos, mas não quis ficar preso à amazônia em si. Temos outras inovações obtidas de outros biomas como cerrado, caatinga e a própria mata atlântica. Esse é o nosso valor, a gente traz a expertise dos biomas em qualidade industrial com escala, porque é o mais difícil”, observa Andre Sabará, diretor comercial da marca. 

É a empresa que fornece o óleos de licuri, de açaí, de maracujá, que podem ser usados na panificação, por exemplo; a manteiga de cupuaçu orgânica, com aplicabilidade semelhante à da manteiga tradicional em receitas; e a manteiga vegetal produzida com ingredientes como cacau, cupuaçu e coco. Entre os clientes da Concepta, uma das expositoras da FiSA, está a Mãe Terra, além de empresas do ramo de suplementos alimentares.

Para a feira, a empresa preparou o lançamento de dois produtos para a linha Arboreto, cujo foco é em ingredientes da biodiversidade: a Castanha do Brasil Quebrada e a Farinha de Babaçu. A primeira, de sabor amanteigado, é ideal para a aplicação em pães, bolos, cereais, finalização de pratos, sorvetes, saladas e molhos. A farinha de babaçu, por sua vez, é um pó fino de coloração creme a castanho-avermelhada, ideal para a aplicação em pães, bolos, cereais, frituras e doces.

Já a Aunare, outra expositora da FiSA, levou à feira o extrato de jambu, da amazônia, como a inovação da vez. O chamado JambNare tem benefícios variados. Serve como analgésico, anti-inflamatório, inseticida, miorrelaxante e analgésico local, e suas aplicabilidades são também diversificadas.

“O extrato de jambu pode ser usado em produtos eróticos, mas também tem outras aplicações: na indústria farmacêutica como analgésico natural; na de apiários como umidificador de garganta junto com mel e própolis. Já nos cosméticos, funcionam como miorrelaxante facial, como a linha Natura Chronos, por exemplo, utiliza”, lista Natália Zampieri, gerente de healthcare da empresa.

Desafios de inovar com biomas

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Apesar de a ideia de investir nos ingredientes brasileiros dar brilho nos olhos, descobrir novas aplicabilidades e até mesmo os benefícios nutricionais por trás de um alimento nativo ainda tem o fomento à pesquisa como uma barreira.

“Pesquisa é caro no Brasil. Então isso dificulta o desenvolvimento de novos produtos. É mais fácil deixar os biomas de lado e explorar o que já tem lá fora, com dados disponíveis. É essa a mentalidade por que a empresa está visando o lucro. A empresa tem que visar lucro, claro, mas ela tem que fazer isso de uma maneira inteligente porque é muito mais barato, inclusive, pegar um produto que é do Brasil do que importar”, argumenta Livia Bernardes, Supervisora de Projetos e Tecnologia do Senai São Paulo.

No entanto, quando há investimento em pesquisa, o resultado pode ser surpreendente. Livia defende que o brasileiro já tem em seu DNA o jeitinho do conhecimento empírico, baseado no aproveitamento, com receitas caseiras de vó, como a aplicação de babosa no cabelo para hidratar os fios, por exemplo. As pesquisas, então, surgem nesse cenário para explicar aquilo que nós já víamos acontecer — só não sabíamos o porquê.

Foi com essa intenção que Ariana Maia, CEO da Inovamate, apostou na "ilex paraguariensis" – a mesma do chimarrão e do mate carioca. Segundo ela, que foi uma das convidadas do Women's Networking Breakfast, a empresa surgiu com a ideia de apresentar a erva mate além da cuia e extrair todas as potencialidades da erva rica em antioxidantes, compostos fenólicos, vitaminas, minerais, metilxantinas e flavonóides.  

"Queríamos mostrar novas possibilidades enquanto ingrediente da biodiversidade, como uma planta nativa da mata atlântica", destaca a carioca, que há 16 anos vive no município de Ilópolis, no Rio Grande do Sul, onde desenvolve seus trabalhos em torno do vegetal tão tradicional e tão consumido no sul.

Agora, a empresa foi contemplada com um projeto de pesquisa sobre utilização da erva-mate, tanto os frutos quanto as folhas, no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e quer utilizar o fruto da erva-mate para a produção de um destilado.

 

LEIA MAIS

  1. [Ebook] Food ingredients South America 2023: Panorama do mercado de ingredientes no Brasil e as tendências no segmento
  2. Erva mate: Transformando um produto milenar para o consumidor moderno
  3. Como a indústria recria alimentos, da carne ao suco de laranja
  4. Tendências em ingredientes alternativos: substitutos para atender vegetarianos, veganos e restrições alimentares
  5. Inovação na indústria de alimentos: conheça os vencedores do Fi Awards
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